Eu não sabia como reagir a aquele momento. Era como se tudo aquilo fosse apenas um mero sonho. Eu não sabia se eu mostrava a ela o que eu realmente estava sentindo ou se eu simplesmente fingiria e mentiria na cara dura. Eu estava tão confuso, afinal ela era a minha mãe, sangue do meu sangue. Meu coração se apertava a cada instante que eu a olhava. Era como se eu tivesse retornado ao passado e aberto uma ferida da qual eu havia me privado de sentir a muito tempo.
Sem saber ao certo o que fazer, eu simplesmente pensei em Scroll e na sua história com o seu pai. Eu não poderia ser como ele. Eu não poderia deixá-la no escuro, pois por ela eu seria capaz de tudo, e é exatamente por isso que eu tenho que saber mais do que qualquer outra coisa, se ainda há esperança nela. Porque se não houver, eu não poderei ser a luz que a guiará para fora deste lugar maldito e profano, cheio de pessoas maldosas e com segundas intenções.
Antes que eu pudesse me pronunciar ou dizer qualquer coisa o Comandante Charlie apareceu angustiado na porta daquela sala, porém quando me viu, o seu estado de angústia sumiu dando um lugar a um homem totalmente controlado e confiante.
-Com licença General. Que bom que a senhora o achou. -Charlie disse aliviado entrando na sala.
-Você o conhece? Sabe a unidade a qual ele pertence? -Ela o perguntou sem sequer retirar o seu olhar sobre mim.
-Bom, ele não é de nenhuma unidade. Ele é aquele prisioneiro que eu havia citado, lembra-se? Aquele que eu disse que precisava de uma grande lição.
-Claro que eu me lembro Comandante. Porém eu fui informada que ele havia sido preso na caixa junto com os outros. -Ela disse severamente.
-Sim ele foi, mas acontece que... -E antes que o Comandante Charlie pudesse terminar eu o interrompi.
-Eu fugi! -Eu disse a fazendo soltar um sorriso sarcástico.
-Que interessante! Charlie mande os seus guardas pegarem ele e o escoltarem até a minha sala de interrogatório.
-Sim senhora. -Charlie disse fazendo referência a ela. -Guardas peguem-no e o levem para a sala Quatro, ou como costumamos dizer a sala do juízo final.
Assim que o Comandante Charlie terminou de ordenar para os seus homens me escoltarem, eu a vejo me encarando mais uma vez, porém desta vez, era como se ela me analisasse. O que me fez ficar bem intrigado, afinal eu mal poderia esperar por esse interrogatório.
Na sala entraram sete guardas, um após o outro. Um deles retirava de minha cintura a arma de choque, enquanto outros dois me algemaram. Um deles algemou as minhas mãos e outro as minhas pernas, de tal forma que quando terminassem iriam interligar-las a uma corrente.
Quando eles terminaram de me algemar eu notei que o resto dos guardas apenas me observavam atentamente, como se eu fosse tolo o suficiente para tentar algo. Eles me guiaram até a sala Quatro do navio.
Assim que eu entrei na sala quatro, eu vi que ela possuía na parede do fundo vários tipos de utensílios de tortura pendurados. Além disso, na parede ao lado da porta, aparentemente a direita, continha um vidro temperado, e ao contrário de todos os outros, a cor do vidro era preta. A minha frente havia duas cadeiras de metal, uma de frente para outra.
Os guardas me empurraram para a cadeira que ficava de costas para os utensílios de tortura e de frente para o vidro negro ao qual eu poderia jurar que só estava ali, para que os outros na sala ao lado assistissem ao meu "Juízo Final", como o Comandante Charlie havia dito.
Assim que eu me sentei na cadeira a qual eu fui destinado, eles algemaram os meus pés e as minhas mãos a cadeira. Depois disso se retiraram da sala, me deixando lá durante alguns minutos, até a porta se abrir novamente, revelando nada mais, nada menos, do que a minha querida mãe.
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Paradoxo
General FictionO tempo é uma coisa perigosa, uma coisa pela qual não sabemos lidar, mas ele terá que aceitar que é o único que pode mudar isso. Aquele que caça pela necessidade, mata pelo desespero e luta para voltar, é o único que sobrevive ao Paradoxo Temporal e...