4° Você não vai voltar.

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Henrique

[...]

" - Eu já disse para você esquecer isso Henrique! Mas que droga! - Gritou ela.

- Esquecer? Como você me diz para esquecer isso? Acha que eu não sei quais são as intenções dele? Você está o defendendo! - Gritei de volta tirando os olhos da estrada por alguns estantes, sentia a raiva queimando em minha garganta e meus dedos já estavam esbranquiçados de tanto que eu apertava o volante.

- Eu não estou o defendendo Henrique! Por Deus! Você sabia as minhas condições quando a gente ficou junto!

- Chega! Chega! Eu não quero mais ouvir! Você é uma mentirosa! Me enganou esse tempo todo dizendo que me amava, hoje me mostrou tudo o que eu temia acontecer!

- Quer saber? Eu não vou ficar me humilhando! Hoje eu vi quem você realmente é Henrique"

[...]

Acordei sobressaltado na cama e acendi o abajur ainda ofegante, respirei fundo tentando manter a calma, foi só mais um pesadelo, só um pesadelo.

Levei minhas mãos a cabeça e senti minha testa molhada de suor, respirei fundo e tentei controlar minha respiração. Por um momento eu achei que estava revivendo aquele dia horroroso novamente.

Me levantei e fui tomar um banho, minha pele estava grudando e a sensação ruim ainda estava presente em meu estômago. Lembrava - me exatamente de como tudo aconteceu naquele maldito dia, e o pior de toda aquela memória era lembrar do rosto dela, daqueles cabelos castanhos quase negros molhados por conta da chuva, seus olhos brilhando junto com as luzes dos faróis dos carros e o pior de tudo, lembrava - me dê quando eu escutei sua voz pela última vez. E era tudo culpa minha.

Quando me troquei já estava amanhecendo e eu já podia ouvir do outro lado da porta alguns passos apressados, respirei fundo e sai.

- Bom dia! - Disse minha irmã assim que apareci na cozinha.

- Está acordado já a essa hora? Chegou tão tarde ontem que achei que dormiria até depois do meio dia. - Disse ela preparando algum tipo de lanche com fatias de pão.

- Eu não consegui dormir. - Declarei.

- Rick, ainda sobre ontem...- Minha irmã largou as fatias de pão e se aproximou soltando um suspiro.

- Você chegou bêbado em casa. - Disse ela quase sussurrando. Revirei os olhos.

- Não vem com essa de revirar os olhos, você chegou ontem aqui fazendo o maior barulho! Se você tivesse...

- "Se" o que não aconteceu. Pode parar de se intrometer na minha vida agora? - Questionei.

- Você está na minha casa e agradeceria se você tivesse um pouco mais de respeito! - Exclamou. Dei de costas indo me sentar no sofá. Bufando ela voltou a cozinha.

- Espero que saiba que se aprontar uma o combinado era você ir embora, e não vem com papinho de que é meu irmão que não vai colar, eu não sou sua babá Henrique. - Disse ela. Irritado eu me levantei e sai, não eram nem oito da manhã e minha irmã ja estava enchendo minha cabeça, eu estava prestes a explodir e sair dali era a melhor opção.

Peguei um táxi e fui em direção a casa do meu pai, onde por incrível que pareça ainda tinha minha senha gravada para entrar. Um calafrio percorreu minha espinha quando avistei a mansão, lembrava dela em todo lugar daquele jardim, daquela sala, daquela casa, e saber que eu nunca mais escutaria sua voz por entre aqueles corredores só fazia com que minha vontade de ir embora pra longe ficasse ainda mais forte.

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