Ao Seu Lado

8° Você fez merda

Henrique

- Você só tem quatro malas! Dá onde essas duas saíram? - Questionou Hugo ajudando - me a colocar minhas coisas no porta malas de seu carro.

- Peguei mais algumas roupas na casa do meu pai. - Declarei colocando a última mala com muito esforço dentro do carro.

- Acho que acabamos. - Disse meu cunhado limpando o suor de sua testa.

Uma semana atrás, Helena apareceu em meu quarto com duas garrafas de vodka vazias e não estava muito feliz ao me ver. Acabamos tendo uma pequena briga e minha irmã praticamente me expulsou de sua casa, agora, eu estava indo em direção ao apartamento que ela arranjara para mim.

[...]

Era uma manhã de sábado e as batidas na porta pareciam marteladas em minha cabeça, custou para que eu abrisse os meus olhos e me levantasse, com um resmungo eu abri a porta.

- O que significa isso? - Helena estava do lado de fora erguendo duas garrafas de vodka vazias a minha frente. Repreendi um gemido.

- Por Deus Henrique! Que cheiro é esse? - Disse ela fazendo uma careta e se aproximando de mim, se afastando rapidamente depois.

- Você está fedendo! - Disse ela se afastando com uma careta colocando as garrafas no chão. Fechei os olhos me encostando no batente da porta, ainda sentia minha cabeça girar.

- Deus! Quantas vezes eu já pedi para você parar de beber? - Helena levou as mãos ao rosto respirando fundo.

- Eu não bebi. - Minha voz saiu arrastada.

- Não? Você fede a álcool, tem olheiras em seus olhos, não está falando direito e nem consegue se manter em pé! Ainda tem coragem de dizer que não bebeu? Você é inacreditável! - Gritou ela.

- Desculpe. - Declarei sentindo minhas pálpebras pesadas, Helena soltou um longo suspiro.

- Henrique, já pensou se meu filho te encontra nesse estado? Ele está adorando a ideia de ter finalmente um tio! O que ele pensaria se te visse assim?! Qual é o seu problema porra?! - Helena continuo gritando, na minha cabeça tudo chegava mais alto e a careta foi inevitável. Eu queria dizer alguma coisa, eu queria me explicar, mas parecia impossível que eu completasse uma frase, esperei Helena se acalmar.

- Não vai dar mais. Não posso te manter aqui. - Disse ela. Meu coração pulou no peito.

- Eu não tenho para onde ir Helena.
- Eu disse quase num sussurro. Mesmo com a visão turva pude ver as lágrimas se aglomerando em seus olhos.

- Henrique você tem um cargo na empresa do pai esperando por você, tem uma casa muito melhor do que essa merda de quarto, e você vem me dizer que não tem para onde ir? Como pode dizer uma coisa dessas?! Que merda! Todo mundo já está cansado de fingir sorrisos para você! - Exclamou ela totalmente em fúria. Engoli a seco, um tapa na cara teria sido menos pior.

- Você está acabando com a sua própria vida. - Disse ela me lançando um olhar digno de pena.

- Minha vida acabou a muito tempo. - Consegui dizer com convicção. Helena fechou os olhos respirando fundo.

- Você deveria agradecer por estar vivo Henrique, podia estar de baixo da terra uma hora dessas! Você teve uma segunda chance e esta a desperdiçando, muitas pessoas fariam de tudo para ter um segunda chance como a sua! - Exclamou e me deu as costas. Soltei um suspiro.

- Helena. - A chamei, minha irmã virou - se para me encarar com os olhos marejados.

- Não posso voltar pra lá. - Eu disse. Helena ficou me encarando por alguns estantes e logo depois soltou o ar que prendia em seus pulmões, limpando uma lágrima que escorreu.