9° Você?

3.5K 226 4
                                        

Bianca

Estava tendo um lindo sonho onde eu tomava sol na beira do mar, uma bela vista das ondas quebrando na areia, água de coco ao meu dispôr e o som dos pássaros cantando... Então, estranhamente o som dos pássaros começaram a se transformar em marteladas cada vez mais e mais altas, mais irritantes, parecia que alguém batia com a minha cabeça na parede com força, e então eu abri os olhos perdendo a praia de vista.

Me levantei da cama um pouco confusa com uma ligeira dor de cabeça pelo despertar repentino do sono. Imaginava o que estava acontecendo, segundos depois obtive minha resposta.

As marteladas vinham da parede ao lado, justo a parede em que minha cama estava encostada.
Não me lembrava de ter um vizinho barulhento ao meu lado, exceto Sebastian que a uma hora dessas estaria fazendo sua corrida matinal, e além disso, ele não seria idiota de bater um martelo as oito da manhã. Peguei o interfone e disquei o número da portaria rapidamente, senhor Antônio me atendeu de prontidão.

- Pois não? - Perguntou ele.

- Seu Antônio? Oi! sou eu Bianca do 56, pode me dizer se tem alguém morando no apartamento ao meu lado? No número...hmmm...57? - Questionei. Ouvi o senhor do outro lado da linha folhear alguma coisa, provavelmente um caderno de registros.

- Olha Bianca pelo que eu saiba o morador acabou de se mudar. - Disse o senhor Antônio calmamente pelo telefone.

- Sei... E tem como falar para o novo morador que ele precisa fazer menos barulho? São oito da manhã Sr. Antônio, está nas regras que esse tipo de barulho só é permitido depois das onze! - Declarei.

- Vou ver o que posso fazer Senhorita Bianca. - Disse ele.

- Obrigada. - Eu disse calma e desliguei o telefone.

Voltei a me deitar esperando que seu Antônio resolvesse o problema, porém depois de incríveis minutos de silêncio o barulho voltou.

- Ah qual é! - Exclamei me levantando novamente. O interfone tocou. Xingando eu atendi.

- O que é? - Questionei.

- Sou eu Bianca. - Disse Sr. Antônio calmamente.

- Fala Sr. Antônio. - Declarei soltando um suspiro.

- Eu liguei para o morador do apartamento ao lado e ele disse que não vai mais fazer barulho.- Disse ele.

- Sei, sei, eu estou ouvindo mesmo o silêncio do martelo na minha parede. - Declarei e desliguei o telefone. Seu Antonio não resolveria nada, o velho era mais calmo do que uma tartaruga. Eu resolveria isso sozinha.

Enquanto eu estava tirando meu pijama, um barulho alto de algo sendo arrastado me fez pular com o susto. O que ela ou ele, tanto fazia naquele apartamento? Peguei minha vassoura e bati na parede esperando que fizesse algum efeito, foi em vão. Respirei fundo, eu não ia me estressar por causa de um barulhinho chato, respirei mais uma vez, eu me negava ficar estressada por isso. Eu iria lá e conversaria civilizadamente com meu novo vizinho.

Então, o barulho do martelo voltou, e irritadissima decidi que minha conversa não seria mais tão civilizada assim, qual é? A pessoa não tem noção? Bater martelo as oito da manhã?

Sai de casa já estressada. Com tantas coisas boas acontecendo na minha vida é claro que eu me estressaria por conta de um barulho! Nem namorado eu tinha mais, nenhuma empresa que eu havia me candidatado havia retornado, e eu já havia gasto todo o meu dinheiro nas despesas. Pelo menos umas horas de sono eu merecia não?

Ao chegar na porta do apartamento de meu vizinho, toquei incessávelmente a campainha e esperei, a porta logo se abriu.
Quando eu já tinha todo um discurso pronto para vomitar na cara de quem quer que fosse o novo morador, um emaranhado conhecido de cabelos loiros me tirou a fala, e assim que seu corpo todo apareceu eu perdi o fôlego. Ah não.

Ao Seu LadoOnde histórias criam vida. Descubra agora