72° O Plano.

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Bianca

- Pode me deixar sozinha? - Perguntei depois de um tempo no quarto em silêncio com Henrique, acho que ele
concordava que não tinha palavras que expressasse o que havia acontecido e o que estávamos sentindo, então o silêncio era a melhor coisa a se fazer agora.

Henrique me encarou com preocupação.

- Tem certeza? - Perguntou.

- Sim Henrique, por favor só meu deixa sozinha. - Eu disse desviando o olhar.

- Quer que chame alguém? Helena ou Sebastian? - Perguntou. E era perceptível sua preocupação em me deixar sozinha, mas se ele ficasse eu nunca poderia fazer o que precisava ser feito. Meu silêncio disse por todas as palavras, e Henrique entendeu.

- Tudo bem, tudo bem. Qualquer coisa, estarei la fora. - Disse ele levantando - se da poltrona.

- Na verdade, você pode buscar algumas roupas? Não tenho o que vestir quando sair de alta. - Eu disse. Henrique assentiu e veio em minha direção e depositou um beijo em minha testa, com um breve sorriso saiu do quarto e foi embora, com a expressão mais triste que eu ja tivera visto em seu olhar.

Suspirei fechando os olhos. Eu não podia acreditar que eu estaca vivendo aquilo, onde isso iria parar? Eu ja perdi tudo e mais um pouco por conta dessa confusão e a dor que eu sentia por tudo isso dilacerava meu peito.
A preocupação com os meus pais me deixava aflita e enjoada, a sensação de perda me engolia em uma tristeza que parecia sem fim, eu suplicava para que nada disso estivesse acontecendo, que eu tivesse cinco minutos de sossego sem que em sequência algo ruim acontecesse. E naqueles breves minutos em que eu estava sozinha o choro apertou a garganta e eu não conti as lágrimas soluçando alto pelo quarto, não me importando quem estivesse ouvindo, achei que eu nunca pudesse sentir uma dor tão grande quanto aquela que me atingia. Por alguns instantes eu tive a realização de um sonho bem ali na minha frente, e de repente ali estava eu vendo tudo escorrer por entre os dedos novamente, e derramando em lagrimas toda minha revolta com a vida. O que eu faria agora? Meus pais ficariam bem? Eu ficaria bem? Minha vida um dia seria normal? Eu teria pelo menos uma vez na vida alguma felicidade que não fosse momentânea?

- Senhorita Emills? - Perguntou uma enfermeira batendo na porta e adentrando o quarto me tirando com um susto do meu momento de autopiedade. Segurei o choro e limpei as lagrimas com as mãos, mas eu sabia que pela cara de pena da mulher eu deveria estar um completo horror.

- Como você esta? Precisa de algo? - Perguntou. Respirei fundo, eu tinha a possibilidade de extravasar toda minha raiva naquele estante, mas eu sabia que a pobre coitada não tinha culpa de nada, então me contive em não dar uma resposta inapropriada.

- Você pode me ajudar em uma coisa? - Perguntei. A enfermeira assentiu.

- Me empresta seu celular? - Perguntei. A mulher arregalou os olhos surpresa.

- N-não sei se posso, é que não...

- Eu juro que é uma ligação rápida, por favor eu preciso muito falar com uma pessoa. - A enfermeira apertou as mãos nervosa e mordeu os lábios, suspirou e tirou o telefone do bolso.

- Rápido, e não conte que fui eu. - Disse ela me entregando o aparelho.

- Muito obrigada. - Declarei levantando - me da cama com um pouco de dificuldade e caminhei até o banheiro para ter privacidade.

- Alo?

- É a Bianca. - Eu disse.

- Bianca? Você está bem? O que aconteceu com você? - Perguntou preocupado.

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