30° Pai e Filho

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Acordei com o som do meu celular tocando, um barulho estridente que acabou me acordando da pior maneira possível, com uma dor de cabeça infernal.
Levantei-me do chão com um grunhindo, tudo doía em meu corpo e ao lembrar o motivo daquele desconforto eu logo me lembrava de Henrique logo ali atrás daquela porta.

Peguei meu celular, e ao ver as horas e as centenas de ligações perdidas de Daniel eu quase tive um infarto. Eu estava muito, muito atrasada.

Corri para o banheiro e me arrumei em questão de segundos, quando fui abrir a porta, exitei. Será que ele ainda estaria lá? Me questionei respirando fundo, mas quando eu girei a maçaneta uma sensação indesejada se apoderou de mim, decepção. Não havia ninguém lá.

Abanei a cabeca para me livrar daquele pensamento e do peso dos meus ombros, eu o tinha mandado embora, claro que ele não estaria ali.
Porém, assim que eu comecei a andar em direção ao elevador Henrique saiu de seu apartamento, eu sabia que era ele porquê escutara a tranca de sua porta ser aberta, mas continuei andando mesmo sabendo que ele estava ali a meio metro de distância, tendo a esperança de que ele não faria nada.

- Bianca? - Chamou Henrique com uma voz ligeiramente rouca. Engolindo um grunhido eu continuei andando.

- Ei! - Henrique apressou os passos e me pegou pelo braço, fazendo uma onda de eletricidade passar por onde ele me tocará, e assim que nossos olhares se cruzaram como fogos de artificio, meu peito inflamou me deixando sem ar, me deixando sem chão, me deixando sem tudo, porque Henrique causava isso em mim.

- Preciso falar com você. - Disse ele tão próximo que eu tive que me conter com seus olhos tão perto dos meus e seu perfume inebriando meu nariz.

- E- eu estou atrasada. - Declarei desviando - me de seus olhos e me soltando de suas mãos.

- Bianca! - Chamou ele quando eu já havia dado alguns passos para longe de seu corpo, fechei os olhos respirando fundo.

Henrique não me seguiu, porém eu ainda estava apreensiva quando chamei o elevador, não olhei ao redor mas sabia bem que ele estava a poucos metros, e eu não arriscaria em me perder naquele precipício que eram seus olhos.

O elevador chegou e eu entrei, porém ao me virar Henrique ainda estava no corredor mas muito mais próximo do que antes e quando ele começou a andar, meu coração começou a bater forte no peito, não que antes eu não estivesse prestes a infartar mas agora era diferente, era uma adrenalina que eu sentia correr como um flash por todo o meu corpo.

Henrique correu quando as portas estavam prestes a fechar, dei alguns passos para trás na esperança de que fosse mais difícil que ele chegasse até mim, o que foi obviamente inútil, Henrique conseguiu chegar na porta a tempo e com sua mão fez com que o elevador abrisse as portas novamente. Engoli a seco apreensiva.

Henrique entrou e veio até mim, as portas se fecharam deixando somente eu e ele naquele cubículo, agora eu não tinha mais para onde fugir.

- Olha, sei bem que não quer me ver Bia, mas eu realmente precisava falar com você. - Disse ele. Desviei de seu olhar.

- Agora você pode, não me deixou escolha. - Declarei indo para o outro lado do elevador lhe dando as costas.

- Eu queria me desculpar com você Bianca, na casa de Helena eu...eu fiz de propósito, eu sabia que essa coisa entre nós não iria dar certo, então eu deixei que você fosse para longe de mim...

- Não é a mim que deve desculpas Henrique. - Declarei ainda de costas sem coragem de encarar seu rosto.

- Sim, eu devo. - Disse ele e virou meu corpo para que eu pudesse encara - lo, Henrique tinha tanto poder sobre mim que meu corpo reagia somente ao seu toque, me deixando completamente sem controle, o que era muito, muito perigoso.

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