88• Daqui pra frente.

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Henrique

Duas semanas haviam se passado, havia ganhado alto do hospital e estava finalmente em casa, ainda não podia andar então na maior parte do tempo eu estava na cadeira de rodas, o médico já havia me dito que quanto menos esforço melhor a recuperação e com uma boa fisioterapia eu ficaria bom logo. Felizmente ou infelizmente eu já havia passado por isso há 4 anos quando sofri o acidente de carro, fiquei internado por mais de um mês, ficar em uma cadeira de rodas era fichinha.

Aurora se prontificou para ficar na minha casa e ajudar Bianca, já que ela não podia fazer esforço, mas neguei a ajuda. Primeiro que eu podia fazer a maioria das coisas sozinho tranquilamente, segundo Bianca estava super estranha e irritada com tudo, estresse não era bom para o bebê nem de longe, ela sabia disso, e ter mais uma pessoa aqui em casa só pioraria isso.

Apesar de tudo ter dado certo no fim, Bianca e eu nunca tocamos no assunto daquele dia, eu sei que ela não quer falar sobre pois acredita que uma desavença entre nós possa surgir, mas eu sabia que algo a incomodava , e eu precisava saber o que estava acontecendo, por mim e por ela, guardar tudo pra si não geraria nada de bom.

Daniel e Helena me visitaram algumas vezes, minha irmã estava muito animada com a nova gravidez que não falava de outra coisa, Daniel foi quem eu menos vi, e para ser sincero...foi até melhor, as palavras do meu pai ainda ecoavam na minha mente, eu sabia que poderia ser mentira o que me disse, mas eu tinha uma pulga atrás da orelha, e imaginar que meu irmão depois de tudo que vivemos, ajudar com o acidente que matou Margot me deixava nervoso, mas eu resolveria isso com ele mais tarde, quando o julgamento do meu pai chegasse.

Hoje eu tinha um compromisso importante, como tudo aconteceu completamente fora do plano, Bianca e eu não fizemos o exame do bebê daquele dia e o mesmo foi remarcado pra hoje, agora ansiedade era meu nome do meio.

Mais um dia que Bianca havia levantando da cama antes de mim, o que geralmente é o contrário, foi direto para o banho e ficou por lá por longos minutos, levantei também com um pouco de dificuldade e fui até o banheiro. Se eu não a enquadrasse agora, não teria outra oportunidade, e com o exame pra hoje quero que estejamos bem um com outro.

- Ai que susto Henrique! O que está fazendo fora da cadeira? - Disse Bianca com os olhos arregalados quando eu entrei no banheiro sem bater.

- Preciso falar com você. - Eu disse.

- Antes você vai pra cadeira. Ficou maluco? - Disse ela enquanto me ajudava a sair do banheiro e me deitar na cama.

- Eu amava essa cama até passar a maior parte do meu dia deitado nela. - Reclamei.

- Se fosse não tivesse sido idiota de falar com seu pai/ assassino/ psicopata sozinho, isso não teria acontecido. - Disse ela áspera. E foi nesse momento que encontrei a minha deixa.

- Por que você está tão irritada comigo Bianca? - Questionei. Ela parou o que estava fazendo e me olhou como se não esperasse algo assim vindo de mim.

- Não estou! Você levanta da cama sozinho com o perigo desse curativo sangrar inteiro e quer que eu fique feliz? - Declarou.

- Você sabe muito bem que não é só por isso que está irritada comigo, de 10 palavras 9 são ironias e patadas sobre mim! - Exclamei. Bianca desviou o olhar.

- Você está de cama e ainda é teimoso! Sério? Porque será que estou irritada? - Disse ela com raiva se virando. Fechei os olhos e suspirei, eu sabia o que ela estava fazendo, desviando o foco da conversa.

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