59• Se envolvendo

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    Bianca

Havia acordado tarde aquele dia, Henrique tinha saído cedo dizendo que iria se encontrar com Daniel e dependendo das noticias se ficariamos mais dias ou menos dias na casa, passaria no mercado para comprar comida já que a nossa estava acabando, então já que ele demoraria eu continuei dormindo pensando em como eu havia tido a melhor noite de todas desde que cheguei naquela casa.
Depois da nossa intensa reconciliação, Henrique ainda ficou cauteloso em relação ao toque, e isso era bom, se algum momento eu me sentisse estranha ele estaria em um espaço considerável bom evitando uma possível situação ruim.

  Naquele dia quando chegou a noite eu sugeri que dormíssemos juntos, Henrique de começo relutou e disse que dormir perto um do outro não era uma boa ideia, eu concordei de primeira, mas depois quando nos deitamos, ambos sem sono, ficamos conversando sobre coisas banais e rindo, no fim quando eu me dei conta já estava dormindo em seu peito, e eu me lembrei de como era bom.

   Finalmente tomei coragem e me levantei para comer alguma coisa quando minha barriga começou a fazer um barulho esquisito. Desci até a dispensa a procura de um algum cereal, e sem sucesso eu estava voltando quando acabei esbarrando com uma caixa preta no chão com vários papéis e pastas, intrigada peguei a caixa, que era bem pesada por sinal, e levei até a sala. Não me lembrava daquela caixa ali e pelas bordas enrugadas por causa de agua, eu diria que Henrique a trouxe no dia em que ficou ensopado pela chuva.

   Comecei a vasculhar os papeis que estavam lá, um pouco receosa se Henrique se importaria ou não, mas continuei mesmo assim, e ao abri- los o choque foi grande, era sobre o acidente de Margot. Tinham fotos e diferentes laudos, comecei a ler aquilo como se fosse essencial para a minha vida, e fiquei impressionada com tudo o que tinha naqueles papéis, eu já tinha uma mínima ideia de que o acidente que Henrique e Margot haviam sofrido era uma história muito mal contada, ler aqueles arquivos só me deu uma certeza ainda maior que existia muita história por baixo dos panos, informações faltando como documentos emitidos por médico e policiais eram impossíveis de acreditar. Ao ler as anotações de Henrique cheguei a conclusão de que eu estava indo no caminho certo, ele também tinha perguntas sem respostas, e foi quando eu vi o laudo da morte de Margot em uma das pastas dentro da caixa que me fez ter a certeza de que algo estava realmente muito errado. No papel dizia que Margot chegou ao hospital sem vida, só que aquela informação era falsa, já que Caleb havia me dito que Margot estava viva e em um estado até melhor que Henrique! Aquilo não fazia o menor sentido.

A porta da casa abriu e Henrique entrou fazendo com que eu tomasse um susto, soltei um inevitável grito, eu estava tão imersa aos documentos que nem o escutei entrar na garagem. Henrique entrou rindo, mas logo parou quando viu o que eu estava fazendo.

- O que você esta fazendo? - Começou ele franzindo a testa e se aproximando.

- Henrique por que não me contou que estava investigando o acidente que você e Margot sofreram? - Perguntei assim que ele chegou na sala, Henrique suspirou levando a mão ao cabelo.

- Eu...Eu não queria que você se envolvesse nisso.  - Disse ele.

- Mas eu quero saber! Eu li o que tem nesses papéis! Tem algo realmente muito, muito estranho, então por favor me fala...- Eu disse quase suplicando, eu não conseguiria viver sabendo que existe uma enorme injustiça nessa história.

Henrique sentou - se junto a mim no sofá e respirou fundo antes de falar.

- Bi...Foi por causa disso que tirei seu primo da cadeia, ele tinha informações sobre o caso e se não fosse a duvida que ele plantou em mim eu não teria ido atrás de saber o que tinha acontecido, por isso não te falei que estava investigando, achei que você pensaria que eu foi quem procurou por isso e acabou te prejudicando. Me desculpe. - Disse ele. Engoli a seco enquanto sentia meu cérebro se desdobrando para compreender o lado de Henrique, talvez se eu o tivesse escutado desde do começo nada disso teria acontecido, não teríamos ficado tão longe um do outro por tanto tempo, no final a culpa não era completamente dele, e eu estava me sentindo mal por colocar mais um fardo para Henrique carregar.

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