III

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Não dormi muito bem esta noite, por ansiedade e saudade de Kelsey. Como pode ela significar tanto para mim em tão pouco tempo?

Bem cedo, chegaram a minha jaula: Kadam, Sr. Davis e outros dois homens. Eles me levaram em uma carroceria quadrada de aço, até, um caminhão.
Assim que o Sr. Davis me colocava dentro da cabine do caminhão, senti Kelsey chegando, percebi pelo seu cheiro. Ele saltou do carro de Kadam e parou ao lado do caminhão e ficou me observando enquanto me preparavam para entrar no veículo. Agora eu estava mais calmo e feliz, pois tive certeza que ela viria. Por fim, saltei e entrei na caixa de metal do caminhão. Antes que eu me desse conta, senti o caminhão se deslocar pela rodovia. Tinha uma pequena abertura na traseira da caixa de metal, e olhei por ela, avistando logo atrás de mim o conversível de Kadam, com Kelsey no banco do passageiro.

Depois de um tempo não muito longo, percebi que estacionavam, e de repente abriam as portas do caminhão. Kelsey e Kadam observavam enquanto alguns trabalhadores me retiravam do veiculo e me conduziam até uma jaula apropriada que estava dentro do avião.
Logo que estava acomodado em minha jaula, olhei para frente e percebi que estava de frente à entrada da cabine onde estavam Kadam e Kelsey. Kadam pensou em tudo. Em poucos minutos senti os motores roncares e o avião decolava, rumo à Índia. E, com minha ótima audição de tigre, pude perceber que Kelsey fazia perguntas para Kadam, sendo uma delas, porque o nome: Carga Tigre Voador. Ouvi ele explicar sobre seu empregador dizendo que ele tinha uma afeição por tigres, por isso o nome.

Kelsey lhe fez uma pergunta que me fez sorrir por dentro:

—Qual o nome do seu empregador? Eu vou conhece-lo?

—Com toda certeza. Ele se apresentará quando você pousar na Índia. E vai gostar de conhecer você. - Disse ela olhando para os fundos da cabina, onde eu estava.

Sim! Ela vai me conhecer quando pousarmos, e estou muito nervoso em relação a isso. E se ela não acreditar nas minhas palavas, ficar com raiva ou pior, não gostar de mim?.

Kelsey continua com suas perguntas, por muito tempo, e eu fico escutando cada detalhe das respostas de Kadam, mesmo sabendo que ele não irá contar nada, prefiro ouvir. Ele começa a contar histórias sobre tigres brancos e logo percebo que Kelsey dormiu. Queria tanto estar ao lado dela, pois parece um anjo dormindo.

No mesmo momento, Kadam veio até minha jaula para poder conversar, e não perdeu tempo em dizer:

—  Ren. Ainda acho que você deveria contar à ela primeiro, antes de entrar na selva e ir até Phet - diz preocupado.

Eu resmungo de volta, contrariando-o. Quero poder passar mais tempo para ela confiar mais em mim, e depois contar a verdade, do meu jeito. Kadam percebeu que eu não ia mudar de ideia e voltou para dormir também.

Assim, que acordei, percebi que Kelsey andava em círculos, ouvi Kadam conversar com Nilima. Logo depois olhei para as poltronas e avistei os dois sentados pronto para o almoço.
Eles conversaram desse vez sobre a cidade de Kelsey, as politicas, culturas e até de esportes. Assim que acabaram o almoço, estávamos prestes a fazer uma parada em Nova York para reabastecer. Logo que pousamos, Kelsey veio até minha jaula, verificou seu eu tinha água e comida suficiente, e sentou-se no chão ao lado das grades. Não perdi tempo, deitei com as costas nas grades, para ela ver que queria seu toque. Ela riu e acariciou minha cabeça, enquanto ia falando sobre as muitas lendas que Kadam disse à ela sobre a Índia.

Assim que levantamos vôo novamente, Kelsey retornou à sua poltrona, mas desta vez para assistir à um filme. Se passaram horas e horas, quando ela terminou já estava escuro. Então, ela partilhou do jantar com Kadam.

Bem depois, ela veio até minha jaula novamente, estava com cara de sono, possivelmente veio me dizer boa noite. Mas, ela ficou um tempo acariciando minhas orelhas e cabeça.
O Kadam observou e disse:

—Srta. Kelsey, não tem medo deste tigre? Não acha que ele possa machucá-la?

Ela respondeu rápido, sem hesito, o que me deixou emocionado:

—Eu acho que ele pode me machucar, mas sei que não vau fazer isso. É difícil explicar, mas eu me sinto em segurança com ele, quase como se fosse um amigo e não um animal selvagem.

Nilima se aproximou de Kelsey e lhe chamou para dormir. Ela assentiu, saiu e foi para o banho. Em seguida, ela vai rapidamente até minha jaula e disse:

—Boa noite, Ren. Vejo você na Índia, amanhã? - e saiu.

Feliz demais com a atenção dela, deitei sobre as patas e dormir, um sono profundo. Acordei com cheiro de bacon. Kelsey comeu seu café da manha, e veio até mim e me deu bacon, peguei delicadamente de sua mão e a engoli de uma só vez. Ela me repreendeu delicadamente:

—Nossa, Ren, você precisa mastigar. Espere ai, os tigres mastigam? Bem, pelo menos coma mais devagar.

Ela estendeu mais alguns pedaços e então lambi sua mão, ela foi lavar e ajeitar suas coisas, pois em poucos minutos aterrissaríamos na Índia. Eu estava além da felicidade, estava de volta ao meu país de origem, onde viveram meus pais, e onde eu podia viver no futuro. Finalmente volto aqui com uma esperança nova no coração, com a alma renovada e o espírito puro.

A maldição do tigre - Versão Ren // KishanOnde histórias criam vida. Descubra agora