XII

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Kelsey continuava desacordada. Eu precisava ver aqueles olhos novamente. Continuei a sacudindo e a chamando. Depois de um tempo ela gemeu e abriu os olhos, e finalmente olhou para mim. Soltei um suspiro de alívio. Quando ela tentou falar alguma algo, começou a tossir água. Virei-a de lado para ajudar. Tirei minha camisa e pressionei contra sua cabeça. Ela estava com um enorme galo. E eu me sentia culpado, de alguma forma por isso ter acontecido.
Quando ela levou a mão ao ponto da dor, fez uma careta. Então olhou para mim e disse:

— Ren, você está nessa forma a tempo demais hoje.

Sacudi a cabeça negando. Queria ficar com ela mais tempo, cuidar dela. Mas esse maldito tempo não deixa.

— Eu estou bem, serio. Vou tomar alguns comprimidos e descansar um pouco - disse.

Kelsey se tornou alguém que eu daria tudo para tê-la ao meu lado. Nossas vidas se tornaram tão corridas, que não tive tempo para reparar. Eu amo Kelsey. Suas qualidade e seu jeito de ser me encantaram. Acariciei sua bochecha com os dedos e sorri. Ela é tão linda. Então senti um tremor no braço, o famoso tremor. Não! Não quero me transformar agora!

— Kells, eu...

O tigre veio a tona com tudo, rugi de raiva e me sacudi. Eu ia dizer que a amava, mas não deu tempo. Porém não me importei. Teria muito tempo ainda para dizer-lhe.

Deitei ao seu lado, e ficamos ali por alguns minutos. Depois de um tempo, Kelsey se levantou e foi até a mochila, tomou alguns comprimidos, e trocou de roupa. Eu não saí do lado dela para nada, ela até tentou me expulsar para a selva, dizendo que estava bem, mas não dei ouvidos. Fiquei ali, teimoso. Quando ela foi deitar, entrei na barraca, estendi as patas e ela pousou cuidadosamente a cabeça sobre elas. Pousei minha cabeça perto da dela, e assim dormimos juntos. Na manhã seguinte, quando acordamos, Kelsey estava com o rosto enterrado em meu pelo do pescoço e o braço estendido ao meu redor. Acordar daquela forma era uma das melhores coisas. Mas ela se afastou um pouco sem jeito, levantou e foi tomar café.

Depois do café, Kells disse que ia lavar o cabelo. Esperei mais algum tempo e parti para a selva.

Procurei Kishan novamente, eu podia sentir que ele estava naquela selva, mas distante. Procurei por um tempo, mas não farejei nada. Então ao meio dia voltei para o acampamento. Comemos nosso almoço desidratado. Depois Kelsey ofereceu de ler um poema para mim. Deitei com a cabeça em seu colo e aceitei.
O poema era lindo. Muito lindo mesmo. Então resolvi partilhar um poema da Índia com ela. Li o mais antigo dos poemas que minha mãe contava para eu e Kishan quando crianças. Depois de ler, Kelsey expressou:

— Ren, é lindo.

Olhei para ela e sorri. As mãos dela estavam em meu cabelo e em meu peito. Quando ela percebeu logo as tirou. Queria mais do que isso. Me lembrei do que havia pensado anteriormente. Me levantei apoiado em um só braço e me aproximei de seu rosto. Acariciei seu queixo e trouxe seu rosto para olhar o meu. Era agora.

— Kelsey? - chamei.

— Sim? - sussurrou.

— Quero pedir a sua permissão... para beijá-la - pedi.

Eu preciso disso, preciso mais do que ar em meus pulmões. Eu a amo. E tudo o que importava naquele momento era beijá-la.

 Mas ela simplesmente ficou olhando para mim, sem dizer uma única palavra. Não era a expressão que eu esperava. Será que ela não sente por mim, o mesmo que sinto por ela? Me aproximei mais, até parar a centímetros de seus lábios. Ela fechou os olhos e esperou. Eu não ia beijá-la até que ela aceitasse. Até que ela retribuísse.

Ela abriu os olhos e disse:

— O que é que você quer dizer com pedir a minha permissão? - perguntou.

A maldição do tigre - Versão Ren // KishanOnde histórias criam vida. Descubra agora