A vida sem amor. Livro 3 - parte 1

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Olha quem não aguentou esperar até amanhã para postar o capítulo hahaha. Espero que curtam. E COMENTEM E FAVORITEM MUITO. BEIJOS TIGERS. 

REN

O tempo em que passei prisioneiro foram os piores da minha vida. Todas as suas torturas e pressão psicológica me marcaram profundamente. Toda vez que fecho os olhos lembro dos malditos momentos e meu corpo reage de forma a se proteger de um mal que não existe mais. Mas que está bem presente ainda nos meus sonhos.

Quando eu vi aqueles olhos castanhos me encarando, aqueles malditos olhos castanhos, eu não consegui me conter. E apesar de em toda minha vida eu nunca ter levantado a mão para uma mulher eu o fiz. E o pior foi que eu não me senti mal logo em seguida. Eu queria afastar aquela mulher de perto de mim. O motivo eu nunca soube, ela me causou uma repugnância imensa naquele momento. Olhá-la me matou aos poucos, e é como se fosse Lokresh. Eu simplesmente a odiava.

Logo depois de ter me recuperado eu pude me conter. Eu tinha uma honra, e não me permitiria levantar a mão para uma mulher novamente. Logo percebi que ela era gentil e tentava a todo custo me confortar. Porém eu era incapaz de retribuir. Ficar no mesmo ambiente que ela é sufocante. Eu não tinha motivos para odiá-la. E eu teria que superar isso, pois aliás aquela mulher, por incrível que pareça, era aminha namorada, e eu teria perdido a memória em tudo que se baseava nela.

Era difícil acreditar, porquê tudo o que me falavam que incluía ela era confuso. Eu tinha total convicção que consegui chegar até aquele ponto da maldição sozinho. Eu só acreditava porque Kishan e Kadam confirmavam tudo.

De vez em quando eu faço coisas que magoam Kelsey, não sei exatamente o que ela quer de mim, descobri a pouco a existência dela, mas mesmo assim, fico tocado quando a vejo sair do cômodo com lágrimas nos olhos, mesmo sem saber o motivo. Dava para ver a mágoa nos olhos dela, toda vez que isso acontecia.

*

Lá vinha ela, recém acordada descendo as escadas. Eu já não sabia como agir perto dela, toda vez que se aproximava era uma tortura, mas não podia me esquivar, isso a deixava muito triste. Eu queria evitar qualquer tipo de sentimento. Mas lá estava ela, de novo tentando.

Ela esbarrou em mim propositalmente quando chegou perto.

— Você pode chegar mais para lá, por favor? Quero pegar um desses pães recheados antes que Kishan apareça.

Pigarreei um desculpe e me sentei na mesa, agradecendo a distância.

— Está tudo bem? Ouvi você chorar ontem à noite.

— Estou bem.

Até parece. Estava bem explícito que não estava. Os olhos inchados e a expressão tristonha, me deixa emburrado e sentido. Peço desculpas pelo o que eu tiver feito e ela aceita mas logo em seguida explode e fala sobre Nilima e o que eu disse para Kishan e que ela estava ouvindo escondida. Nós conversamos e ela disse que queria ser só minha amiga, o que me deixou mais animado porém intrigado também.

— Então, você quer ser minha amiga?

— Quero. Sem pressão, sem lágrimas, sem lembretes constantes de coisas de que você esqueceu, sem nada. Vamos apenas recomeçar. Do zero. Vamos aprender a ser amigos e a nos dar bem apesar de sua vontade de sair correndo. O que me diz? — ela estendeu a mão para mim. — Temos um acordo?

A oferta era boa demais para recusar. Nossa relação poderia ser bem mais leve. E claro, eu não recusei.

KISHAN

Fazia um pouco mais de um mês que tínhamos salvado Ren da prisão de Lokresh. Mas meu irmão não parecia mais o mesmo. Tudo nele tinha mudado, desde sua aparência física até sua personalidade. O pior de tudo era ver o sofrimento diário de Kelsey, eu conseguia ouvi-la chorar quase todos os dias. Dava para ver sua dor estampada em seu rosto toda vez que Ren fazia algo que o antigo Ren não faria. Ou quando fazia, e não demonstrava sinais de se lembrar o motivo, e isso machucava ainda mais Kelsey.

Meu irmão não se lembrava de absolutamente nada em que envolva Kelsey. E apesar de todas as tentativas dela, ele não progrediu nem um pouco. Isso estava me preocupando. Kadam não achava nada nas centenas de livros dele, o que para mim já é surreal.

Mas lá estavam eles, brincando um com o outro, Ren batendo com um pano na coxa de kelsey, e naquele momento eu tive o lembrete: kelsey ainda é dele.

É um tapado sem memória, está magoando Kelsey mas não é culpa de ninguém. Até um cego veria o amor deles. O amor que ela nunca sentiu por mim.

Kelsey me disse que eles seriam amigos a partir de agora, e não pude não pensar em começar uma investida. Que homem não pensaria? Kelsey está implorando para eu captura-la e prendê-la a mim. Porém o pequeno lembrete ainda pairava sobre meus olhos: Kelsey ainda é dele.

Kadam nos chamou para jantar e parecia bem animado. Disse que tinha um chip rastreador que dizia em tempo real nossa localização. Ele explicou tudo mais o que ele fazia, mas nunca fui de entender Kadam mesmo. Só captei as partes importantes.

Na hora da aplicação doeu bastante, mas me mantive quieto, para não assustar Kelsey. Na hora de aplicar nela segurei sua mão, ela precisaria com certeza.

— Aperte com toda a força, Kells.

Ela sentia muita dor, o que me deixou aflito. Ela se contorceu na cadeira e gemia baixinho, eu estava prestes a abraçá-la quando ela abriu os olhos. E quando eu pensei que me olharia com seus lindos olhos castanhos, ela encarou Ren. Não era nenhuma novidade isso para mim. Mas não posso dizer que não doeu.

Eles se encaravam, e já não estavam mais naquela sala, estavam em um mundo paralelo só dos dois. Aquilo estava acalmando ela, e então fiquei calado enquanto Kadam terminava a aplicação.

— Está tudo bem, Kells?

Ela assentiu mas tive a impressão que nem tinha me ouvido. Depois apliquei o chip em Kadam e ele começou novamente a falar sobre a tecnologia ou algo assim. Mas nem eu nem Kelsey estávamos ouvindo 100% o que Kadam dizia. Cada um de nós perdidos nos nossos próprios pensamentos. 

A maldição do tigre - Versão Ren // KishanOnde histórias criam vida. Descubra agora