XI

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Acordei bem cedo na manhã seguinte, fui direto ao Kadam e lhe expliquei sobre a cachoeira. Ela preparou a mochila de Kelsey, como os pertences e comidas a mais para os dias que vamos passar lá. Quando desceu de novo disse:

– Ren. Tive uma ideia. Já que vocês vão para lá, aproveite e tente achar Kishan, e pedir o amuleto dele para a Srta. Kelsey. Ela precisa de proteção, talvez ele sirva para ela como o seu serve para mim - explicou.

Ótima ideia, novamente não pensei na proteção. Estou negligenciando com a proteção de Kelsey, não vou mais permitir isso. Para isso tenho que rever Kishan. Não sei se é uma boa ideia, ainda mais com Kelsey, mas não custa tentar. Talvez a presença dela ajude. Resmunguei concordando com Kadam. Minutos depois Kelsey desceu, já estávamos no Jeep, com pressa de partirmos. Kadam explica que vamos fazer um desvio antes de ir ao templo de Durga, mas não fala para onde. Quero fazer uma surpresa para ela.

Minutos depois já estávamos na estrada. Para passar o tempo Kells importunou Kadam de perguntas sobre sua vida antes de começar a nos ajudar. Nem prestei muito atenção em suas respostas, estava distraído pensando em como encontrar e conversar com Kishan.

Após um tempo Kadam para na beira da estrada para descermos. Kelsey fica assustada e questiona por estarmos no meio do nada. Continuamos, e eu fui seguindo o cheiro delicioso da cachoeira, a brisa batendo nas árvores. Ao chegarmos próximo ao lugar, avistamos borboletas nas folhas, muitas borboletas, de várias cores. Kells ficou encantada, como eu imaginava. Assumi a forma humana.

– É lindo, não é? É o meu lugar favorito em todo o mundo - disse.

– É. Nunca vi nada assim - fala baixinho.

Vou até as folhas e se passa uma borboleta  para o meu dedo. Eu estava realmente nervoso com tudo que poderia acontecer. Ainda estava com o pensamento de beijar Kelsey, e sim, seria um local perfeito. Tentando conter o nervosismo, explico os nomes e significados de cada uma. Há as borboletas corvos e as tigres azuis.

Peguei ela pela mão e a conduzi para uma trilha ao lado da cachoeira.

– Vamos acampar aqui. Sente-se. Tenho uma coisa para lhe falar - expliquei.

Eu estava nervoso, não sabia como ela iria reagir. Nem eu mesmo sabia como eu iria reagir.

– Estamos aqui porque preciso encontrar meu irmão - digo o mais depressa possível - E também para lhe mostrar o lugar, claro.

Ela engasga com a água perplexa. Era o que eu temia.

– Seu irmão? Achei que ele estivesse morto. Você nunca fala sobre ele. Quer dizer que ele está vivo? Aqui? - pergunta.

Na verdade eu acredito que esteja vivo, porque eu estou. E ainda posso sentir sua presença nesse mundo. Explico isso á ela. Sentei ao seu lado, peguei sua mão e comecei a brincar com seus dedos enquanto falava.

– Meu plano é dar uma busca pela área em círculos. No fim, um de nós vai sentir o cheiro do outro.

– E o que vou poder fazer? - pergunta confusa.

– Esperar aqui. Tenho esperanças de que, se ele não me ouvir, a sua presença possa convence-lo. Também espero...

Prefiro não terminar a frase. Ela não precisa saber que o real motivo era se conseguiríamos o amuleto de Kishan para ela.

– Espera que...? - pergunta curiosa.

– Não é importante agora - apertei sua mão e me levantei.

Me ofereci para ajudá-la a arrumar o acampamento. Fui procurar lenha para fogueira. No caminho pensei bastante sobre como Kishan reagiria. Terei de ser de ser cuidadoso. Felizmente achei madeiras rápido, e logo já estava de volta. Ela me explicou como fazia e logo terminamos de montar tudo. Após terminar, fui até ela, puxei delicadamente sua trança e beijei sua testa.

A maldição do tigre - Versão Ren // KishanOnde histórias criam vida. Descubra agora