XVII

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Paramos finalmente no Templo de Durga. Kadam disse para ficarmos no carro enquanto ele verificava se havia visitantes no templo. Eu fiquei feliz, pois ficaria algum tempo com Kelsey. Enfiei a cabeça entre os bancos e empurrei o braço dela.

— É melhor você manter a cabeça abaixada. Alguém pode vê-lo se não tomar cuidado - advertiu.

Eu queria ficar o mais próximo possível de Kelsey, e eu sabia que aquele era o meu máximo. Emiti um ruído, que ela ouvisse.

— Eu sei. Também senti saudades - admitiu.

Meu rosto poderia estar perfeitamente com um sorriso agora, ela consegue me entender, como ninguém. Depois de alguns minutos, Kadam retornou. Kelsey saiu do Jeep e abriu minha porta. Não perdi tempo. Comecei a me esfregar em suas pernas, como um gato doméstico. Ela começou a rir.

— Ren! Você vai me derrubar - disse.

Ela manteve a mão em meu pescoço. Contento-me com isso... Por enquanto. Kadam deu uma risadinha da visão e nos instruiu a ir ao templo; ele iria ficar vigiando ali fora, para o caso de aparecer mais visitantes.

Eu e Kelsey descemos vários degraus, lá em cima exibia-se altas colunas cor de terracota, que ladeavam a pequena porta de entrada. Depois de percorrer um pouco o espaço sem encontrar nada de relevante, passamos por um arco. Lá dentro havia uma imagem da deusa Durga. Ela, com seus oito braços e uma arma em cada um deles; em suas pernas encontrava-se um tigre. Damon.

— Acho que ela também tem um tigre para protegê-la, hein, Ren? - comentou Kelsey.

Ela parou em frente à estátua para examiná-la, me sentei ao seu lado.

— O que você acha que o Sr. Kadam espera que encontremos aqui? Mais respostas? Como conseguimos a benção dela? - perguntou.

Também não sabia como iríamos conseguir a benção dela. Começamos a andar de um lado para o outro, procurando alguma outra coisa diferente. Mas não encontramos nada. Ela se sentou em um degrau.

— Desisto. Não sei o que devíamos estar procurando - resmungou.

Não fazíamos ideia de como prosseguir na busca, e isso era bem ruim.Me aproximei e pousei minha cabeça em seu joelho. Ela ficou fazendo carinho em minhas costas. Kelsey observou algo nas paredes e teto, eram desenhos. Depois de um tempo, se levantou e caminhou até uma coluna.

— Ren, o que você acha que ela tem na mão? – perguntou, distraída.

Me transformei me homem e peguei a mão dela. Ela se assustou.

— Você devia me avisar antes de mudar de forma, sabia? - ralhou.

Sorri e olhei para os desenhos.

— Não tenho certeza. Parece um tipo de sino - respondi.

— E se fizermos uma oferenda como essa para Durga? - propôs.

Por um breve momento não entendi o que ela quis dizer. Questionei-a sobre isso. Ela disse que podíamos tentar lhe oferecer frutas, legumes ou tocar um sino.  E seria uma ótima ideia.

— Claro, vale a pena tentar qualquer coisa.

Voltamos ao Jeep e explicamos a ideia ao Kadam. Ele ficou entusiasmado, e procurou na mochila se tinha algo que pudéssemos usar. Achou uma maçã e uma banana, mas nos disse que não possuía nenhum sino.

De volta ao templo, nos separamos para tentar encontrar algum sino para usarmos. Eu fiquei perto do altar mais acima e Kelsey embaixo. Uns quinze minutos depois achei algo. Já na forma de homem chamei a Kells. Peguei o pequeno sino de bronze que encontrei em uma prateleira e o limpei na camisa. Segurei a mão de Kelsey, que tinha vindo ao meu encontro, sorri e voltamos ao altar. Disse que ela deveria fazer a oferenda, pois era a escolhida de Durga. Mas ela disse que não deveria, pois era estrangeira e eu era o príncipe da Índia.

A maldição do tigre - Versão Ren // KishanOnde histórias criam vida. Descubra agora