A maldição do tigre - Versão Ren // Kishan

CONTO DA MALDIÇÃO - Esclarecimento - Kishan

Eu estava à espreita do animal mais á frente. Estava calmamente mastigando... grama? Vai saber. Rondei o local onde ele se encontrava, muito lentamente. Mas o que dizer de alguém tentando caçar durante dois dias e sempre ser atrapalhado por uma pedra? Eu diria grande felinos com alma humana morrem de fome graças a um orifício sem vida. Desisti cansado. Percorri caminho até as montanhas e lá fiquei até o entardecer. Já vasculhei tudo, sei cada centímetro desta floresta. Gosto de me aventurar em coisas. Mas como saber? Um tigre saindo de uma floresta à outra é totalmente exótico. Meu manto não ajudava muito. Esses humanos, se me vissem, iriam querer me estudar por eu ser diferente. Uma brisa passou no meu rosto balançando meus pelos. Já muito tarde desci as montanhas e me deitei encostado na árvore que já estava acostumado a chamar de cama que, se prestasse bem atenção, poderia ver já a marca exata do meu corpo.

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No dia seguinte, acordei totalmente preguiçoso. Estava com fome. Assim peguei o primeiro coelho que me apareceu. Não há presa mais fácil do que uma bola de pelos saltitante. Após o "almoço", segui sem rumo pela floresta. Seria um dia normal se um cheiro familiar não tivesse passado brevemente sobre minhas narinas. Um cheiro que eu não sentia há anos. Um cheiro que me fez lembrar o passado. Ele estava de volta, e não poderia me ver. Corri em direção contrário o mais rápido que pude. Sem dúvidas ele veio à minha procura. Que droga! Por que agora? Me deitei na grama úmida do sereno da noite arfando. Depois de me recuperar, refleti o acontecido. Que ótimo, meu irmãozinho veio me procurar por motivos desconhecidos. Pedir desculpas? Me atormentar sobre coisas que eu resolvi esquecer há tempos? Claro que não veio para ser meu amiguinho de infância. Estava cedo então resolvi andar pelos caminhos vagos deste enorme ponto verde no mapa.

~*~

Ren não desistia. Ontem rondou duas vezes o lado Leste e Oeste. Eu me mantive no Sul, sabia que iria longe desta forma somente depois de percorrer todo o outro. Me alimentei novamente de coelhos, grandes caçadas chamariam atenção dele. 

Á tarde, senti o cheiro dele vindo ao Sul, então automaticamente fui para o lado oposto. Dei a volta e resolvi ir ver o ponto onde seu cheiro estava impregnando tudo. Desci a ladeira. Cheguei perto e saltei pelo tronco, que, acabei tropeçando. Cai desajeitado no chão. Ótimo. O que veio a seguir, com certeza marcou meus malditos dias de auto-castigo. Avistei um acampamento com barraca, fogueira e objetos espalhados. Rondei a barraca para confirmar uma coisa: ele estava acompanhado. Tinha um cheiro a mais no local... um cheiro... bom. Suspirei o leve cheiro doce que vinha de um lençol que mais parecia trapos costurados um no outro.

Me deitei ao lado da fogueira que ainda saia fumaça e refleti. Se Ren estava acompanhado, deve estar aqui por perto. Resolvi seguir o cheiro do lençol. Levantei e dei a volta no acampamento onde supostamente o indivíduo estava. Percebi que Ren marcara o local com seu cheiro nas árvores. Ri mentalmente. Isso não vai me impedir de espiar um pouco. 

Saí em meio os arbustos onde o odor era mais forte. Segui em linha reta até ver um vulto atrás de uma pedra. Parei e virei o rosto, olhando do canto do olho o Ser encolhido. Dei a volta novamente no acampamento e de um ponto mais significativo, pude ver melhor quem estava ali. Seus cabelos eram castanhos juntamente com seus olhos. Parecia grandiosamente frágil. Seu rosto era... sexy. Então era isso que Ren estava protegendo de forma tão grandiosa: uma garota. Voltei para a mata para depois de uns minutos voltar e olhá-la de perto. Estava assustada e com medo. Ora, eu não mordo. Sorri com o pensamento.

Seria interessante conhecer melhor esta nova companhia de Ren.