Não sei ao certo como definir meus sentimentos por Kelsey. Não sei dizer se sinto carinho ou amor, ou mesmo amizade. Fico comparando com o que sinto por Kadam e Nilima. Tenho medo do que isso possa ser. Gostar de Kelsey significa dor, tortura. Ficar perto dela me deixa sufocado, e nem é por sua causa. Mas ao mesmo tempo sinto conforto. Igual quando Kadam aplicou o rastreador em Kelsey. Quando nos encaramos, senti algo naquele momento. Algo que acho que nunca poderei explicar. Um fogo dentro de mim que me consumia.
Não sei mais como lidar com problemas simples. Decidi deixar as decisões para Kishan. Sinto que o fato de faltar parte da minha vida faz com que eu seja menos apto para liderar. Kishan sabe o que fazer. Meu irmão já demonstrou interesse por Kelsey, isso qualquer um pode ver. Mas não sou capaz de negar isso a ele. Até por que eu e Kelsey somos um grande "talvez".
Estamos chegando na clareira de Phet, o sábio xamã que poderia me ajudar com minha perda de memória está cuidando do jardim enquanto conversa com as plantas, o que eu já estava acostumado. Mas vi de relance uma testa franzida de Kishan. Kelsey... Bom, Kelsey pelo que me falaram já conhece Phet.
Depois dos cumprimentos entramos na cabana. Kelsey foi tomar um banho, e Phet nos chamou para ajuda-lo no jardim. Kishan se mostrou hesitante no princípio, que irritou o pequeno xamã. Ver ele dar broncas no Kishan foi engraçado, e eu estava rindo bastante até Phet começar a me dar broncas também, depois que arranquei sem querer uma das flores do jardim. Quando Phet viu as pétalas se despedaçando foi como se eu tivesse assassinado alguém.
Depois que terminamos, com ouvidos doídos de tanto sermão, voltamos para o interior da cabana onde Kelsey estava lendo, com sua trança amarrada com fita. Aquele pequeno detalhe combina tanto com ela, que parece que foi ela quem inventou.
Estávamos mortos de fome, dois tigres famintos. Pegamos as tigelas e então a Kelsey fez a grande pergunta:
— Então, Phet, você queria falar com a gente? Pode ajudar Ren?
Observei Kelsey. Ela estava tentando disfarçar, mas claramente estava esperançosa. E eu sinto que isso pode ser uma coisa ruim, se Phet não conseguir... Não sei mais o que fazer. Até Kishan parecia na expectativa, comendo lentamente para ouvir com clareza o que Phet tinha a dizer.
— Phet pensando nisso faz muito tempo. Conserto ou talvez não. Amanhã melhor momento para olhar nos olhos do tigre. – e completou depois de Kelsey pergunta: — Olho é vidro. Não espelho. Dentro do olho tem zumbido igual abelha. Pele é carne? Não importa. Cabelo não é nada. Dente e língua? Não tem zumbido. Palavra não é zumbido. Só o olho fala.
De todas as frases que Phet já disse, essa com toda certeza não faz sentido nenhum. No final das contas não sei se ele vai ajudar ou não.
— Está tentando dizer que os olhos são a janela da alma?
Phet riu.
— Ah! Muito bem, Quel-si. Menina inteligente! Vou dizer, rapazes. Minha Quel-si muito rápida.
Abaixei a cabeça para não ouvir outro sermão de Phet, e Kishan fez o mesmo. Em seguida Kelsey mostrou nossas armas e entregamos os presentes de Durga, que logo depois Phet nos devolveu. Kelsey ficou bem surpresa.
— Quer que a gente continue usando os presentes?
— Sim. Agora Phet concede novo presente para vocês.
Ele começou a fazer um liquido com várias ervas aleatórias que, provavelmente para ele não eram aleatórias. Colocou gotas de vários frascos que tinha em sua prateleira, e no final, como se fosse melhorar o gosto da bebida, acrescentou açúcar. Eu já estava esperando Phet entregar para mim quando ele a esticou para Kishan, que depois entregou para mim.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A maldição do tigre - Versão Ren // Kishan
RomanceBaseada na história - A Maldição do Tigre - da Coleen Houck. Fatos relatados na versão de Ren e Kishan. Sentimentos e pensamentos dos nossos príncipes prediletos estão incluídos.