Já se passaram 3 meses, e ainda não encontrei o desgraçado do Demônio! Eu tenho ficado com muita raiva nos últimos meses, quer dizer, mais do que o comum. Eu só acho que estou ficando cansado, cansado dessa vida de justiceiro super poderoso. Os criminosos sempre voltam, corta uma cabeça e nascem outras duas no lugar. O Presidente agradeceu ao Demônio dos olhos azuis em rede mundial, todo o mundo sabe da existência do Demônio agora.
Bom, agora eu estou deitado. Não estou trabalhando como sempre, não, desta vez não. Eu estou ao ar livre, olhando para o céu estrelado, escuro... Às vezes me pergunto se Deus existe... Quer dizer, o Deus dos deuses, até onde eu sei tem o Deus que criou tudo isso, que me criou... Mas eu nunca o vi, o que não quer dizer que Ele não exista. Mas se existe, eu gostaria muito de conhecê-Lo. É... Com certeza isso seria bom. Um Deus Benevolente, Humilde, Sábio e Supremo. Capaz de dar Sua Vida por qualquer um do Seu Reino.
Merda... Onde os humanos dizem que se pode encontrar Deus mesmo...? Ah sim, eles chamam de Igreja. Acho que vou ir à uma igreja. Isso mesmo! Irei agora! Mas preciso de uma roupa melhor.
Fui à uma loja de roupas e comprei um terno, o mais caro que tinha. E então fui à uma igreja que me indicaram, era católica, embora eu nao acredite em santos essa foi a mais indicada para eu ir.
Entrei, um padre falou comigo:
- Veio confessar seus pecados, filho? - me perguntou, seu tom sereno...
- Ah, são muitos, senhor.
- Você pode falar, Deus, Ele te perdoa.
- Tudo bem. Se o senhor insiste. - e então eu comecei, disse que caçava aqueles que cometiam pecados, disse muita coisa sobre mim, não tudo, não dava para falar tudo. - A questão é que eu tenho RAIVA de vagabundos Padre! - estava começando a ficar alterado, meus olhos brilhando.
- Você se arrepende? - um momento de silêncio. Pensei...
- Não. Eu faria tudo de novo.
- Para Deus te perdoar, filho, você precisa se arrepender.
- Onde está esse Deus? - perguntei tentando entender.
- Você pode sentir Ele a qualquer momento, basta falar com Ele.
- Como eu faço isso?
- Venha, eu te mostro. - e então ele me levou nos primeiros bancos da igreja, ele se ajoelhou em um dos bancos e eu fiz o mesmo.
- Pai nosso, que estais no Céu... - ele começou. Eu nunca havia ouvido uma oração antes. Era bonita. Era sábia. Exceto... Exceto por uma coisa.
- Perdoai as nossas ofensas, como temos perdoado aos que nos tem ofendido...
- Pare. - eu disse abrindo os olhos - Pare aí mesmo.
- O que foi?
- Como o senhor pode pedir para Ele nos perdoar como perdoamos? - o questionei - E em uma missa? Dezenas de pessoas, talvez centenas, como pode falar por todas elas? Quem garante que elas perdoam?
- Filho, essa é a oração que o Pai ensinou.
- Hipócrita! Suas rezas são repetidas. Não são sinceras! Como quer ser ouvido? - minha voz como a de um demônio. O padre assustado. - Eu sou um deus, e não te ouviria se viesse à mim com orações repetidas! Imagine ao Deus dos deuses!
- Você veio pedir ajuda, não ouse falar assim comigo.
- Não! Não ouse você desrespeitar um deus! Eu vim pedir ajuda, mas vi que quem precisa de ajuda são vocês! Não adianta, o povo nunca vai poder ajudar Deus! Amanhã será domingo, eu estarei na missa. - fui embora. Amanhã o povo vai conhecer a verdade. Eu peguei a Bíblia. Li ela, inteira. Graças à minha super velocidade eu à li em 10 segundos.
- Amanhã, os olhos do povo serão abertos! "E conhecereis a Verdade, e a Verdade vos libertará."
Hoje é domingo, eu já estou na igreja. A missa começou, depois de uns 30 minutos o padre começa a falar da Bondade de Deus. Eu começo a bater palmas lentamente.
- Quanta babaquice. - me levanto - Você fala de um Deus que é Amor, que é Bondoso, mas e a parte da Justiça, Padre? - fui à frente da igreja, me virei para o povo. - Eu pensei que não sabia nada sobre Deus. - o povo está assustado - Mas então eu falei com este Padre. Descobri que eu sabia muito mais do que ele. Qual a rotina de vocês todos os dias? O que vocês fazem? - incentivo o povo a falar, mas todos permaneceram calados. - Vem para a igreja aos domingos, vão pra casa de vocês, e então a semana começa de novo. Vocês vão trabalhar, vocês fazem planos, fazem promessas, descumprem promessas. - dou uma pausa, me aproximo mais do povo, caminhando pela a igreja. - Quantos de vocês têm filho? - a maioria levantou a mão - Ótimo, agora quantos de vocês disseram hoje mesmo para seus filhos o quanto vocês os amam? - ninguém. - Vou facilitar para vocês... Quantos disseram essa semana um "filho, eu te amo"? - dois ou três. - Pois é... Mas Deus não é amor igreja? Vocês não são de Deus então? - questiono.
- Quem é você para falar? Eu te vi na televisão, ouvi falar de você, o Demônio dos olhos azuis não é? - indagou um dos membros da igreja - Você mata pessoas. - me aproximei do senhor.
- Sim. Eu mato pessoas. Um Demônio ensinando à vocês sobre Deus. A questão é que, eu já tirei a vida de muita gente. E eu vi a família de muita gente em prantos. - olhei para todo o povo. - Sabe quais são os lamentos dos que ficaram? "Eu podia ter feito mais por ele"; "Eu nem estava falando com ele!"; "Droga! Por que diabos eu nunca disse que o amava?". Esses sãos os lamentos! Os seres humanos são uma raça ingênua, orgulhosa, que só dá valor quando perde! - minha voz coberta de ira. - Eu li a Bíblia de vocês ontem. Lá diz que "a vara da disciplina tira a loucura da cabeça da criança". - um sorriso em meu rosto. - Oh, minhas crianças. É isso o que eu faço. Disciplinar! Para tirar a LOUCURA da mente de vocês! - peguei meu facão. - Essa lâmina aqui já viu muitas vidas partindo desse mundo para outro! - guardei o facão - Calma, eu não vou matar vocês. A questão é... Mesmo eu matando pessoas, ainda sou mais puro que a maioria de vocês. Meu coração é puro ódio. E o de vocês? Dividido, ódio, rancor, medo, dúvida, saudades, tanta coisa... Vocês não são diferentes de nenhum vagabundo que eu matei. Parem de fazerem suas rezas repetidas enquanto milhões morrem! Parem de fazer o que todo mundo já faz! Faça algo novo, inovador, algo que venha para somar! Falem com Deus, mas falem o que vocês realmente precisam falar, não uma simples oração que o Pai ensinou. Eu estou indo atrás de um demônio agora. Sim, um demônio vai matar outro demônio. Porque o meu título, não define quem eu sou! Tem muitos com nome de anjos, mas que fazem da vida de outras pessoas um verdadeiro inferno! Ah! Se eu encontrar você vagabundo! Você morre em milésimos de segundo! - e a igreja se espantou. E eu fui embora, de cabeça erguida. Por que eu fiz isso? Ah... Não sei... Eu sou um deus. Me deu vontade de abrir a mente de algumas pessoas, e eu gostei. Não, não teve um motivo específico para eu fazer isso. Foi apenas minha vontade. A vontade de deus. E que prevaleça, a minha vontade.
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Coração de Gelo
Ficção GeralÀ mil e quinhentos anos atrás existia um exército de homens imortais com habilidades extraordinárias, homens que levavam os injustos para a justiça, homens considerados maus, pois diz a lenda que eles nem tinham coração, ou se tinham já estava conge...