Já se passaram 6 meses desde a minha visita na igreja católica. Desde o incidente na casa branca não tive mais nenhum sinal do Demônio caçador de almas, talvez ele nem exista, talvez seja só um homem tentando provar à si mesmo que é um deus. Nos últimos meses eu não tenho saído às ruas para levar justiça aos criminosos, só tenho ido às ruas para interrogá-los para obter informações sobre o tal Demônio. Mas até agora nada! Preciso voltar à vida de justiceiro, não posso dedicar o resto da minha existência para achar alguém que eu nem tenho certeza se existe ou não.
De repente, um barulho me faz despertar dos meus pensamentos. Eu estou em um hotel, a mulher que está na cama, ao meu lado, está dormindo - foi uma noite longa! - Eu me levanto da cama com cuidado para não acordar a moça que nem sei o nome. Vou até a janela do quarto que fica de frente para a avenida movimentada. Abro a janela, com minha visão super rápida eu consigo notar alguém entrando pela janela assim que eu abri, mas se minha visão fosse como a de um humano eu não teria visto, seja lá quem for, ele é rápido! Olho para trás, mas não vejo ninguém. Começo a vasculhar o quarto, olho para o banheiro. Um homem da minha altura, cabelos pretos na altura dos ombros, olhos vermelhos, com uma armadura cor de prata.
- Olá, irmão. Soube que me procuras. Bem, aqui estou. - diz o homem á minha frente.
- Irmão?
- É uma expressão. - revira os olhos.
- Você... O Demônio caçador de almas.
- Na lata! - pisca pra mim.
- Sendo assim... - me aproximo dele - Vou pedir para me esperar lá fora! - o atiro pela janela do hotel, sem fazer barulhos extremos. Deixo uma quantia em dinheiro do lado da cama. - Pague a conta, amor. - e então vou em direção á janela, pulo.
Quando alcancei o chão vi meu oponente de pé, me aguardando.
- É só isso que sabe fazer? - diz abrindo os braços - Eu esperava mais de um deus! - então avanço pra cima dele em alta velocidade, mas ele desvia e eu atinjo o ar. - Você é lento... - diz com a mão no queixo como se estivesse refletindo sobre algo, mas só está tirando com a minha cara! - Deve estar velho.
Ataco mais uma vez, desta vez com o meu facão de caça, vários golpes por segundo, todos em velocidade absurda! Mas ele conseguiu desviar de todos - TODOS - os meus golpes.
- Entendi, você não é um homem de muitas palavras não é mesmo? - ele diz desembainhando sua espada, uma espada longa, revestida de ouro. - Deixa eu te mostrar como se ataca um deus! - e então ele avança, vários golpes, eu bloqueio grande parte deles com meu facão, mas meu facão não é tão forte como sua espada, não demorou muito para ele se partir. - Desarmado, como os fracos sempre ficam!
- Então há um erro aqui. - falo me levantando - Você ainda está armado! - avanço e dou um soco poderoso no seu queixo e ele voa. Quando ele cai no chão eu avanço e pego a espada dele. - Agora sim está certo. - ele começa a rir, rir muito.
- Você! - quase não consegue falar de tanto rir - Você é patético! Você não pode me vencer, Meliodas. Você é fraco. - quando me dou conta ele já está atrás de mim. - E lento. - me dá um soco na nuca e eu caio no chão. - Vamos, preciso te mostrar onde eu vivo. - e então ele me dá um soco super forte e eu desmaio.
Acordo em uma espécie de castelo, é algo enorme. Estou amarrado, no chão, correntes em volta dos meus braços e pernas. Olho para minha frente e vejo o tal Demônio, escrevendo em algum livro. E ele está cantando.
- Moro num país tropical, abençoado por Deus
E bonito por natureza (mas que beleza)
Em fevereiro
Tem carnaval...
- Que bosta de música é essa? - falo com dificuldade, eu estou sangrando, ele me torturou enquanto eu estava inconsciente com certeza!
- Oh, Sr Meliodas! Vejo que acordou! - estamos falando na língua portuguesa agora. - Não estamos mais nos Estados Unidos, Sr Meliodas. Estamos no país tropical! - ele diz erguendo as mãos para o alto e girando, como se estivesse dançando.
- Pela merda de música eu já sei que país é.
- E qual é?
- Brasil.
- Quem diria! Você acertou! Mas a música não é um lixo não, lixo é o que você faz! Você mata para salvar, qual o sentido disso? Afinal, você é um deus, ou um demônio? Que eu saiba demônios não salvam pessoas.
- Sou um deus.
- Sr Meliodas, deixa eu te contar. - ele se aproxima - Deuses, também não salvam pessoas. Deus salva! Mas o seu "d" é minusculo, você não é do bem. Você é o vilão!
- Talvez eu seja o vilão.
- Tudo bem. Vou te contar uma história. - ele pega uma cadeira e se senta na minha frente.
- Odeio histórias.
- Ah, mas dessa você vai gostar! É uma lenda... Bom, á muitos anos... Existia um exército, homens poderosos... Alguns os cultuavam como deuses! Eram seres imortais! Eles ajudavam as pessoas. Mas havia outros deuses por aí, e esses deuses não sabiam. Em um belo dia... Outros seres mataram á todos esses deuses. Apenas um sobreviveu, um menino, ele foi polpado por um único motivo. Ele era filho de um dos imortais que mataram seu povo. Isso mesmo, ele tinha o sangue de ambos imortais. Um menino metade deus e metade demônio.
- E o que eu tenho a ver com isso?
- Meliodas, essa é a sua história. Você é esse garoto. - um choque.
- O que? Está me dizendo que você faz parte dos demônios que mataram meu povo? - a ira já estava me consumindo.
- Eu não sou demônio, Meliodas. Seu povo eram os demônios, meu povo são deuses. Se sua mãe não tivesse se deitado com um dos nossos, você seria apenas um demônio. E estaria morto.
- Por isso vocês conseguiram matar meu povo, deuses são muito mais poderosos do que demônios.
- Isso mesmo, um demônio só pode matar um deus com a própria arma desse deus. Porém um deus pode matar um demônio com as próprias mãos. Por isso nossas armas fazem um estrago enorme em você, são feitas por deuses, por isso também você não consegue se soltar dessas correntes.
- Desgraçado! - falei tentando me soltar. - Então é ao contrário não é? Os Demônios são os mocinhos, e deuses os vilões.
- Não, nada disso, Meliodas. Os demônios são apenas coração mole, a parte dura em você, essa é a sua parte deus falando. A parte fraca por pessoas inocentes, essa é a bosta do sangue de demônio que corre pelas suas malditas veias!
- O que você está dizendo é que sou mais fraco por isso? Por ser metade deus e metade demônio?
- Não! Justamente ao contrário! Você é mais forte, porém, não descobriu a sua força.
- E por quê estamos no Brasil?
- Porque seu treinamento começa aqui. Vamos limpar uma das favelas do Rio de Janeiro.
- Então me tire daqui.
- Não até Ele dar a ordem.
- Ele?
- Sim, o Deus Supremo. - ótimo, tem mais um.
- Quem é esse Deus Supremo?
- Ele é o Líder da raça de deuses. Ele mesmo ordenou que fossem mortos todos os demônios. - ele parou, olhou para mim - E foi Ele, quem ordenou que você vivesse. Ele polpou sua vida.
- Oh, que lindo. Espera que eu chore?
- Na verdade eu esperava sim.
- Então espere sentado.
- Oh, não não não não não. Você vai chorar mais cedo do que pensa. - então ele pegou uma estaca de aço forjado por deuses e enfiou na minha perna. E eu gritei de dor. - Viu só? Você é fraco! Fraco! E é para isso que eu estou aqui. Para deixá-lo forte! - então ele começou a me retalhar por inteiro. E não pude evitar as lágrimas de descerem. Eu gritava de dor. E ele rindo o tempo todo. E então minha visão começou a escurecer. - Isso, durma minha criança. - ele disse colocando a mão embaixo do meu queixo e então eu apaguei, pela segunda vez em toda minha existência, eu apaguei.
Acordei ao ar livre, não reconheci o lugar de primeira, mas depois vi que estava no alto do "morro" como chamam, estava no Rio de Janeiro. Acorrentado.
- Olha só quem acordou! Como está Bela adormecida? - disse o verme sendo irônico.
- O que estamos fazendo aqui? - perguntei entre os dentes, meu corpo estava demorando para se curar.
- Eu te disse, vamos começar o seu treinamento. Vamos apenas esperar anoitecer.
- Eu fiquei apagado quanto tempo? - terminei de falar e ele me deu um golpe e eu desmaiei novamente.
Acordei com o Demônio jogando água na minha cara.
- Merda, você tem algo contra me deixar acordado? - disse revoltado.
- Na verdade não... - ele disse refletindo - Mas é TÃO divertido! - começou a dar gargalhadas. - Vamos! Hora de matar todos os bandidos de merda! - disse fechando a cara de uma hora pra outra.
- Seu humor não é nada estável né. Me tire daqui então, para que eu mate esses vagabundos.
- Então, esse é o primeiro passo. Descubra sua força interior, sua força divina não demoníaca. Desperte o deus que há em você e arrebente as correntes!
- Está me dizendo que até hoje eu só tenho usado minha parte demoníaca?
- Sim, não reparou que você é fraco?
- Não. - me concentro, mas não consigo despertar nenhum deus em mim. - Não dá.
- Dá sim! Essa é sua parte demônio falando. Pense em coisas divinas, como céu, ar, fogo e água.
- Ok. Céu, fogo, ar, água. Céu, fogo, ar, água. - fechei os olhos - Céu, fogo, ar, água. Céu, fogo, ar, ÁGUA! - gritei com toda força! Meus olhos brilharam azul, mas algo estava diferente. Claro, além de eu estar completamente nu. Uma energia azul emanava do meu corpo. Era visível isso! Eu senti um poder que eu nunca havia sentido antes, era como se todos esses anos eu estivesse usando apenas 10% do meu poder. Esse com certeza era o lado deus em mim! E então as correntes se arrebentaram.
- Parabéns. Vamos descer a favela. - disse o desgraçado na minha frente.
- A única coisa que vai descer aqui vai ser o seu corpo pra cova. - e então eu avancei pra cima do deus que estava na minha frente. Com todo esse poder eu poderia derrotá-lo. Mas para a minha surpresa um raio me atingiu e eu caí no chão.
- Hora de morrer. - disse o brutamonte descendo do céu com um machado enorme em mãos. Mas ele foi parado pelo Demônio caçador.
- Espere, irmão! É ele quem o Mestre quer. - os olhos do brutamonte se arregalaram. E então ele se aproximou de mim, e eu me coloquei de pé. Fechei as mãos em punho, já que estava sem arma nenhuma, me preparando para uma luta. Mas para meu espanto, ele se ajoelhou diante de mim.
- Oh, me perdoe. Eu não sabia que era o Sr Meliodas.
- Como sabe meu nome? Como todos vocês sabem o meu nome? - eu ja estava irritado por não me contarem tudo.
- Se você quiser saber tudo, vai ter que fazer o que eu mando. - disse o Caçador de almas.
- Eu não sigo ordens de ninguém.
- Terá que mudar isso se quiser respostas. - pensei por um momento.
- Tudo bem. Me dê uma arma e vestimentas e eu detono essa favela. - então ele me deu apenas uma calça, e um facão de caça.
- Mostre para todos que isso é o suficiente. - então vesti minha calça. Preparei o facão. E desci a favela, não disparado, mas devagar. Eu estava muito poderoso, estava com medo de destruir tudo em volta. Tentei me controlar.
Um dos traficantes me vê, e avisa à todos os outros, os fogueteiros soltam seus fogos para avisar a favela. Então, vários homens na minha frente, nos telhados, todos armados. Eles disparam. Metralhadoras, fuzis, eles usaram toda a força. Pensaram que eu estava com um exército... Pobres homens, perto de mim, um exército não é nada.
Agora sim, desci a favela disparado, um a um foi morrendo ao fio do facão que estava na minha mão direita. Eu destruí muitas casas, ainda estava aprendendo a controlar todo esse poder. Eram muitos homens e estavam espalhados pela favela, antes, eu levaria no mínimo 1 minuto para matar à todos, mas agora, eu só levei 15 segundos. Eu estava muito veloz, eu estava muito poderoso. Voltei para onde os dois deuses estavam, meu facão coberto de sangue, a energia azul emanando do meu corpo, meus olhos, brilhando.
- Demorou muito. - disse o Demônio caçador.
- Desculpa, eu estava meio enferrujado.
- Bom, a propósito. Este é o deus Atômico. - disse apontando para o brutamonte com o machado.
- Já nos conhecemos não é mesmo? Encoste em mim de novo, e eu te mostro como matar um deus. - falei apontando o dedo na cara dele.
- Agora entendi porque o mestre escolheu ele. - disse rindo.
- Me escolheu para que?
- Não vamos falar sobre isso. - disse o Demônio caçador de almas. - E a propósito, meu nome é Diávolos.
- Diávolos, eu quero saber para que eu fui escolhido.
- Você saberá na hora certa. Quando o Supremo vir.
- Quem é esse desgraça... - fui interrompido por um soco na boca que me fez ir pro chão.
- Não ouse blasfemar contra o deus Supremo! - disse Diávolos. Podemos trocar esse nome?
- Não ouse me encostar outra vez. - disse me levantando.
- Você pode ter descobrido todo o seu poder, mas eu fui treinado por deuses, você não pode me derrotar.
- Tem razão, mas vai chegar o dia que eu vou estar pronto, e quando esse dia chegar...
- Quando esse dia chegar ja estaremos todos mortos, agora vamos para Israel. Precisamos ajudar o povo judeu.
- Agora vocês são do bem?
- Não, só estou cumprindo meu papel, treinar você. E entrar em uma guerra de Israel é uma boa aula. - disse e então nós três fomos em direção à Israel.
Eu vou fazer tudo o que ele manda por enquanto, só para saber qual é a desse deus Supremo. E arrancar respostas dele.
Bom, vamos para Israel então.
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Coração de Gelo
Fiction généraleÀ mil e quinhentos anos atrás existia um exército de homens imortais com habilidades extraordinárias, homens que levavam os injustos para a justiça, homens considerados maus, pois diz a lenda que eles nem tinham coração, ou se tinham já estava conge...