No meio da floresta sem fim... Lá estava eu, um humano, não mais um deus, mas um homem comum.
Depois de várias tentativas fracassadas de usar meus poderes eu aceitei que eles realmente haviam sumido. O dano no meu corpo era grave, mas a dor maior que eu sentia era no meu espírito, no meu ego! Como eu vou poder continuar assim? Sem ser um deus? Não! Eu preciso recuperar meus poderes de volta!
Me levantei, sacudi a poeira.
- Hora de achar um jeito de sair daqui! - falei para eu mesmo. E então eu comecei a andar pela selva, era uma selva linda. Como eu nunca tive tempo para explorar algo assim?
Eu me lembro de uma aula de Diávolos, que ele disse:
- A selva representa "sobrevivência", os soldados preferem a selva para se camuflar, para se adaptar ao seu ambiente confuso, para fazer de suas fraquezas uma fortaleza! - disse Diávolos à alguns meses atrás.
E é isso o que eu vou fazer! Eu vou me adaptar! Eu vou sobreviver!
De repente um barulho me faz despertar de meus pensamentos. Ouço passos, com minha audição treinada por Diávolos caso algum dia perdêssemos os poderes, consigo identificar que são 3 homens se aproximando quase silenciosamente. Me escondo na selva e espero eles passarem.
Então eles passam por mim. São soldados! Espero eles passarem, e avanço em cima do terceiro homem, o sufoco sem que os outros se dêem conta. E então pego seu rifle e atiro nos dois soldados a minha frente. Atiro na cabeça de um e na coluna de outro. Me aproximo do soldado que ainda está vivo.
- Aonde eu estou? - grito intimidando o jovem soldado.
- Você está na selva seu covarde! - ele me chamou de covarde?
- O que o exército faz aqui?
- Isso é confidencial. - chega, perdi minha paciência. Bato o rifle no crânio do soldado até ele ficar esmagado.
Bom, já que eu estou aqui e pelo visto o exército está em guerra, é melhor eu me equipar. Roubo a roupa do primeiro soldado que eu matei, já que foi uma morte limpa, sem sangue, revisto o corpo dos outros cadáveres pego munição, pego uma mochila, um colete, dois rifles, uma sniper. A mochila está cheia de suprimentos para sobrevivência na selva, tem algumas munições, uma bússola, entre outras coisas que não vi a princípio. Coloco um capacete do soldado.
Meu único objetivo agora é sobreviver.
Já estou andando à quatro horas, estou exausto, falha de ser um humano. Já identifiquei o lugar em que estou, Brasil, Amazonas. Finalmente estou em um lugar do Brasil que preste! A selva é muito linda. Os soldados do Brasil são um dos mais bem treinados do mundo, principalmente em selva. Serei mais sigiloso a partir de agora. Eles estão em alguma missão, mas contra quem estão lutando? De repente ouço disparos. Me jogo no chão da selva, me camuflando na área verde.
Espero por um momento... Vejo uma movimentação do meu lado direito, 5 soldados passam por mim sem me notar, mas esses soldados não são brasileiros, foco na bandeira de seus uniformes. São soldados colombianos, o Brasil está em uma missão contra a Colômbia!
Então agora é hora de decidir à quem eu vou ajudar... Bom, como estou em território brasileiro é mais inteligente eu ajudar o exército brasileiro. Então, que assim seja.
Espero os soldados colombianos se afastarem, e então pego minha sniper. Atiro no primeiro homem. Os outros nem viram da onde veio a bala. Atiro no segundo, agora eles começam a fazer alguns disparos aleatórios para fingir que sabem da minha localização. Atiro no terceiro soldado. Os 2 que sobraram se jogaram no chão para tentar pegar visão de mim, claro, sem sucesso. Eu mirei na cabeça do quarto soldado. O tiro foi certeiro. O último soldado me viu, mas já era tarde mais, o tiro atravessou seu crânio.
- É... Já estou aquecido. Hora de começar o show! - antes de continuar meu caminho resolvi ir revistar os corpos que eu havia derrubado. Não encontrei nada que eu já não tivesse, mas quando olhei a mochila do último soldado, encontrei algo... Interessante e um tanto... Curioso. Ao que parecia uma bola de cristal. Ela brilhou assim que eu a peguei. Achei melhor levá-la comigo para estudá-la mais tarde. Já estava escurecendo, e eu já estava exausto. Acho que pela primeira vez em toda minha existência eu vou dormir. O sono é algo novo para mim, assim como o desgaste físico, a fragilidade humana, enfim, ser um humano é algo novo pra mim. Sentei próximo a uma árvore, a qual eu me apoiei. Fiquei ainda umas 2 horas acordado, tentando ouvir qualquer movimento na selva, os poucos que ouvi eram de animais. Então adormeci.
Acordei com o sol quase me cegando, limpei minha visão, demorou um tempo para conseguir enxergar tudo nitidamente, mas conforme minha visão foi clareando eu pude notar que estava cercado por vários soldados brasileiros com rifles apontados para mim. Sem a minha velocidade divina eu não tinha chance de matá-los. Bom, mas eu estou com a farda deles, então quem sabe eu consiga enganá-los.
- Que isso pessoal, eu sou um de vocês.
- Nós conhecemos nossos parceiros, você nunca esteve no exército brasileiro! Quem é você? Um colombiano?
- Não, eu não sou colombiano.
- Me dê um bom motivo para não te matar agora.
- Eu sou mais valioso vivo. Eu matei 5 colombianos em apenas uma noite.
- Então o seu número de mortes é 5?
- Não, meu número de mortes excede a casa dos milhares.
- Está mentindo.
- Olhe nos meus olhos, soldado. Veja se esse é o olhar de um homem que está mentindo. - o soldado parou por um tempo.
- Está bem. Vamos levá-lo para a base. Desarmem ele. E tira essa roupa que ele não merece usar.
Então os soldados tiram toda as minhas armas, levaram minha mochila, e tiraram a farda que eu estava vestindo. Me deram uma calça jeans e uma camisa branca.
Andamos alguns metros e chegamos à um camburão, os soldados me jogaram no fundo do carro sem a menor gentileza. Depois de algumas horas de viagem já estávamos na base. Me levaram até o homem que julguei ser o general.
- Coloquem ele aí. - disse o general apontando para a cadeira que estava à sua frente. Tiraram as algemas de mim. E ali me deixaram.
Os soldados ficaram posicionados ao nosso redor, imóveis.
- Quem é você? - perguntou o general em pé à minha frente.
- O senhor pode se sentar? Eu me sentiria mais confortável. - me deu um soco na boca e eu quase caí da cadeira.
- Não está aqui para se sentir confortável.
- Está bem.
- Só vou perguntar mais uma vez. Quem é você?
- Eu sou o Demônio dos olhos azuis. Já deve ter ouvido falar de mim.
- Ótimo, mais um pirado que pensa ser o Demônio. Não vou nem perder meu tempo, levem ele e joguem o mais longe de mim. - os soldados se prepararam para me levar. Mas eu me levantei e soquei o primeiro que caiu no chão, outro soldado tentou bater com o rifle na minha cara, mas eu me desviei e tomei o rifle de sua mão e em seguida o acertei. Nocauteei os outros que se aproximaram, outro soldado quase consegui me acertar, mas o quase não deixou. Ele também foi pro chão com um soco que eu dei.
- E então general, acha mesmo que um louco seria capaz de fazer isso? - os soldados se levantaram para tentar um segundo round, mas pararam com o sinal do general.
- Bem, rapaz. Suas habilidades são notáveis... Teve treinamento militar?
- Pode se dizer que sim.
- É um mercenário? Um espião?
- Eu já disse quem eu sou.
- Certo. O Demônio dos olhos azuis... Cadê os seus poderes então?
- Tiraram de mim.
- Quem tirou?
- Um outro deus.
- Quer mesmo que eu acredite nisso?
- Tudo bem, não acredite. Mas você não pode ignorar de que tem a chance de ter no seu exército um excelente soldado. Vai jogar essa chance no lixo?
- Talvez eu jogue...
- Estou pagando pra ver.
- Certo. Prendam ele. - e então os soldados me algemaram novamente, estavam com um pouco de medo de eu resistir, mas não resisti.
Esta noite eu durmo na cela, os outros deuses eu não sei onde estão, não sei nem se estão vivos... Meus amigos... Diávolos, Vulcânia... Madmá... Atômico...
- Droga! Eu preciso sair daqui! - falo em um tom alto. Minha respiração começa a ficar ofegante, meu coração dispara. - Por... F-favor! Vocês t-tem que m...me deixar sair! - estou suando, bato nas grades da cela com força até machucar minhas mãos. Um soldado aparece em frente à cela.
- Ele está tendo uma crise de ansiedade! - grita para os demais.
- Que? - questiono enquanto mal consigo respirar - Cri...crise de que? - desmaio.
Acordo em uma maca, minha visão ainda embaçada.
- Demônio? Já dormiu o suficiente? - vejo o general a minha frente.
- O que? Quanto tempo fiquei inconsciente? - pergunto limpando minha visão.
- 2 horas. Você teve uma crise de ansiedade. Muito comum quando se passa por traumas ou perdas graves. No seu caso deve ter sido o fato de ter perdido seus poderes.
- Foi uma junção de muitas coisas.
- Tudo bem. Reviramos suas coisas, tinha algo interessante na sua mochila. - diz pegando a bola de cristal - Sabe o que é isso?
- Uma espécie de bola de cristal.
- Não, não é. Eu deixei ela cair no chão quando tirei ela da sua bolsa, ela não se partiu como pode ver. Então eu fiquei curioso, porque ela é feita de cristal, isso é notório, mas ela não quebrou nem quando eu a colidi contra a parede. Depois mandei meus homens metralharem ela. Nem um arranhão.
- Hm... Deve ser importante.
- Sim, claro que é! Quero lhe propor um acordo.
- Estou ouvindo, general.
- Se me ajudar a descobrir o que isto é, para que serve, então terá sua liberdade.
- Belo acordo... Mas como eu descobriria?
- Você robou ela de um colombiano, não foi? O exército da Colômbia com certeza sabe o que é. Eu lhe darei armamento, e tudo o que precisa para esta missão, meus homens irão ajudar. E em troca estará livre para seguir seu caminho. - disse estendendo a mão.
- Tudo bem, eu aceito. - falei apertando a mão do general.
Ele pediu para os soldados me soltarem, - já que eu estava algemado na maca - depois me entregou o objeto misterioso.
- Vá descansar Demônio dos olhos azuis, amanhã você começa sua missão.
- Por que não começar hoje mesmo general? - me olhou espantado.
- Não está cansado?
- Estou.
- Não prefere descansar esta noite?
- É que sou um melhor soldado na noite.
- Como quiser. - agora eu tenho acesso livre a todos os lugares da base militar, exceto algumas salas que somente os superiores têm acesso.
Fiz algumas estratégias para capturar alguns soldados colombianos, eu sabia mais ou menos onde os inimigos estavam, claro que vão se camuflar na selva assim que detectarem qualquer sinal de perigo, mas meus olhos são treinados para os detalhes. Tenho um mapa da floresta Amazônia, peguei minha mochila que o general me entregou, coloquei a bola de cristal dento dela, peguei meu rifle e parti para a selva.
Um camburão me levou até a mata, alguns soldados iriam comigo. Depois de algumas horas chegamos na floresta, os soldados e eu descemos do carro.
- Fiquem em alerta. Já sabem que estamos aqui. - falei para os soldados assim que descemos.
- E como sabe? - um dos soldados questionou.
- Apenas faça o que eu digo.
- Não recebo ordens suas. - falou me encarando, me virei para ele e me aproximei ainda mais.
- Terá que seguir minhas ordens daqui em diante se quiser viver.
- Que tal eu atirar na sua cara e falar pro general que você nos traiu?
- Chega. Não vamos perder tempo. - falei dando as costas para o babaca.
Já estamos andando pela mata a uns 30 minutos e ainda não encontramos nenhum soldado colombiano. É hora de colocar meu plano em ação. Joguei a bola de cristal no chão e atirei para o céu.
- Está maluco? Acabou de entregar nossa posição! - disse o mesmo soldado chato.
- Segue o plano!
- Que plano?
- Ah, quer saber? - dei uma coronhada com o rifle no soldado e ele desmaiou. Os outros apontaram suas armas para mim. - Ei, calma pessoal. Calma. Ele ia estragar tudo. - peguei o soldado que agora dormia e o joguei no ombro - Vamos, temos que nos esconder. - os soldados estavam meio desconfiados, mas no fundo sabiam que o reclamão ali ia acabar colocando tudo a perder. Todos nos escondemos, nos camuflando na selva.
Agora é só aguardar.
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Coração de Gelo
Ficción GeneralÀ mil e quinhentos anos atrás existia um exército de homens imortais com habilidades extraordinárias, homens que levavam os injustos para a justiça, homens considerados maus, pois diz a lenda que eles nem tinham coração, ou se tinham já estava conge...