Wrong hours, unexpected moments

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CAMILA'S POV

Caminhei até a cozinha com a cabeça mais pesada do que filhote de elefante e latejando como se tivesse uma bomba dentro, explodindo a cada segundo. Peguei um comprimido na nécessaire de medicamentos, que ficavam no armário, e peguei um copo de água na geladeira antes de voltar lentamente para o quarto. Chequei as horas no relógio de cabeceira e o mesmo apontava 4:30 da manhã, o que significava que me restava ainda algumas boas horas de sono e tempo suficiente para que o remédio fizesse efeito até a hora de ir trabalhar.

Horas depois, acordei com um som extremamente barulhento vindo do aparelho celular de Shawn, e o observei desligar rapidamente me olhando com cara de paisagem por ter me acordado.

— Bom dia? Amor. — Respondeu um pouco sem graça e eu voltei a deitar a minha cabeça no travesseiro.

— Bom dia.

Após responder com uma voz nem um pouco simpática, voltei a fechar meus olhos e desejei, por um momento, continuar com o meu sono de onde parei, mas isso não foi possível, infelizmente. O celular do garoto começou a tocar novamente — lê-se gritar — e logo "Best Friend" da banda Foster The People foi ouvida, o que me deixou um pouco mais humorada. Eu amava aquela música.

Mendes pegou o aparelho e, sem ao menos olhar o nome no visor, desligou a chamada e deixou o celular de lado, vasculhando alguma coisa em seu closet e mais uma vez me peguei pensando naquele mistério todo que ele fazia. Não era possível agora que todos os dias ele iria agir daquela forma estranha e eu, como sempre, iria ficar de tonta na história, sem saber de absolutamente nada.

Quando o aparelho voltou a tocar pela terceira vez, eu o encarei séria esperando por alguma reação do garoto, mas ele não fez nada. Apenas me encarou de volta e antes que ele desse o primeiro passo para desligar o objeto, eu me pronunciei, umedecendo os lábios antes.

— Agora você vai atender. — Estiquei o celular em sua direção e ele olhou do objeto para mim, dando de ombros e pegando.

— Não é nada de importante, Camila.

— Se não fosse, não estariam te enchendo o saco a essa hora da manhã. Vai, pode atender sem problema nenhum.

— Mas...

— Atende! — Ordenei e o vi arrastando um dedo pela tela de seu iPhone, atendendo momentaneamente.

— Oi? Sou eu. — Enquanto ele falava, eu cruzei os braços debaixo dos seios e o encarei atentamente. — Sei... Então eu dou uma passada ai mais tarde. OK então...

— Quem é? — Perguntei sem me importar se ele ainda estava na chamada e ele me encarou, pedindo licença para a pessoa do outro lado da linha. — Quem é? Eu quero saber.

— Minha avó. Lembra, aquela que eu te falei...

— Posso falar com ela? — Perguntei ouvindo um "quê" inaudível pronunciado por ele — A sua avó, eu quero falar com ela.

— Mas não é nada demais. Eu quero poder apresentá-la a você, mas quero que isso seja pessoalmente, não por telefone.

— Eu não me importo se o nosso primeiro contato será por telefone ou não, e acredito que ela também não se importa.

The JudgeOnde histórias criam vida. Descubra agora