A moça tremia, queria falar muitas coisas que o medo não permitia - queria dizer tudo que não podia pelas tantas conversas pelo telefone que tinham. Declaravam-se, juravam amor eterno, prometiam marcar um encontro que nunca existiu.
Um dia, ela o viu sozinho em uma mesa de bar. Ela passou por ele tremendo que, sentado, fingiu que não lhe viu. Quando percebeu quem de fato era, quando acreditou que era ele, parou, com seus livros na mão, e voltou. Tomou coragem. Mas ele correu. Fugiu, como um rato assustado.
"Mas o que será que aconteceu com todo o amor declarado?", ela pensou. E pôs-se a correr atrás.
"Volta aqui! Volta aqui!", gritou, alcançando-o. "O que aconteceu? Por que você está fugindo?"
"Não podemos ficar juntos. Você tem um filho e minha mãe quer um neto. Você entende? Ela quer que eu tenha os meus próprios filhos. Quer vê-los bebês, quer ser avó desde o primeiro dia."
Ela ficou muda. A mensagem era clara. Os livros caíram, uma lágrima escorreu. Não havia argumentos possíveis. Inspirou profundamente, recolheu os livros e virou-se para partir. Mas nunca, nunca iria embora sem dar a última palavra.
"Adeus."
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Devaneios Curtos
RomanceNão é uma história, são várias. Ficção, romance, sexo ou o que mais passe pela minha cabeça.