Capítulo 02 - Preciso de uma dose forte

402 32 0
                                    

– Puta que pariu... – foi tudo o que o moreno conseguiu dizer enquanto engolia em seco sacando a grande lição de moral daquela noite.

Nunca faça pedidos para um Cluricaun bêbado.

- - -

– Calma, Dean. Nós vamos dar um jeito nisso.

O loirinho pareceu confuso com a afirmativa.

– Eu to calmo – então Sam ajoelhou-se e, observando o irmão embolado nas próprias roupas, segurou as mãos dele entre as suas. Mãos infantis de dedos rechonchudos. – As minhas mãos! Minhas mãos encolheram!

O moreno respirou fundo.

– Você inteiro encolheu, Dean.

– O... quê...?! – no mesmo instante Dean terminou de livrar-se da camiseta branca enorme e abaixou a cabeça analisando o corpinho nu – Encolhi aqui também! Não!!

– Dean! – Sam ralhou tentando não rir do drama, sem se surpreender realmente que o mais velho tivesse aquela preocupação – Vamos embora daqui.

– Sammy, o que que você desejou?

O mais alto não respondeu. Tratou de enrolar a camisa branca ao redor do irmão, protegendo-o com uma bata improvisada. Depois pegou-o no colo assustando-o um pouco, antes de recolher o resto das roupas e os sapatos.

– Sammy! Me põe eu no chão!! – o pequenino exigiu, apesar de passar o braço pelo pescoço do irmão de modo a ter mais equilíbrio.

– Não posso, isso está destruído totalmente. Você vai se machucar.

– Que ridículu! – a voz infantil nem de longe lembrava a de Dean. Isso fez Sam pensar em como a puberdade podia trazer mudanças significativas. Então meneou a cabeça aborrecido por ter perdido o foco.

– Vamos concertar isso – tentou passar alguma confiança na voz.

– COMO?!! – o loirinho acertou um soquinho irritado nas costas do outro – Sammy eu to do tamanho dum anão!

Sam não respondeu. Dean não parecia ter percebido a verdade: que ele não parecia um simples anão, e sim uma criança. Sem revelar a realidade pro irmão saiu rapidamente da casa, olhando precavido para os lados. Afinal o demônio ainda podia estar rondando as cercanias. E, além disso, ele não queria sequer pensar em todas as criaturas que preferiam vitimas infantis.

Aproximaram-se do esconderijo do Impala e Sam colocou Dean no chão. Enquanto o caçula ia guardar as roupas no porta-malas, o loirinho saiu pisando duro em direção à lateral do carro, conseguiu alcançar a porta, porém não teve forças para abri-la.

– Num fica olhano! Me ajuda eu aqui!

– Dean, você não pode dirigir... – Sam falou sem saber como explicar a realidade chocante que viviam naquele minuto.

– Eu só encolhi, Sammy. Ainda sei dirigi meu carro.

– Na verdade não foi só isso... a mudança não foi só no tamanho...

– Como assim? – o loirinho perguntou sério.

Antes de responder Sam aproximou-se e abaixou-se ao lado do irmão. Então tocou-lhe o queixo com cuidado e o obrigou a observar o próprio reflexo na lataria lustrosa do Impala. A luz da lua foi suficiente para que Dean conseguisse entender o que o caçula queria dizer.

– Maldição...

– Você parece ter voltado aos quatro anos de idade.

– Sammy...

And more confusionOnde histórias criam vida. Descubra agora