Capítulo 33 - A cobrança infernal

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Bobby entrou em casa e respirou fundo sem poder acreditar que estava de volta. Pelo menos por um pouco de tempo.

Jogou as mochilas sobre o sofá, enquanto Sam e Dean também entravam.

– Partimos amanhã – o mais velho decretou – Só paramos para reabastecer e passar uma noite debaixo de um teto familiar.

– Tudo bem – Sam concordou. Viajavam sem parar há três dias, dormindo em hotéis, às vezes motéis baratos. Ou dentro dos veículos. Estavam cansados pelo esforço, Dean mais do que todos parecia exaustos.

– Vou ver o que tem pra improvisar um almoço. Arrume um canto pra você e seu irmão descansarem.

E o dono da casa foi para a cozinha.

– Sammy, pode cola as figurinha agora?

O rapaz observou o irmão que o fitava de volta ansioso, segurando o álbum e um monte de pacotinhos; ignorando valentemente toda a exaustão da estrada. Algo se derreteu no coração de Sam e ele foi incapaz de negar o pedido.

– Podemos – aquiesceu. Tirou as mochilas de Bobby do sofá e sentou-se com o loirinho.

O esquema era o de sempre: Dean abria e Sam colava. Virando as folhas Samuel notou que estava quase completo, na mesma medida em que as repetidas se acumulavam. Naquele ritmo conseguiriam todas antes mesmo que Dean voltasse a forma adulta.

Enquanto assistia as mãos pequeninas trabalharem com pressa, Sam pensou mais uma vez na kitsune. Não compreendia a atitude dela. Desconfiava que Elisa não tivera coragem de matar o pequenino. O que era uma sorte e tanto. E por isso a mulher pagara o preço. Connelly entrara em contato uma última vez, por telefone, para dar o caso por encerrado para sempre.

Pensativo, o Winchester caçula analisou o irmão. A face infantil já estava totalmente curada, nem mesmo uma sombra restara daquela noite em que enfrentaram o espírito Myling, nada que mostrasse como Sam ferira o outro. A não ser as memórias do moreno. Ele jamais esqueceria aquela noite.

Também o corte no braço de Dean cicatrizara e nada restara além de uma fina cicatriz desbotada, quase imperceptível na pele branca.

Aquele era o preço pela vida que levavam. Os "negócios de família".

Sam respirou fundo. Colou a última figurinha e devolveu o álbum para o garotinho que observou fascinado seu pertence.

– Obrigado!

Em resposta Sam bagunçou os cabelos aloirados. Nunca poderia fazer aquilo com a versão adulta sem receber algum tipo de retaliação (ou algo pior). Precisava aproveitar oportunidades assim.

– Garotos! Venham comer – a voz de Bobby soou da cozinha.

– Vamos lá, Dean. Que tipo de veneno Bobby preparou pra gente, hã?

O loirinho colocou as mãos nos lábios tentando segurar a risada. Saltou do sofá, deixando o álbum sobre o estofado. Estendeu a mãozinha para que Sam a segurasse e puxou o irmão em direção à cozinha, sem surpresa alguma para o rapaz.

Sam já notara algo desesperador: cada vez menos reconhecia traços da versão adulta de Dean Winchester. O garotinho parecia assumir a mente do mais velho por completo...

S&D

Bobby improvisara uma macarronada que não estava ruim. Os três devoraram o almoço, finalmente podendo comer algo com um toque caseiro (apesar de ser o toque caseiro de Bobby Singer. Enfim...).

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