Aquilo que tem que ser feito

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– Não!

Bobby piscou confuso, enquanto a certeza ficava mais firme nos olhos de Samuel Winchester. Pelo visto ele mudara de idéia novamente.

– - -

– Não? – Singer repetiu sem acreditar no que ouvira.

– Quer dizer... – Samuel soou um tanto sem graça – Não podemos mesmo mantê-lo assim, Bobby? Não precisa deixar Dean com outra família. Nós cuidaríamos dele, faríamos certo dessa vez...

– Deixa eu pensar – o mais velho coçou a barba fingindo considerar a questão – Você diz que quer ver seu irmão crescer nessa vida outra vez? Quer arrastá-lo por aí exatamente como John fazia?

– Do jeito que você fala parece ruim...

– E não foi?

Sam apertou os lábios, contrariado.

– Não foi ruim – afirmou com um suspiro – Pelo menos não tanto quanto poderia ter sido. Mas tem razão como sempre, Bobby. Não podemos deixá-lo assim. Eu só... só...

– Sei o que tem feito desde que chegamos aqui, Sam. Não sou bobo. Finalmente você percebeu que essa situação tem um lado bom e começou a aproveitá-lo.

– É – o moreno respondeu – Não é tão ruim assim cuidar de uma criança.

– Sammy? Tio Bobby? – a vozinha cheia de sono chamou a atenção dos adultos. Dean entrava na cozinha esfregando os olhinhos – Bom dia.

– Bom dia, Sardento – Sam respondeu. Sentimentos ambivalentes faziam seu coração se dividir. Metade dele estava feliz por aquela confusão chegar ao fim. A outra metade não queria se despedir do pequenino.

Bobby viu o conflito nos olhos do rapaz. Coçou a nunca enfiando os dedos por baixo do boné azul e respirou fundo.

– Sam, por que não leva seu irmão pra dar uma volta na cidade? – então apontou o Cluricaun – Aquele bichinho não vai a lugar algum mesmo...

– OBA! Pode i Sammy?!

Samuel sorriu.

– Claro. Vamos trocar de roupa – mal Sam disse isso e o loirinho disparou de volta para o quarto. O rapaz ia seguindo atrás do irmão quando a voz de Singer o alcançou.

– Faça as coisas direito dessa vez.

O Winchester não respondeu, prometendo-se interiormente que se despediria da forma infantil de Dean Winchester do jeito certo.

A primeira providência foi escolher roupas adequadas para o menino. Escolheu aquela blusa do Batman que ele adorava. Apesar disso colocou um agasalho por cima. Os dias já eram mais frios, os pálidos raios do sol não conseguiam mais espantar a sensação de inverno iminente.

– Pegue seu álbum – Sam orientou, fazendo o loirinho se animar com a perspectiva de ganhar os preciosos pacotinhos – E as figurinhas repetidas também.

Depois disso foram para o Impala e seguiram até a cidade, uma viagem longa e solitária, mas feita num silêncio confortável por metade do percurso, já que a um ponto Dean voltou a bombardear o irmão com perguntas recheadas de curiosidade infantil.

– Sammy, por que o milho não cai? As ispiga fica pindurada? Papai do Céu amarro elas também? Por que elas são verde por fora? Se fica no sol vira pipoca?

O moreno se desdobrava pra tentar explicar todas as questões, divertindo-se por dentro ao final de cada interrogação. Iria guardar aqueles momentos na memória e no coração para sempre!

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