Capítulo 23 - Uma coisa malvada

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Elisa dirigia por horas e horas, cada milha avançada os levava mais próximos do reduto em que a kitsune pretendia se esconder com o que restara da família.

Sua condição sobrenatural a fazia mais resistente e forte que um humano comum. Não precisa descansar com tanta freqüência, ao contrário do pequeno Dean. O garoto já tirara vários cochilos. Vez ou outra perguntava quando iam chegar, pois estava cansado de viajar tanto tempo, de ter que parar para fazer xixi na estrada e não poder tomar banho. Faziam paradas rápidas para abastecer o carro e refeições ainda mais rápidas.

A mulher respondia que logo chegariam e em breve todo aquele transtorno teria fim.

Num dos silêncios prolongados que caiam sobre os dois viajantes Lisa finalmente se rendeu a curiosidade e perguntou algo que vinha incomodando desde que vira o menino pela primeira vez no Parque Florestal.

– O que houve com seu rosto?

Dean ergueu a cabeça e parou de brincar com os botões do casaco de adulto que o envolvia.

– Oi?

– O seu rosto – a loira insistiu olhando pelo retrovisor – O que aconteceu?

O Winchester desviou os olhos para a rodovia. Um Pejout branco seguia bem lá na frente, nenhum outro veículo estava a vista. Era um caminho solitário.

– Foi uma "coisa malvada", mas eu num posso fala disso com você...

– Por que não? – a motorista perguntou erguendo as sobrancelhas.

– Por que você num sabe das coisas malvadas, ué – ele respondeu no tom complacente de voz de quem fala algo que deveria ser óbvio.

– Ah, mas eu sei das "coisas malvadas", Dean. Se eu não soubesse Samuel nunca confiaria de deixar você comigo – ela mentiu sem remorso.

O loirinho refletiu o que ela dissera por alguns segundos. Pareceu convencido de que tinha certa lógica.

– Foi uma "coisa malvada". Ela tava tentano machuca o meu irmão e o Dean salvou ele.

– Ah... – Elisa se perguntava o que poderia ser essa "coisa malvada". Se eles estavam caçando, poderia ser praticamente qualquer criatura sobrenatural.

– Sabe... – o loirinho sussurrou – Uma coisa malvada matou a mamãe.

– O que disse? – Elisa surpreendeu-se com o que escutara.

– O Dean não lembra direito. Uma coisa malvada destruiu a nossa casa inteira e matou a mamãe. Depois uma coisa malvada matou a namorada do Sammy... eles ia até casa e tinha um monte de planos, mas agora num dá mais.

Elisa engoliu em seco sem saber o que dizer. As revelações do menino caíram sobre ela como um balde de água fria, revelações estas que pareciam longe de acabar.

– E uma coisa malvada matou o papai também. Nossa família acabou... sobro só o Sammy e o tio Bobby. E o Dean.

– Foi... foi por isso que vocês se tornaram caçadores? – Lisa perguntou com uma certa dificuldade de organizar as idéias.

– É. Papai num queria que outra família sofresse que nem a nossa. Ai a gente tentou protege as pessoas. Mais o papai morreu e o Sammy morreu também. O Dean ficou tão triste que procurou o demônio da encruzilhada e fez um pacto.

– O demônio da encruzilhada?! – Elisa era uma criatura sobrenatural. Conhecia outros seres como ela e isso incluía demônios, fantasmas e muitas outras. Não podia acreditar que aquele loirinho vendera mesmo a alma para salvar o irmão.

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