Capítulo 34 - O pedido realizado

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– Show time – o demônio falou, atiçando os monstros para cima dos irmãos Winchester.

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– Espere! – Samuel gritou em desespero. Medo e raiva se misturavam em seu coração – O prazo não acabou!

– Sabemos disso, Sammy Boy – O demônio debochou – Mas estamos realmente curiosos e isso é permitido nas letras pequenas do contrato. Vocês leram as letras miúdas? Acho que não – a criatura deu uma risada seca – A alma de Dean... bem, eu apostei que ficará nessa forma se for agora para o inferno. Imagina... nunca tivemos uma criança pra torturar em casa. Você sabe: geralmente crianças ficam presas no nimbo...

Sam sentiu um apertão na perna, onde Dean o segurava. Não teve coragem de olhar para o irmão e encarar o medo que tornava enorme os olhos verdes assustados. O rapaz se viu enroscado em uma armadilha sem saída: como poderia escapar? O demônio nunca passaria pelas defesas construídas por Bobby Singer. Porém essas mesmas defesas seriam apenas para a espécie dele. Cães do inferno poderiam atravessar calmamente e causar uma carnificina.

– Chega de conversa – o homem falou – Hora do lanchinho. Peguem logo Dean Winchester!

Desesperado, Sam pensou em tomar o irmão nos braços e tentar correr. Não iria longe... fez a única coisa que podia: abaixou-se e puxou o loirinho para si, protegendo-o com o próprio corpo. Se os cães do inferno queriam machucar o garotinho, teriam que matá-lo primeiro.

Talvez fossem, aqueles, os últimos segundos da família Winchester sobre a Terra. Talvez fosse destinado que todos morressem, de um jeito ou de outro, graças a demônios.

– Vai ficar tudo bem – Sam sussurrou a promessa sem garantia alguma apenas para que o loirinho não tremesse tanto em seus braços, com medo. Foi em vão. Dean intuía o que estava prestes a acontecer.

Estava tudo bem pra Sam morrer daquela forma. Afinal o que lhe restaria quando seu irmão fosse tirado de si? Não podia continuar em frente carregando a culpa de falhar com Dean. E o pior: condená-lo, quem sabe, a cair nas profundezas do inferno sendo apenas uma criança de quatro anos...

Os segundos se arrastaram com a lentidão de séculos. Milênios.

Todas as coisas que gostaria e deveria ter dito ao irmão passaram pela mente de Sam Winchester, ao mesmo tempo. E ele lamentou cada uma delas, na certeza de que em breve estaria tudo acabado. Haveria a eternidade para lamentar o que não fora dito, chorar o que não fora feito.

E, quem sabe, Sam não acabasse indo para o inferno junto com Dean...?

– Como assim não tem contrato?!

A pergunta feita pelo homem desconhecido soou cheia de surpresa e assombro.

Samuel abriu os olhos e virou a cabeça de lado para ver a expressão indecifrável que dominava a face do demônio.

– Acabem logo com a raça daquele moleque!! – o homem ordenou quase desesperado.

O moreno engoliu em seco, só então percebendo como estava apertando Dean nos braços, a ponto de chegar a machucar. Apesar disso o garotinho não reclamava, assustado demais com tudo o que acontecia. O corpinho frágil tremia de medo nos braços de Sam, que aliviou um pouco o abraço. Mas só um pouco.

– Dean...? – chamou suave. Antes que o garoto respondesse houve uma quase imperceptível mudança na atmosfera. Samuel voltou a olhar para o demônio, mas ele desaparecera.

Confuso, Sam ficou em pé com Dean em seu colo. Olhou de um lado para o outro sem compreender o que acontecera ali. O coração ainda batia acelerado e a boca estava seca. Sentia o suor frio escorrendo pela fronte e pelas costas, como dedos gelados lhe lembrando do medo estarrecedor e total impotência diante do que estava por vir.

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