Capítulo 07 - Sinto saudades de casa

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– Falta muito?

– Falta.

– Muito quanto?

– Muito.

– Quanto é muito?

– Muito é muito.

– Um tantão assim – o loirinho perguntou abrindo os braços o máximo que conseguia.

Sam olhou pelo retrovisor e sorriu.

– Mais ou menos isso.

– Aff – Dean reclamou largado no banco de trás – Posso senta do seu lado?

– Não. A lei não permite.

– Mais... Sammy... a gente faz um monte de coisa que a lei não permite...

– Isso não é negociável.

– Hum... o Dean quer taaaaaanto sentar no banco da frente...

– Mas o Dean não vai sentar.

A frase soou mais seca do que Sam pretendia. Talvez por isso o garoto enfeitiçado acabou ficando quieto na parte de trás do carro. Por poucos minutos, evidentemente.

– Ainda falta muito?

– Falta.

– Sammy, eu to com fome!

– Eu também, Dean. Assim que chegarmos à próxima cidade a gente para pra comer algo, okay?

– Hn, hn. E você me compra umas figurinha?

– Se você se comportar...

– Está falando como se eu fosse um pirralho!

– Você está agindo como um pirralho, Dean.

O loirinho emburrou e respirou de forma irritada e ruidosa propositadamente, querendo demonstrar seu descontentamento. Sam, que observava pelo retrovisor, segurou o sorriso. A carinha emburrada do irmão era algo hilário. E fofo.

Mas deixando a fofura de lado, havia algo preocupante naquela conversa: Dean estava, verdadeiramente, agindo como um garoto. Cada vez mais! E Samuel o tratava dessa forma por não saber o que fazer na situação. Não podia olhar uma criança de quatro anos, que falava errado e precisava de ajuda para escovar os dentes da mesma forma como olhava um adulto.

Sam temia que quanto mais demorassem para desfazer o pedido, mais afetado Dean ficasse.

– Falta muito...? – Dean perguntou do banco de trás.

– Falta – o moreno respondeu após uma olhadela furtiva que flagrou Dean esfregando os olhos de modo sonolento – Pode tirar um cochilo se quiser.

– Não quero...

– Quando acharmos um lugar para comer eu aviso você. Bobby está na frente com essa intenção.

– Já disse que não quero.

– Okay, me desculpe.

Ambos ficaram em silêncio novamente, até o sono vencer o garoto, que adormeceu no banco de trás. Sam sorriu balançando a cabeça, antes de ligar o rádio do Impala num volume baixo e numa rádio mais tranqüila, para que a música não acordasse Dean.

S&D

– Como foi a viagem?

– Nada bem – Sam respondeu ao descer do carro e encarar Bobby que havia estacionado no restaurante e aguardava a chegada dos irmãos – Dean parece agir cada vez menos como adulto. Ele tem as lembranças do presente, mas... é estranho, Bobby.

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