Capítulo 34 - Chegando perto

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A estrada para Elina era, de fato, bastante movimentada. Mercadores e soldados passavam ao lado de El e Alastor de tempos em tempos; quanto mais o elfo se aproximava da cidade, mais frequentes eram os encontros. Ao final da manhã, o clérigo parou para descansar por alguns minutos, sentindo-se levemente enjoado. Olhando para cima, não viu sinal de Faena, mas sabia que ela devia estar por perto. Depois de beber um pouco de água e dar bom dia a três soldados que trotavam ao longo do caminho, Eladar concluiu que quanto antes saíssem daquela estrada, melhor.

Não sei o que é, El pensou, enquanto escalava o torso de Alastor, mas não gosto deste lugar. Todo mundo parece meio desconfiado... quase como se as pessoas devessem alguma coisa, ou tivessem algum segredo para esconder.

Bem, o que estou dizendo? Eu tenho um segredo. Mas eles não sabem.

O rapaz olhou ao redor. O dia estava bonito. O ar, fresco. Ainda assim, Eladar estava inquieto. O estômago começou a doer mais.

Hei... hei...

A visão se nublou. Tontura, muita tontura. Ele conhecia bem aquela sensação.

Não, Eladar, pelo amor da Deusa, agora não. Agora não é hora para isso...!

O clérigo fechou os olhos e baixou a cabeça, suando frio. Deusa, por favor, me ajude. Não posso ter uma crise agora. Ele sentia vontade de vomitar, mas tentou erguer a cabeça, estremecendo. 

Quando abriu os olhos, já não estava mais na estrada de Elina.

O quê? Aqui?

O clérigo se lembrava daquele lugar. A prisão da Rosa Negra. Tinha cheiro de morte, era escuro e frio. Por que estou aqui de novo?

De repente, Eladar ouviu um grito. A voz era extremamente familiar. Olhando para o lado, El vislumbrou uma cena que fez com que seu corpo se enregelasse. O pânico subiu pela sua garganta em um berro.

Pai!

Myron estava no chão, esparramado como um saco vazio, o rosto voltado para baixo. Havia algo em cima dele parecido com uma teia viscosa e negra. O elfo gritou de dor, alheio a El, alheio a qualquer coisa que não fosse a constrição dolorosa que sofria. Eladar podia sentir o quão exausto seu pai estava. O coração do rapaz começou a bater em um ritmo tão acelerado que El acreditou, por um momento, que ele ia parar.

Pai!

Subitamente, a cena mudou, para desespero do garoto, que queria fazer alguma coisa – qualquer coisa – para ajudar seu pai. Agora, havia uma mulher com as mãos no peito, ajoelhada. Eladar não conseguiu ver onde ela estava; a imagem era muito vaga, mas ele sabia exatamente quem era aquela mulher, e sabia que ela também gritava de dor.

– Mãe! Mãe!

Tum-tum-tum, o coração explodia dentro dos ouvidos. El sentiu o corpo enrijecer, sentiu-se perdendo o controle, a vontade, os sentidos... deu um último grito estrangulado, um protesto tímido. Oh, não, não... Faena...

Lá em cima, do céu, uma águia viu um jovem elfo cair de um burrinho.

***

Perto da Colina de Prata, um lobo corria.

Talvez eu devesse partir sozinho. Talvez. Seria mais rápido. Mas prometi que ficaria com eles. Prometi protegê-los também. 

O dokalfar sentiu um enorme desânimo. O que sua irmã estava fazendo podia ser considerado, na melhor das hipóteses, loucura. Ir até Afeldhun por Elina era ainda mais perigoso do que tentar atravessar o desfiladeiro de Falas ou os charcos de Fiondra, ao menos para ela.

Sombra e Sol (EM HIATO - autora teve bebê)Onde histórias criam vida. Descubra agora