Megan passou a mão no rosto, resolveu voltar para o quarto recolhendo as roupas espalhadas pelo quarto. Dobrou colocando sobre a cama para guardar enquanto conversava com Mia.
Bryan ficou olhando atordoado para ela, tão jovem e tão fodida e ele entrou nessa também. Antes queria se livrar dela depois que ganhasse o bebê, agora estava preferindo-a do que o bebê. Balançou a cabeça se jogando na cadeira do mezanino antes do corredor, olhou para aquela casa enorme, e, tudo de repente perdeu o sentido quando tentou imaginar sua vida sem Megan, sem seu sorriso e sem seu senso de Humor. _ "Começar tudo de novo? Não! Seria muito difícil!"_ Mia passou por ele percebendo que tinha algo de errado, resolvendo voltar.
- Sr. Smith?... O Senhor está bem?
- Sim, obrigado! - disse se mantendo no mesmo lugar, olhando para baixo roendo o canto do dedo do polegar pensativo.
- Vá descansar e não pense muito nessas besteiras. A Sra. Megan é um encanto de pessoa, quem iria querer machucá-la.
Bryan a olhou, pois sabia o quando a machucaram e sabia que havia pessoas que não mediriam esforços. Levantou voltando para o quarto sem dar uma resposta a Mia.
Megan estava olhando pela janela vestida com uma de suas camisas, Bryan se sentou na cama, observou que estava de cabelos soltos, a luz que vinha de fora a iluminava. _"Queria ter o poder de ler a mente de Megan! O que tanto ela pensa? será que sabe o quanto tempo tem de vida e por isso tenta me alertar sobre essas coisas? Será que sabe de algo e está me escondendo? E se eu perder essa mulher? Como vai ser?"_ Ele soltou o ar com força pela boca e se deitou, Megan parecia perdida em seus pensamentos ficando por um bom tempo assim. Os dois calados.
- Às vezes... escuto uma musica tão suave! Parece um coral de anjos cantando e eu me perco nessa canção. Meus Avós e eu vivíamos em uma fazenda na Carolina do norte e eu ia para o sótão olhar o horizonte e sumia por horas, olhando pela grande janela que dava para o campo de trigo. Às vezes imaginava minha mãe caminhando por entre o trigo vindo me buscar. Ela me teve muito nova, nunca falei dela, mas minha avó dizia que... Ela tinha apenas dezesseis anos, dizia que era linda assim como eu. Ela enlouqueceu, sei lá! e foi embora... Me deixou para trás. Não que eu reclame da criação dos meus avós. Eles eram perfeitos aos meus olhos. Mas gostaria de ter tido minha mãe por perto. Então... Meu avô faleceu de causas naturais, ficando apenas eu e minha avó... Um dia... Antes de eu ir para a faculdade, ela recebeu um telegrama daqui de Detroit. Minha mãe foi achada morta em um beco. Ela tinha tornado prostituta segundo os investigadores da época. E um homem que quis pagar pelo serviço a espancou até a morte. - Megan derrubou algumas lágrimas sem esforço. - Eu não pude acompanhar o enterro dela, logo depois fui para a Universidade de Columbia, estudei, me formei e tentei o FBI. Minha avó faleceu neste meio tempo. Fui para lá vendi tudo e achei no meio da bagunça das lãs de minha avó as cartas de minha mãe. Todas as cartas ela citava nomes. De quem a ajudava, de quem a maltratava e do cara com quem ela vivia. Então eu vim para cá e peguei um a um e mandei para a cadeia. Um deles conhecia bem a minha mãe, e quando o prendi... Ele riu olhando para mim e disse!... "Eu conhecia a sua mãe!... Trepei muito com ela"... - Megan fecha os olhos... - Foi a primeira vez que atirei num homem desarmado. Deixei ele com o joelho estourado. Queria ter acertado outra região. Moore abafou o caso na época. E esse cara jurou que iria me matar assim que saísse da cadeia e ele está solto. Ele agora comanda um pequeno negócio de drogas. Estava atrás dele quando aconteceu a morte de Eduard. - Ela parou mais uma vez de falar. - Você deve estar se perguntando se não é esse que matou Eduard?! Não! Não foi! Ele não quer as pessoas da minha família. Ele quer a mim. Nada mais. - Megan continuava parada no mesmo lugar, não movia um milímetro de seu corpo. - Às vezes... Desejo a morte. Às vezes não. Agora por exemplo não queria morrer. Mas já desejei e, muito. Eu quero que você vá embora se me pegarem Bryan! Não olhe para trás. Não deixe que nenhum de seus seguranças reaja. Pegue o carro e vá embora. É a única coisa que quero que faça!
- Não sei se consigo te deixar? Virar e ir embora!
- Consegue. Você fez isso uma vez. Pode fazer de novo. - disse ela se referindo no dia que ele tentou defendê-la quando era casada com Eduard.
Megan o olhou indo até a cama, Bryan estava olhando para o teto tentando manter a calma. Ela engatinhou sobre a cama e deitou sobre o seu peito fechando os olhos escutando seu coração bater, era como um calmante aquelas batidas.
Bryan alisou suas costas enquanto pensava em uma maneira de tirá-la dali, mas o julgamento seria em um mês e não poderiam se ausentar, Jackson estava esperançoso de que Megan seria absolvida pelo tanto de provas que recolheu a seu favor, Sargento Moore agora vivia ligando para Megan. Não entendia como as investigações não andaram enquanto ela estava fora do caso. O carro dela passou por outra bateria de avaliação, e realmente Megan não saiu com o carro aquela noite, o depoimento dela com de Kate também estavam batendo, e alguns vídeos de lojas próximas a delegacia mostram ela passando na hora em que disse e a balconista da lanchonete de rosquinhas confirmou que passou e comprou doces e foi embora, nesta parte Megan estava livre, agora restava mantê-la em segurança, teria que falar com eles na manhã seguinte, pois Megan ainda conseguia driblá-los para sair as escondidas.
Ao olhar para Megan ela dormia tranquilamente, fechou os olhos abrindo-os novamente, aquela história que contou era de se arrepiar. Imaginou uma menininha de cabelos compridos usando um vestidinho de fazenda em um sótão solitário esperando a mãe voltar. Aquilo o fez sentir uma emoção enorme, afastou Megan a ajeitando ao seu lado e saiu da cama sem acordar Megan.
Sentou-se a saleta do quarto e ficou olhando a chama da lareira trepidar enquanto aquecia o local, se viu aos dez anos, apanhando do pai autoritário e perfeccionista, mesmo tão rico, era um poço de ignorância e se lembrou de sua mãe, uma mulher calma e doce, durante o dia ficava calma e os dois se divertiam juntos, mas o pai colocava os pés dentro de casa e aí as discussões começavam, sempre assistindo a mãe ao chão depois de receber o tapa. E teve que admitir, cada um teve seu jeito de se vingar de seus algozes, ele deixou o pai pobre e Megan prendeu aqueles que desvirtuaram sua mãe e a mataram, os dois sofreram o abandono, ele rico e ela pobre perdida em uma fazenda bem longe, não tinha como não amá-la e teria sido um desperdício se tivesse levado seu plano e seu contrato em frente. Ele pensou tanto que amanheceu o dia e ele nem havia dormido. Apanhou uma camiseta na cômoda e saiu para falar com os seguranças.
Todos se olharam ao perceber a falha da segurança, agora precisavam descobrir como ela conseguiu sair sem dar bandeira e se desculparam e iriam dobrar a vigilância. Assim que voltou para dentro de casa Megan estava de pé e se preocupou, Bryan estava péssimo e era nítido que não tinha dormido, ele a olhou e passou os dedos em seu rosto, o canto da boca estava roxo pelo bofetão que Sidney lhe deu.
- O que fez com o roxo ontem á noite? Não me lembro de ter visto - Ele a examinou.
- Lembra que comprei maquiagem que cobre tatuagem? - Ela sorriu. - É isso que passei!
- Megan! Sempre fez isso? Sempre conseguiu cobrir?
- Sempre! Só Ray sabia! - Ela continuava a sorrir.
- Você me surpreende sabia!? - Ele a puxou para um abraço.
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Sob Suspeita (REVISÃO)
RomantikMegan Miller é uma policial que por anos sofreu nas mãos de seu marido Eduard Miller até que resolveu se separar. Por meses foi seguida e ameaçada por ele. Até que numa manhã ela é acorda tendo o seu quarto invadido por seus colegas de farda á acusa...