XV

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Fecho a porta do banheiro e me apoio na pia, não consigo acreditar que Will está sentado na minha cama só de cueca; sonhei tantas vezes com isso que ate perdi a conta. Vasculho a gaveta em busca do pacotinho laminado, dou uma conferida no espelho, lavo o rosto e volto pro quarto.

A cama e o quarto estão vazios, volto pra sala e ele também não está lá, pela janela noto que não tem nenhum caro estacionado na rua, volto pro quarto. Com o celular na mão, penso nas inúmeras coisas que podem ter levado a isso - possivelmente algum telefonema – mas, não consigo entender o porquê ele não esperou uns minutos ou bateu na porta do banheiro me avisando. Disco seu numero e deixo uma mensagem na caixa postal.

- Will, sou eu. Está tudo bem? Não sei o que houve, só espero que você esteja bem. Me liga assim que ouvir essa mensagem. Boa noite!

Depois de uma ducha bem demorada, vou pra cama e caio no sono depois de contar as inúmeras fotos do meu painel.

Quinta-feira passa num borrão imenso, meu corpo já não sofre com as dores de antes, entçao aproveito pra ir na casa da Ammy para estudarmos, pedimos comida japonesa para o jantar.

- Spencer!? Tá tudo bem? –Ammy balança os dedos na minha frente.

- Claro que sim, só estou meio lenta por causa dos antigripais.

Queria que aquilo fosse verdade, que minha falta de atenção fosse devido a uma doença, mas tudo se resumia ao Will, antes de vim para a casa da Ammy, mandei mensagem e liguei pra ele de novo, em uma das minhas tentativas um tal de Carter atendeu e disse que ele estava no banho. Algo muito estranho tinha de estar acontecendo, fiquei tentada a interrogar seu amigo, mas o bom censo falou mais alto.

Chegando em casa fui checar meus e-mails, na esperança de que o Will talvez tivesse entrado em contato por esse meio de comunicação. Liguei o computador e alguns cliques depois me deparei com três e-mails na tela:

Will Campbell – sem assunto. 18:00

Professor Kevin – pesquisa. 16:30

Will Campbell – pesquisa. 15:48

De: Will Campbell

Assunto: Pesquisa

Data: 17 de setembro de 2016

Para; Spencer Reed

Boa tarde!

Segue em anexo a pesquisa pronta e revisada, não é necessária nenhuma correção. Já a enviei para o professor Kevin.

Att.

De: Professor Kevin.

Assunto: Pesquisa.

Data: 17 de setembro de 2016

Para: Spencer Reed

Boa tarde!

Fiquei impressionado com o trabalho que você e Will fizeram, esperava que vocês pudessem continuar a trabalhar juntos, mas entendo que imprevistos acontecem.

Passe no meu departamento assim que possível, acho que tenho outra linha de pesquisa na qual você pode começar a trabalhar imediatamente.

Att.

De: Will Campbell

Assunto:

Data: 17 de setembro de 2016

Para: Spencer Reed

Recebi suas mensagens, mas não tive tempo de retorna-las. A respeito da noite passada, acredito que tudo não passou de um erro, talvez devêssemos continuar da forma que estava. Apenas, fingindo ser estranhos.

Desculpe por tudo, não irei mais incomoda-la.

Will.

Fiquei encarando o computador por uma eternidade, quem esse filho da puta de Will Campbell acha que é? Tudo bem que ele é um deus em carne e osso e tivemos alguns capítulos juntos, mas ele me tirar do projeto de pesquisa, pelo qual eu me esforcei tanto, só podia ser brincadeira. Escrevi um e-mail – quase uma carta – explicando que deveria ter ocorrido algum erro, para o professor. Peguei o telefone e liguei incessantemente pro celular do Will, no inicio eu conseguia o toque de discagem, mas depois o só ouvia o aviso da caixa postal. Encontrei o numero do laboratório geral de pesquisa da universidade e liguei, me identifiquei como uma aluna nova que o professor Kevin tinha indicado para o laboratório do Will, algumas transferências depois sua voz soou do outro lado da linha.

- Laboratório, Will Campbell.

- Will, é a Spencer. Você não vai desligar esse telefone, vocêsó precisa ouvir o que eu tenho pra te falar e depois disso eu mesma desligo essa merda. Eu não sei que porra deu na sua cabeça aquela noite e pra falar a verdade, agora nem me interessa.

- Spencer,...

- Cala a boca e me escuta! Se você tinha que resolver alguma coisa comigo, então que fizesse como homem. Mas ao invés disso, você correu para o professor e fez com que ele mudasse minha linha de pesquisa, só pra você não ter que olhar na minha cara. – o único som que eu conseguia ouvir era o da sua respiração irregular do outro lado da linha – Sobre a porra do seu plano de agirmos como completos estranhos, pode ficar tranquilo, vou cumprir minha parte no trato, não pretendo falar com você nunca mais. – desliguei.

Metamorphosis - Em revisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora