XIX

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Uma das melhores sensações da vida é você abrir os olhos de manhã e se espreguiçar, sentir cada musculo do seu corpo te dar bom dia e levantar com o pé direito. Decido começar o jantar as quatro, então tenho algum tempo livre agora de manhã, ligo para Ammy, mas seu celular esta desligado, saio para correr sozinha.

A pista de corrida da universidade está fazia, coloco o fone de ouvido e começo a correr. Uma maldita câimbra me faz cair – pateticamente - bem na metade do percurso, os poucos corredores que começaram a se exercitar, parecem não ter notado. Encosto numa arvore e começo alongar a perna.

- Oi?! Tá tudo bem? Eu vi você caindo, precisa de ...... Spencer?

De todos os seres humanos que habitam o mundo, tinha que ser ele à pessoa que me vê cair e oferece ajuda, Will.

- Olá Will, estou bem, não se preocupe – começo a me levantar – pode continuar sua corrida – no primeiro passo que dou minha perna falha.

- Não você não está, eu te levo até a arquibancada – disse abaixando e oferecendo seu corpo como apoio – Fique aqui, vou buscar uma garrafa d'água e já volto.

Não sei o que mais me irritava, o fato de ter escolhido essa pista para correr hoje, não ter me alongado o suficiente antes de começar a correr ou o fato de não poder matar o Will.

Ele era uma divindade, - até mesmo os deuses gregos lá do olimpo, devem invejá-lo – a regata branca estava perfeitamente abraçando seu tórax e a bermuda cinza da Nike, não deixava muito espaço para imaginação – você com certeza deve me entender!

Ele me entregou a garrafa d'água e se ofereceu para me levar ao hospital ou pra casa. Alguma parte do meu cérebro achava que ele estava tentando ser bem mais do que prestativo.

- Não precisa Will, já estou bem melhor – disse me levantando e dando alguns passos para evidenciar minha melhora – Obrigada.

- Sendo assim vou voltar pra minha corrida. Tchau Spencer, foi bom te ver de novo.

Não acreditava que ele tinha me dito aquilo e ainda por cima piscado pra mim – filho da puta.

Depois do incidente, meu plano de tomar café na cafeteria do campus foi por agua a baixo – não queria dar de cara com Will de novo. Cheguei em casa, tomei uma ducha e comecei a preparar o almoço. Ammy me ligou por volta das 14 horas, oferecendo ajuda com os preparativos do jantar e pontualmente às 16 horas o assado estava indo para o forno.

Ammy chegou e logo de cara notou que alguma coisa estava errada comigo, - as vezes, melhores amigas são um saco.

- Bom já que o cozido está no forno e você parece estar com tudo sob controle, preciso te contar um coisa – disse sentando ao meu lado no sofá

- Fala logo vai, preciso tomar banho e você vai ficar de olho no forno.

- Hoje mais cedo eu fui para a faculdade checar as ultimas coisas para as apresentações do congresso e tal. Encontrei duas meninas estranhas indo para o laboratório, mas até aí nada de mais. Devo ter ficado lá dentro cerca de uns 15 minutos, quando saí as duas estavam gargalhando enquanto falavam com Will e aquele outro aluno da pós, Carter se não me engano.

- Pode parar Ammy, eu não vou ficar aqui ouvindo você falar daquele babaca. Ainda por cima, das aventuras amorosas dele no campus. Já volto! – disse e fui tomar banho.

- Spency, volta aqui eu não terminei. Me escuta! – berrou atrás da porta do banheiro – Eu não parei ora ouvir a conversa deles, pelo contrario, entrei no banheiro e esperei até que a euforia deles cessasse. No estacionamento, as duas garotas estavam encostadas num carro do lado do meu, fingi que estava arrumando minha bolsa e abaixei os vidros para entender melhor o que elas diziam, parece que....

- Dá pra você fechar essa matraca? Isso não me interessa. – garota insuportável.

- Spencer só me escuta, parece que o Will deu o fora numa delas e elas desconfiam que seja por sua causa.... Só achei que você deveria saber que os outros podem estar falando de você pelas costas. Qualquer coisa vou estar na cozinha.

Ouço os passos se afastarem pelo corredor e fico raciocinando sobre o que acabei de ouvir, como duas alunas aleatórias da universidade sabem que "eu" – provavelmente - sou uma espécie de "bloqueio" no universo Will? – visto o roupão eu vou pra cozinha.

- Como assim elas desconfiam de mim? – digo andando até o balcão.

- Pra começar, Will é o cara mais fechado do campus inteiro. Daí você vira parceira de pesquisa dele e algum tempo depois vocês se separam abruptamente. Qualquer um que seja próximo o suficiente de Will, pode relacionar uma coisa a outra, ou até mesmo, ele pode ter falado algo com um amigo. – enquanto ela diz tudo isso, vai exemplificando a situação usando meu jogo de saleiro e pimenteira de mesa.

- Como isso é ridículo e esse povo é patético, eles não tem vida não? De qualquer forma obrigada por me avisar. E a propósito, como eram as garotas?

- Loiras do tipo Barbie. Agora, vá tomar seu banho.

Metamorphosis - Em revisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora