XLIV

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Falar com Will sobre o Adam foi mais fácil do que eu pensava, - apesar de não ter falado muita coisa – sei que ele não engoliu muito bem toda essa novidade e que provavelmente vai ficar bolado com isso por um bom tempo, mas prefiro acreditar que tudo vai ficar bem.

Depois que tomamos café ele me deixou na faculdade e disse que não seria possível nos encontrarmos mais tarde, achei estranho, mas entendi que ele tinha um dia cheio no laboratório. A semana passou voando, mal tive oportunidade de conversar com Will, no máximo trocamos telefonemas antes de dormir e minha consciência não parava de me dizer que a culpa disso tudo era toda minha. Finalmente tinha chegado sexta-feira e dessa vez Will não iria me escapar, sai da universidade mais cedo, tomei um banho, escolhi minha melhor roupa, arrumei o cabelo, uma make-up bem discreta e parti rumo a casa do Will.

Pouco antes de entrar na sua rua, desliguei os faróis do carro para não chamar atenção, e parei em frente sua casa, conferi o visual no espelho, peguei o celular na bolsa e disquei seu numero – por favor, Will, atenda!

- Oi Spency! Tudo bem? – sua voz soava calorosa.

- Oi Will, tudo ótimo e você? – pergunto, olhando pela janela.

- Tudo tranquilo, mas me diga no que posso lhe ser útil? – perguntou

- Bom estava pensando se não podemos sair para comer alguma coisa – digo convidativa.

- É uma ótima ideia, – pausa – mas eu acabei de chegar em casa e não estou muito no clima – diz.

- Sem problema – tento ao máximo, fazer com que minha voz não oscile – vou pedir uma pizza e ficar em casa.

- Hey! Não fique chateada comigo, posso recompensa-la com um almoço amanhã? – pergunta.

- Claro. Boa noite, Will! – me despeço.

- Boa noite Spency – finaliza a ligação.

Apoio a cabeça no volante e perco minutos valiosos pensando se devo ou não bater em sua porta, - olhando pela janela e noto que uma das luzes se ascendeu – preciso saber porque Will tem me evitado e resolver esse mau entendido de uma vez por todas, saio do carro hesitante e bato a sua porta.

Assim que ele abre a porta eu sinceramente não sei quem faz a melhor cara de espanto; ele por me ver parada ali ou eu por vê-lo recém-saído do banho com apenas uma toalha na cintura.

- Spencer? O que?... Como você chegou tão rápido aqui? – pergunta incrédulo.

- Bom eu te liguei quando estava vindo pra cá, mas você me dispensou e então, eu estava fazendo o retorno para voltar para casa quando decidi que eu não iria jogar fora todo o trabalho que tive me arrumando, numa noite solitária de pizza no chão da sala. Logo, você tem duas opções: Me convida pra entrar e pedimos a pizza ou me convida pra entrar se arruma e saímos para comer a pizza fora. Qual vai ser? – pergunto calmamente.

Sua resposta vem acompanhada de um sorriso muito sugestivo, noto que ele analisa cada centímetro do meu corpo com olhos de predador – faço o mesmo – e quando nossos olhares se cruzam, o sustento de modo que ele é obrigado a quebrar o contato. Entro e coloco a chave do carro em cima do balcão, Will continua parado na porta e sei exatamente o esforço que ele está fazendo para não se atirar em cima de mim.

- Pelo visto você escolheu a primeira opção – pego o celular – vai querer pizza do que? – pergunto, abrindo o aplicativo.

Sem tirar os olhos do celular escuto a porta fechar, instantes depois Will está tirando o celular das minhas mãos e cobrindo minha boca com a sua. Sem muita gentileza ele me coloca contra a parede e me beija como não fazia a muito tempo, sinto que nossos corpos agem por si próprios, ignorando qualquer ordem racional de nossos cérebros. Nossas bocas se separam, apenas para sorver o ar que é necessário, o cabelo ainda molhado do banho faz com que gotas escorram por seu pescoço, fazendo com que a vontade de passar a língua ali aumente ainda mais, e como se tudo não passasse de um sonho Will se afasta.

Metamorphosis - Em revisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora