XLII

10 1 0
                                    


Posso dizer que cheguei atrasada na universidade e que com certeza destruí os planos de passar o dia no laboratório do Will.

A prova sobre coloides foi desastrosa, e antes do final do segundo módulo eu só queria voltar para casa e ficar com Will. Tiro meu celular da bolsa e checo os e-mails, e o maldito convite para o baile está no topo dos e-mails não lidos.

Quando Amber me ligou falando do baile, recusei logo de cara, só de pensar na ideia de ver todas aquelas trinta e sete pessoas – das quais não tenho saudade – fico enjoada, principalmente sabendo que o Adam estará presente. Abro o e-mail e vejo que a festa seria na escola – deprimente – daqui a exatamente uma semana; pulo para o próximo e-mail e depois mando tudo para a lixeira.

- Spency, como foi na prova? – pergunta Ammy, se sentando ao meu lado.

- Bom, foi algo do tipo trágico. Você deve ter arrasado, por outro lado – encorajo-a

- Que nada – ela solta a bolsa e desaba os ombros – foi um pesadelo, praticamente como se eu não tivesse estudado nada.

- Acho que preciso de um almoço especial, do tipo que oferece comida reconfortante, o que me diz? – pergunto.

- Deus salve a rainha! To dentro – pegamos nossas bolsas e saímos.

Depois do almoço cada uma seguiu para seu laboratório, na desculpa de tentar superar o fracasso da prova com algo produtivo. Como um sinal divino meu telefone não parava de tocar nem por um segundo, larguei-o na bancada e me concentrei no tubos de ensaio por um bom tempo.

Quando a porta do laboratório se abre, tomo um susto, - jurava que tinha trancado – mas a outra menina me mostra que tinha as chaves, noto que fiquei as ultimas duas horas trancafiada e decido ir embora. Ammy já foi embora e surpreendentemente eu tenho apenas vinte e cinco mensagens no celular – não olho nenhuma. Entro no carro e me permito esquecer todas essas bobagens do dia.

Chego em casa e o cheiro de pizza me recebe magnificamente, Will está sentado no balcão da cozinha com uma garrafa de vinho ao lado, trocamos um breve sorriso e ele me oferece um lugar ao seu lado. Enquanto devorávamos a pizza e bebíamos vinho, contei sobre meu dia temeroso e ouvi como ele achava minha cama e sofá confortável, - pois é, ele passou o dia aqui.

- Bom, eu preciso te contar uma coisa – disse enquanto colocava os pratos na pia – nas primeiras vezes que o telefone tocou, eu deixei que a ligação caísse na caixa postal, mas aí as ligações começaram a ficar mais constantes e eu tive que atender. Parece que Amber, Judy e sua avó querem muito falar com você e a julgar pelos recados que deixaram nas primeiras ligações, é a respeito de um tal reencontro da escola.

- Que merda, elas não desistem mesmo. É a respeito desse maldito baile sim e se te serve de consolo você foi bombardeado de ligações e eu de mensagens. Obrigada pelo aviso, mas vou ignorar tudo isso.

Nos acomodamos no sofá e começamos a assistir um filme da Sandra Bullock que não me lembro o nome, até que Will sucumbiu a curiosidade.

- Por que não quer ir a esse baile? – perguntou.

- Não estou nenhum um pouco animado e olhar para cara de pessoas, das quais não sinto falta. Vai ser só uma festa para as pessoas dizerem em voz alta o que elas escrevem no seu perfil do Facebook. – digo, sem desviar os olhos da Tv.

- Uau, acho que alguém aqui odiou o ensino médio – diz e dá risadinhas.

- Me desculpa se você foi o astro do futebol com a namorada perfeita que todos idolatravam, - me viro afim de encara-lo – só me importo com duas das pessoas que estarão nesse baile e elas não valem tamanho esforço. Agora você pode por favor, esquecer esse assunto?

- É melhor arrancar o band-aid de uma única vez, de certas feridas. Você não quer ir por causa do Adam? – pergunta.

Não tenho nenhuma outra reação que não seja espanto para essa pergunta.

- Como você sabe sobre o Adam? – pergunto me sentando no sofá, enquanto ele aperta o botão da secretária eletrônica.

Recado 1: Oi Spency, é a Judy. Espero que você esteja bem. Amber me disse que não teve muito sucesso falando com você, então aqui estou eu em mais uma tentativa. Vem pro baile com a gente, por favor.

Recado 2: Spencer Reed, não me obrigue a falar com sua avó sobre o baile.

Recado 3: Spency querida, vou ser breve. Venha para o baile e me faça uma visita. Te amo.

Recado 4: A julgar pela Voz masculina que me atendeu, você já tem uma bela companhia para baile, pare de ser chata e venha. Esfregue isso na cara do Adam.

Paro os recados e pego o celular, olho as vinte e cinco mensagens e elas se alternam entre pedidos carinhosos e ameaças de morte sobre minha ida ao baile.

- Bom, - respiro – Adam, é um babaca que foi meu namorado na escola. E antes que você pergunte, sim, ele é um dos motivos para que eu não queira ir a baile, o outro motivo é que a atual ou sei lá que merda, era minha melhor amiga. O que significa, que eu sou a piada da escola. Mais alguma pergunta? – o encaro.

Metamorphosis - Em revisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora