XXXV

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Beijar o Will sabendo que dessa vez ele era somente meu, foi uma sensação de outro mundo, parecíamos colegiais, mas eu não me importava, não foram necessárias palavras para preencher o silencio de nossas respirações ofegantes ou até mesmo olhares culpados; tudo estava acontecendo em perfeita sintonia.

Entramos no carro, Will ligou o radio, - me controlei para não cantarolar e estragar o momento – e saímos do estacionamento. Duas quadras depois, paramos no sinal vermelho.

- No que está pensando? – pergunto.

Pego de surpresa, um sorriso diabólico surge em seu rosto e estranhamente meu corpo responde a mensagem nas entrelinhas. O sinal fica verde e o carro entra em movimento, não demora muito até que paramos em frente a minha casa. Will mais uma vez insiste em abrir a porta para mim e me acompanha até a varanda de casa.

- Espero que tenha gostado de hoje, afinal foi nosso primeiro encontro oficial – diz.

- Pra falar a verdade, não tenho uma noite como essa a bastante tempo, me diverti bastante – digo.

- Fico feliz! Nos vemos amanha na universidade? – pergunta.

- Claro – digo, querendo pensar em alguma outra coisa, para fazer ele ficar mais tempo.

- Essa é minha deixa então – ele se aproxima – Boa noite Spencer, obrigado pela noite – e me beija castamente.

Não sei quanto tempo o subconsciente leva para tomar uma decisão que até então não era um opção para o seu consciente, mas em questão de segundos eu estava praticamente engolindo Will. Como era de se esperar ele não titubeia e intensifica o beijo, batemos contra a porta e isso nos faz parar.

- Will, eu não sei se é uma boa ideia, mas.... – ele me corta no meio da frase.

- Não se preocupe com isso Spencer, não é porque você disse sim que certas coisas devem.... – ele soa carinhoso, mas dessa vez sou eu quem o corta.

- Eu ia dizer que, pode não ser uma boa ideia, mas eu quero que fique comigo esta noite – digo tranquila.

- Você tem certeza disso? – pergunta receoso, mas o brilho nos seus olhos denuncia luxuria.

- Não temos certeza de nada nesta vida Will – destranco a porta – Você, vem?

Ele entra timidamente e por alguns instantes, acho que ele nunca esteve nessa casa – chega a ser patético o seu desconforto.

- Não fique parado aí, você sabe onde fica a cozinha, o controle da Tv deve estar jogado no sofá, eu só vou tomar um banho e já volto - digo subindo as escadas.

- Ok – responde.

A primeira coisa que faço ao entrar no quarto e conferir a gaveta da cabeceira à procura do "pacotinho laminado" – ufa! – Tomo uma ducha rápida, me enfio no moletom surrado da universidade e desço para sala. Will está assistindo um documentário sobre inovações tecnológicas.

- Nossa, vejo que você já começou nossa noite de estudos, nerd! – provoco.

- Engraçadinha, por que não escolhe algo – ele joga o controle para mim – exceto, filmes de romance com final feliz.

- Odeio clichês, - digo zapeando os canais – o que me diz de Star Wars: Episódio V?

- Definitivamente, essa será nossa melhor opção. Agora, sai dessa poltrona velha e senta aqui no sofá comigo – diz.

Não demora muito pra que o filme chegue às cenas do treinamento de Luke com Yoda; nunca imaginei que Will, fosse muito fã da saga, mas demorou muito para que nós dois desenvolvêssemos uma dublagem perfeita do Mestre Yoda – "muito a aprender, você ainda tem".

Quando o filme termina estamos nostálgicos, já passa das onze e decido que é melhor não apressar as coisas e arrumo uma cama para Will no quarto de hospedes. Noto que a casa está silenciosa e volto para a sala procurando Will, ele está deitado no sofá mexendo no celular.

- Will, está tarde – digo me aproximando – arrumei a cama para você, infelizmente amanhã nós dois temos compromissos.

- Tem razão, mas antes preciso fazer uma coisa. – diz colocando o celular no sofá e me puxando para o seu colo – Vem cá.

- Que coisa? – pergunto curiosa.

Will não diz nada, simplesmente me envolve em seus braços e me abraça apertado. Devagarzinho ele vai afrouxando os braços e me olha como um garotinho que ganhou o brinquedo de uma barraca de jogos.

- Obrigado, por tudo Spencer – diz se levantando e me levando no seu colo.

- Sabe que eu consigo andar não é? Pode por favor, me colocar no chão? – digo irritada.

- Colocar seus pés no chão, não é algo que está nos meus planos. Agora me diga onde fica seu quarto. – diz me apertando ainda mais nos seus braços.

- Você sabe onde fica meu quarto – trocamos olhares nada inocentes.

Will me coloca na cama e num ato zombeteiro, me cobre como se eu fosse uma menininha de dez anos.

- Será que merece um beijo de boa noite? – digo entrando na brincadeira.

- Você foi uma boa menina, posso abrir uma exceção esta noite – ele se abaixa e me beija carinhosamente.- Boa noite Spencer, até amanhã – diz e beija minha testa

- Will! – seguro sua mão – fica comigo?

Metamorphosis - Em revisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora