VI - Will

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Eu não sou o tipo de cara que se diverti muito, minha vida sempre se resumiu a poucos amigos, muito estudo e ao que minha mãe chama de bolha de Will - filmes, seriados e vídeo games.

Minha lista de amigos se resume a Jason e Carter, por incrível que pareça ainda me lembro de quando nos conhecemos na pré-escola. Atualmente eles são responsáveis por garantir que eu tenha vida social fora do laboratório.

E foi assim que fui para naquela boate, naquele exato sábado. Os meninos estavam comemorando aceitação do irmão mais novo de Carter no programa de doutorado. Então, fomos nos "divertir".

Paramos no Pit's para comer algo e depois experimentamos duas ou três casas noturnas ate pararmos na Temple.

Jason e Carter conseguem se enroscar nas primeiras duas loiras que avistam, fico com o Jack no bar até pegarmos nossas bebidas e irmos para mesa. A música pulsante aumenta e a pista ferve abaixo de nós, engato uma conversa bastante interessante sobre o doutorado com Jack e não notamos quando Jason volta com uma ruiva e apresenta-a a Jack. Em questão de segundos não consigo mais suportar a tensão sexual presente na mesa. Vou para o bar.

Fico olhando as garrafas atrás do barman, tentando decidir o que pedir.

"Nunca entendi como as garotas ficam tão bobinhas com essas manobras que os barman fazem, desconfio que estejam tentando ganhar bebidas de graça."

Uma ruiva chega ao balcão e esbarra em mim - deve estar muito bêbada - ela observa o truque do barman e faz um gesto para chamar sua atenção, consigo ouvir ela pedindo um Martini, - até que um Martini, não seria ruim - num gesto rápido indico que quero um drink igual o dela.

Meu drink chega junto com o dela, e ela me surpreende fazendo um comentário sobre eu estar bebendo um drink feminino.

- Uau, quem diria que homens também tomam Martini, achei que em lugares assim vocês preferissem cerveja ou uísque. - ela está com a voz engraçada

- Gosto de experimentar coisas novas de vez em quando. - digo mentindo, já bebi Martini muitas vezes.

- Está certo, é sempre bom experimentar coisas diferentes, mesmo sendo um drink como esse, mas me diga, o que faz aqui? Não estou vendo seus amigos. - ela pergunta curiosa.

- Meus amigos estão algumas mesas a esquerda, não aguentava mais suas conversas sobre a bolsa de valores, resolvi vim beber algo que não fosse cerveja. - não estou nenhum pouco a fim de começar uma conversa, ela é bonita demais e esta bêbada, nada de bom pode sair daqui. Termino minha bebida.

Um silêncio confortável se instala entre nós, ambos estamos observando o barman ganhar suas admiradoras.

Ela pede uma garrafa de agua e com o canto dos olhos começo a analisar suas feições, o movimento da sua cabeça se inclinando para beber agua, seus lábios brilhando com o liquido, seu pescoço brilhando com o suor, ... até que uma mulher a chama e pisca pra mim, - suponho que seja sua amiga.

Viro-me para a pista de dança e fico ouvindo as duas conversarem, parece que a amiga está querendo que ela dance - até eu quero que ela dance, assim posso ficar observando, assim que sua amiga vai para pista a encorajo.

- Se eu fosse você dançaria, ou terá que ouvir no café da manhã como você é uma péssima amiga. - acredito que a surpreendo pela cara que ela faz.

- Sabias palavras pra um cara que abandonou os amigos por varias horas, acho que devo deixar passar seu conselho - ela diz em tom desafiador.

- Touché, você tem razão - sou obrigado a admitir, essa garota não tem só um rostinho bonito, isso me intriga.

- Sabe de uma coisa, se você dançar comigo eu danço. - ela me desafia.

- Sem chance, eu não danço. Jamais! - estou completamente surpreso com essa garota

- Então toma uma dose de tequila comigo e me acompanha como um guarda até a pista de dança. - ela diz fazendo a cara do gatinho Shrek . E por um segundo fico com medo das possibilidades que ela possa sugerir.

- Olha, tá tarde, você já bebeu demais, peço desculpas se incomodei você - não posso entrar no jogo dela, da ultima vez eu me ferrei.

- Hey, calma! Não estou pedindo pra você tomar conta de mim, apenas uma bebida e uma dança, se te serve de consolo eu também não sei dançar. - ela coloca a dose na minha frente.

Nos próximos segundos eu não sei o que dá em mim, mas meu cérebro está concordando com ela e o copo já esta a caminho da minha boca.

- Só me prometa uma coisa?!

- Claro, o que quiser?

- Nada de fotos ou vídeos e por favor não me deixe cair. - ela ri de forma conspiratória e me puxa pra pista de dança.

Tenho a musica que está tocando na minha playlist e começo minha terrível dança de dois passos para cada lado, ela me olha e faz alguns movimentos de dança para que eu imite, depois de algum tempo recebo um sinal de aprovação. A música muda, somos espremidos no pouco espaço que temos e ela me puxa pra mais perto.

Piso no pé dela algumas vezes - imbecil! - pra evitar que isso ocorra mais vezes, desenvolvo um esquema e fico repetindo isso sem parar na minha cabeça. O suor começa a aparecer na pele dela, deixando um brilho sedutor, curvo meu pescoço para sentir seu cheiro - tem cheiro de baunilha, não aquele cheiro doce e enjoativo, mas um cheiro suave, que instiga o paladar a provar e comprovar a iguaria. Fecho os olhos e deixo esse perfume - essa droga - me invadir.

Minhas mãos encontram sua cintura e o encaixe é perfeito, como um viciado colo seu corpo ao meu e sinto seu perfume ainda mais intenso - não aguento mais, preciso me entregar e provar tudo isso.

- Excelente noite, para ter escolhido um Martini. - sussurro no seu ouvido.

Como se ela tivesse o poder de ler pensamentos, ela se vira e me beija. Sinto um misto de excitação e medo, mas ela não desiste e uma a uma minhas barreiras vão caindo, aprofundo o beijo e ela corresponde prontamente.

Quando diminuo a intensidade do beijo a fim de convida-la para sair da boate, alguém me cutuca. Afasto-a com cuidado e fico surpreso quando vejo um misto de confusão no seu rosto, indico que tem uma garota querendo falar com ela.

As duas conversam sobre uma terceira amiga e descubro que seu nome é Spencer. Minha consciência começa sua luta contra meu lado emocional - você sabe que isso é um erro imenso - e ela está certa.

Ela me diz que precisa ir e eu acompanho-a ate a porta. Fico alguns minutos esperando, plantado no mesmo lugar esperando que ela abaixe o vidro e fale alguma coisa, entrego o ticket do estacionamento para segurança e ela finalmente me chama.

- Desculpe, mas não sei o seu nome. - ela faz cara de quem pede desculpas.

- Will. Boa noite Spencer. - sorrio e dou um breve aceno antes de me virar e pegar as chaves da mão do segurança.

É isso, uma noite e uma garota que tinha tudo para acabar com felizes para uma noite e o babaca aqui estragou tudo - bufo - dou alguns passos até a entrada do estacionamento e graças a um espelho na parede posso ver Spencer gritando do carro:

- Eu diria que já é bom dia, Will. - e sorrindo.

O percurso da boate até meu apartamento é relativamente curto, envio uma mensagem para Jason, avisando que já estou em casa. Depois de uma ducha e ajustar meu alarme, me jogo na cama e fico pensando na Spencer - ruiva, uns quinze centímetros mais baixa, gostosa e cheira a baunilha - se meus amigos a tivessem visto a classificariam como armadilha para Will.

Metamorphosis - Em revisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora