XXXII - Will

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Sinto como se o peso do mundo tivesse saído dos meus ombros, falar tudo aquilo para Spencer foi libertador. Agora tenho a sensação de que pelo menos existe uma porcentagem mínima das coisas darem certo dessa vez. Aos poucos ela vai ceder, e quando isso acontecer não vou deixar ela escapar.

Ligo para Jason e peço que me encontre no Pit's – definitivamente, preciso tomar algo mais forte que vinho. – Chego no Pit's antes de Jason, o barman me serve um whiskie enquanto observo o jogo na mesa de sinuca.

- E ai, Will! O que fez você sair do laboratório hoje? – Jason me cumprimenta e se senta no bar.

- As vezes, ratos de laboratório precisam de ar fresco – sinalizo para o barman, pedindo um whiskie para Jason – Como estão as coisas?

- Tudo na mesma, Alice está enlouquecendo com os preparativos do casamento da irmã e briga comigo todos os dias por não receber mais telefonemas amorosos – rimos.

- Você tem sorte de ter uma namorada que cobra romantismo, a maioria dos caras tem namoradas que cobram cartões de crédito – brindamos e bebemos em silencio.

- Mas então, por que me trouxe até aqui? – pergunta.

- Mulheres! É claro. Para que mais, eu te arrastaria até aqui? – indago.

- Ora, ora, ora; chegou o dia que Will Campbell resolveu abrir as portas do seu coração? – pergunta, fazendo cara de orgulhoso.

- Não enche Jason, mas sim, eu conheci uma garota – admito.

- Antes que me diga, é alguma das amigas do Carter? – pergunta sem entusiasmo.

- Não me fale no nome do Carter, ele quase colocou tudo a perder com essas "amigas". A Spencer me queria morto, depois do que ele aprontou hoje – bebo o restante do whiskie num único gole, na esperança que a queimação me faça esquecer a vontade de matar o Carter.

- Acho que consigo imaginar o tamanho da confusão – ele pede duas cervejas. – Mas então o nome dela é Spencer? – pergunta.

- É sim, você a conheceu no dia em que foi me buscar junto com o Carter para comermos pizza.

- Opa! Calma aí! Aquela ruiva da universidade é a Spencer? – antes que eu possa responder, ele continua – Caramba Will, você está ferrado. Ela é o que eu chamaria de encarnação do mal na sua vida.

- E é por isso que estamos aqui. O velho Will que você conheceu quer que eu mergulhe de cabeça nisso, mas o Will pós-casamento fracassado, só acredita que ela é mais uma pronta pra foder com tudo – viro metade da garrafa num único gole.

- Desde o ensino médio, somos apenas eu e você; te conheço melhor do que se você fosse meu irmão e com toda certeza eu te digo para ir fundo. Está na hora de você se arriscar, se a Spencer é a garota certa? Isso não tem como eu, você ou qualquer outra pessoa saber. Se ela te faz lembrar do seu passado, por que não deixa que lembranças novas ocupem o lugar das antigas? – questiona.

- Você deve estar certo. Já passei tempo demais tentando dar sentido a minha vida dentro de um laboratório.

Jason percebe que comecei a divagar analisando as probabilidades do lance com a Spencer dar certo ou não e me chama para ser seu parceiro em um jogo de sinuca. Quatro partidas mais tardes, estamos com cem dólares a mais no bolso, saindo do Pit's.

- Precisa de carona? – ofereço.

- Valeu Will, estou de carro. – diz pegando as chaves – E Will, sobre a Spencer vai fundo cara. Se no final der errado, pelo menos tenha a certeza de que você desfrutou de um belo pacote. – sorri e entra no carro.

Metamorphosis - Em revisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora