XXIV

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Já experimentou acordar e ficar na cama? E depois de algum tempo começar a procurar alguma coisa – pintinha, rachadura, etc - no teto só pra ficar contando e do nada bate aquela crise existencial? Essa sou eu nesse momento.

Minha noite foi tranquila dormi como uma pedra; fico feliz em ver que consegui acordar depois das nove. Pego meu celular e vejo que não tenho nenhuma mensagem/e-mail/ligação, não tenho nenhum compromisso hoje, com toda certeza meus pais, não vão querer mais almoçar comigo – rio.

Saio da cama e vou direto para cozinha atrás do meu café da manhã, abro a geladeira e me deparo com um grande nada – tudo o que tenho se encaixa no quesito salgado.

- Preciso de açúcar – digo fechando a geladeira e partido para os armários.

Segundos mais tarde estou na porta de casa e pelo reflexo do espelho percebo que estou de óculos e com meu pijama surrado – uniforme do colegial – fecho a porta e sigo ruma a loja de rosquinhas do próximo quarteirão.

- Bom dia! Qual seu pedido? – a atendente pergunta.

- Bom dia! Quero dois de baunilha, um de morango, um de chocolate e um muffin de blueberry. Para viagem, por favor. – peço e me encaminho para o caixa.

- Seu pedido senhora, tenha um ótimo dia. – a atendente diz enquanto devolve meu troco.

- Obrigada. – saio da loja.

Nos primeiros dez passos, obrigo meu cérebro a pensar como uma pessoa adulta e aceitar que comer uma rosquinha no meio da rua não seria algo apropriado, mas antes mesmo de virar a esquina eu já tinha comido mais da metade da primeira rosquinha de baunilha.

No caminho de volta vejo algumas pessoas e crianças brincando com seus cães no gramado do jardim de suas casas, alguns corredores que provavelmente dormiram até mais tarde e finalmente chego em casa.

Jogo as chaves em cima do balcão, pego um copo de refrigerante e me acomodo confortavelmente com minhas rosquinhas no sofá. Fazia bastante tempo que não assistia How I met your mother e perco a noção do tempo quando o telefone toca.

- Alo! ?

- Spencer, sou eu. Achei que gostaria de saber que já voltamos para casa. – mamãe diz.

- Que bom que fizeram boa viagem – digo. Um longo silencio se instala e ela quebra o silencio.

- Eu volto a ligar se tiver alguma novidade. Se cuida Spency, te amo. – diz e desliga.

Não achei que falaria com minha mãe tão cedo, mas só de trocar essas poucas palavras já deu para perceber que ela está num mix de raiva e amor maternal por mim nessa situação; ao contrario de papai, esse sim deve estar querendo ver a minha cruz.

Olho pela janela e a lua já está brilhando no céu, subo para tomar um banho e decido pedir pizza para o jantar.

Surpreendentemente a pizza chega rápido, estou faminta. Agora percebo que a ideia de passar o dia numa dieta de açúcar não foi nada boa, meu estomago se contorce ao sentir o aroma maravilhoso da combinação magnifica entre massa, molho e queijo. Estou no terceiro pedaço de pizza quando meu celular toca.

- Alo! ?- digo de boca cheia.

- Oi, Spencer? Hã,... Ela está? É o Will. – diz constrangido – posso ligar em outra hora se ela estiver ocupada.

- Oi – engulo – sou eu Will – limpo o molho do canto da boca.

- Oi, tudo bem? Então ontem eu pensei em te ligar, fiquei preocupado ao te ver perturbada daquele jeito no congresso – há certa preocupação em sua voz.

- Estou bem, quer dizer agora estou bem. Você disse que precisava conversar comigo, acho que essa é uma boa hora – digo.

- Claro! Claro! É que – pausa – olha, não me chame de maluco, mas eu estava por perto e resolvi passar na sua rua pra ver se você estava em casa, e eu estou aqui na sua porta – diz aos tropeços.

- Vou abrir pra você – isso só pode ser brincadeira, se ele pensa que vou cair nessa.

Fecho a caixa de pizza, coloco no forno e vou abrir a porta.

Metamorphosis - Em revisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora