XXXI

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Coloquei a banheira pra encher e ligo meu iPod, dessa vez não quero letras martelando nos meus ouvidos, fazendo com que eu fique pensando merda - vovó ficaria orgulhosa, ao me ver ouvindo musica clássica.

Sempre acreditei no bem que uma taça de vinho e um banho relaxante fazem para o espírito. Coloco a pizza para assar e confiro os e-mails do dia, o forno avisa que a pizza está pronta. Pego o prato, encho a taça de vinho e quando dou a primeira garfada a campainha toca - humpf.

- Já vai - digo indo em direção à porta. Olho pelo olho mágico e vejo Will, respiro fundo e abro uma fresta.

- Oi Spencer, tudo bem? Fiquei preocupado com a forma abrupta que você saiu do estacionamento - sua expressão é das piores, parece até que está com problemas estomacais.

- Nada de mais Will, apenas não quis presenciar as duas gatas no cio se esfregando em você e no seu amigo. Sendo assim, Boa noite! - começo a fechar a porta, mas algo impede a porta de trancar.

- Hey! Por que está me tratando assim? Trouxe até um possível jantar - diz levantando a caixa de pizza.

- Chegou tarde demais, já comecei a comer - é impressionante a facilidade que ele tem em me deixar irritada.

- Ótimo, então podemos comer juntos - simplesmente diz e entra.

- Will, não estou num dia bom. Não quero que estrague sua noite de diversão, ficando aqui comigo e nem mesmo a melhor pizza da cidade vai melhorar meu humor - digo enquanto ele abre os armários e pega mais um prato.

- Caramba, comendo pizza congelada! Até eu estaria de mau humor. Senta essa sua bunda rabugenta aqui e coma comigo. Depois nos preocupamos com o que estragou o seu dia - diz puxando uma cadeira para mim.

- Você não é meu pai Will! Se está tão preocupado com minhas refeições é bem simples resolvermos isso, deixe a pizza - nesse momento abro a embalagem e minha boca saliva: Pepperoni - e lhe garanto que ficarei bem. - digo sentando.

- Lhe asseguro que estou exatamente onde desejo estar. E não, você não vai comer essa pizza sozinha. - com isso, ele coloca fim a conversa e começamos a comer.

Cada garfada provoca uma onda de satisfação e duvida no meu corpo. Por que Will está aqui? Por que estou brava? Por que quero beija-lo e ter a certeza de que ele não deseja aquelas piranhas?

- Um centavo pelos seus pensamentos! - diz e me oferece um olhar investigativo.

- Bom já que terminamos , você pode ir - levanto da mesa e vou em direção a pia.

Will não diz absolutamente nada, apenas me observa colocar toda a louça suja na pia e se encosta no fogão.

- Sabe o que me deixa confuso Spencer? Eu não consigo entender por que você está agindo assim comigo, desde o momento em que pisamos no estacionamento da faculdade. Por que de uma hora pra outra, você ficou parecendo um iceberg e até se recusou a me dar carona. - pergunta sem se quer olhar na minha direção.

- Você não precisava de carona estava com sua moto. E eu não queria ser uma testemunha visual da sua festinha particular - digo esfregando os pratos com determinação.

Para minha surpresa Will fecha a torneira da pia e me entrega um pano para que eu seque as mãos. Puxa uma das cadeiras e se senta na minha frente; por um momento fico constrangida por não ter subido e colocado uma roupa descente.

- Spencer, eu acho que eu sei o que estragou o seu dia, ou melhor, eu tenho certeza. Você ficou com ciúmes! - seus olhos brilhavam.

- Você enlouqueceu, só pode - rio.

Tento sair da cozinha, mas ele segura minha mão e fico presa entre Will e todas as verdades que tentei esconder de mim mesma nos últimos minutos.

- Sei que nossa "amizade" está longe de ser normal e duvido que algum dia eu consiga olhar com olhos bondosos para você, mas aqui estou eu, tentando consertar as merdas que fiz. - diz exasperado.

- Eu não pedi que consertasse. O plano de meros estranhos pode muito bem voltar a funcionar - falo acidamente.

- Spencer, você vai ficar nessa até quando? Quer que eu acredite que se eu sair agora por aquela porta e for me divertir com as garotas não vai mudar em nada nossa "amizade" - pergunta.

- Você está sendo ridículo Will. - minha voz soa esganiçada.

- Será que sou eu? - pergunta.

- Com toda certeza sim, caso não tivesse feito merda desde o começo não estaríamos aqui agora. E sinceramente eu não sei quem você é, não sei se é o amigo ou o transtornado ou até mesmo o pegador. Então me desculpe se eu não quero me arriscar. - nesse exato momento a raiva irrompe de minhas duvidas e já não sou uma garotinha indefesa.

- Essa definitivamente é a palavra: ARRISCAR. Então ficamos como? Amigos? Como crianças na pré-escola? Porque se sua resposta for sim, acho que você tem que estar preparada para me ver aproveitando a vida como bem me interessar - diz exaltado.

- Acho que somos adultos o suficiente para isso, e espero o mesmo comportamento de você - digo.

No instante seguinte, meu cérebro não consegue acompanhar os acontecimentos com coerência. Will me beija fervorosamente, meu corpo responde e todas as sensações horríveis desaparecem. Nunca tinha ficado com Will dessa forma, seu estado é quase animalesco e quando estou quase sem folego ele se afasta.

- Nunca, jamais diga isso novamente. Você pode estar confusa, assim como também estou, mas você é minha e nenhum outro cara vai colocar as mãos em você - sua voz é sedutora e firme e por um instante meu corpo quer obedece-lo.

Ele segue deixando beijos e caricias contra minha pele, até que sua mão chega na fina faixa de cetim do robe - sei que não deveria deixa-lo ter esse controle sobre mim, mas sou fraca demais para impedir - percebendo minha entrega ele dá inicio a uma tortura insuportável.

- Você gosta disso Spencer - pergunta, me apertando contra a parede - quer que eu continue ou prefere que eu pare?

Não consigo formular uma frase sarcástica ou muito menos afasta-lo, minha única resposta é a respiração entrecortada. Enquanto uma de suas mãos me prende em mais um de seus beijos selvagens, ele enrosca minha perna no seu quadril e usa o todo peso do seu corpo - e seu membro rígido como pedra - para me manter a sua mercê.

- Você pode se negar a responder, mas seu corpo não. Você me quer Spencer, da mesma forma suja e intensa que eu te quero, mas a diferença entre você e mim, é que eu já admiti isso para mim mesmo. - conforme as palavras vão saindo de sua boca, percebo que ele está recuperando o controle sobre seu corpo e mente. - Dessa vez, não vou agir como um idiota; serei seu amigo, mas deixo aqui, minhas intenções bem claras. A única coisa que você precisa fazer é me dizer sim ou não.

Confusa, ofegante e ainda grudada na parede da cozinha, eu fico arrumando o roby, enquanto Will vai embora.

Metamorphosis - Em revisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora