XXVII

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Fui para cama assim que Will saiu, realmente tinha muita coisa para digerir. Rolei de um lado para outro da cama sem conseguir dormir, tudo que me vinha a cabeça eram questionamentos sobre o que eu realmente estava fazendo da minha vida, se meus pais estavam mesmo errados e o que eu faria daqui por diante. Por fim, me deixei pensar sobre a conversa que tive com Will e as mensagens.

As desculpas dele não mudam em nada o que aconteceu, mas sou adulta o suficiente para entender que aquilo é passado e que posso vir a precisar da ajuda futuramente – academicamente falando, é claro – só preciso me manter focada. Conversas estritamente profissionais, álbum bate papo sobre mudanças climáticas e talvez algum cafezinho com o restante do pessoal do laboratório. Será bom tê-lo como amigo! Coloco o alarme e fecho os olhos esperando que o sono chegue.

Na manhã seguinte, Ammy me manda uma mensagem perguntando se estou bem e avisa que nos encontraremos na universidade amanha. Tomo café e decido gastar um pouco de tempo andando pelo shopping. Olho as opções de filme em cartaz e nada parece interessante o suficiente, compro um par de sapatilhas, como um Big Mac e volto pra casa.

O sol está começando a sumir no horizonte quando saio para correr, por ser final de tarde de um domingo, - quero evitar famílias felizes que estão passeando com seus cães – pego o carro e vou até a universidade. A pista está vazia e alguns postes de iluminação já dão sinal de vida, encosto numa arvore para me alongar, deixo minha garrafa d'água ali, ligo a playlist e começo a corrida.

"Money rains from the sky above

But keep the change cuz I've got enough

A little time and some tenderness

You'll never buy my love" This girl – Kungs & Cookin' on 3 Burners

Quando saio da pista de corrida, já anoiteceu. As luzes que iluminam o caminho da pista até o estacionamento estão falhando, mas consigo ver mais carros agora – os alunos dos dormitórios devem estar chegando.

Há duas vagas de onde estacionei, um grupo de garotos está eufórico, - provavelmente são veteranos comemorando alguma coisa - tento entrar rapidamente no carro antes que me notem, mas a chave escorrega da minha mão e cai embaixo do carro – Droga!

- Algum problema com o carro? Precisa de ajuda? – um deles pergunta enquanto me enfio em baixo do carro.

- Só deixei a chave cair, está tudo bem obrigada. – digo sem graça, me espremendo cada vez mais

- Deixa que eu pego pra você – diz ajoelhando ao meu lado.

Tomo um susto tão grande que bato com a cabeça no carro e caio.

- Aí! Mas que merda – reclamo – pode me dar licença por favor, acho que você já ajudou demais – peço.

Um dos outros rapazes me ajuda a levantar e então vejo Will.

- Que merda Carter, dá o fora daqui. Você sempre tem que bancar o príncipe encantado com as donzelas em perigo – diz e se abaixa para pegar as chaves da mão dele.

Assim que o reconheci virei de costas e comecei uma conversa estranha com os outros caras a fim de certifica-los que estava que o imbecil do tal Carter só tinha me assustado.

- As chaves estão aqui – coloca a mão no meu ombro – se você está bem, vamos embora – diz.

Assim que me viro sua expressão muda, consigo ver o olhar chocado e a cara de espanto.

- Spencer! Caramba, não imaginava que era você. Esses são meus amigos, incluindo o Carter – risos.

Rapidamente um a um me cumprimenta e nos deixam a sós.

- Veio correr? – ele pergunta passando a mão pelo pescoço.

- É, precisava de um pouco de ar puro e pensei em evitar as famílias felizes na pista publica – falo enquanto jogo as coisas no banco do carro.

Como se fosse a deixa perfeita os amigos dele encostam o carro do nosso lado e o chama.

- Bom, se você não precisa de mim, vou indo nessa – alguma coisa na sua voz, transmite desconforto.

- Claro, pode ir. Vou comprar comida e depois vou pra casa – digo entrando no carro.

- Por que não vem comer com a gente? Deixamos você escolher o lugar – convida.

- Melhor deixar pra outro dia, não estou em condições de jantar no momento – faço um gesto indicando minha roupa – Não seria uma boa imagem a se passar – rio.

- Com certeza eles não ligam, mas de qualquer forma não vou deixar que você jante sozinha hoje – ele encosta no carro – podemos esperar você ir na sua casa se arrumar, enquanto isso aproveitamos e ensinamos bons modos ao Carter, para que ele se comporte no jantar – ambos rimos.

- Não sei, não me parece uma boa ideia – jantar com Will, mesmo que seja na companhia de seus amigos não faz parte do meu plano de agente secreto – vocês já tinham seus planos, não quero atrapalhar.

- Você nunca atrapalharia – diz Carter e Will imediatamente o fuzila.

- Carter, por que não espera a gente lá no Ragazzo, enquanto convenço Spencer a se arrumar e jantar com a gente? – diz Will.

Minutos depois vemos o Corolla sair do estacionamento.

- E então, o que vai ser?- pergunta.

- Will, estou cansada! Não tenho animo para encarar um noite de pizza dos garotos, talvez um outro dia. – entro no carro fecho a porta, abro o vidro e dou partida.

- Sabia que é deprimente terminar um domingo tão produtivo quanto o seu, comendo comida processada em frente a televisão? – pergunta.

- Escolhe um outro lugar então, topo até te acompanhar num hambúrguer cheio de bacon só para manter o foco na dieta – ele me olha esperançoso e sou obrigada a rir.

- Enquanto eu não disser que sim você não vai desistir não é? – pergunto

- É isso ai! Então temos um acordo? Aonde vamos? – pergunta.

- Temos um acordo, hambúrguer e você escolhe o lugar, me liga daqui uma hora me passando o endereço. – coloco o carro em movimento e saio do estacionamento.

Metamorphosis - Em revisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora