Fui para cama assim que Will saiu, realmente tinha muita coisa para digerir. Rolei de um lado para outro da cama sem conseguir dormir, tudo que me vinha a cabeça eram questionamentos sobre o que eu realmente estava fazendo da minha vida, se meus pais estavam mesmo errados e o que eu faria daqui por diante. Por fim, me deixei pensar sobre a conversa que tive com Will e as mensagens.
As desculpas dele não mudam em nada o que aconteceu, mas sou adulta o suficiente para entender que aquilo é passado e que posso vir a precisar da ajuda futuramente – academicamente falando, é claro – só preciso me manter focada. Conversas estritamente profissionais, álbum bate papo sobre mudanças climáticas e talvez algum cafezinho com o restante do pessoal do laboratório. Será bom tê-lo como amigo! Coloco o alarme e fecho os olhos esperando que o sono chegue.
Na manhã seguinte, Ammy me manda uma mensagem perguntando se estou bem e avisa que nos encontraremos na universidade amanha. Tomo café e decido gastar um pouco de tempo andando pelo shopping. Olho as opções de filme em cartaz e nada parece interessante o suficiente, compro um par de sapatilhas, como um Big Mac e volto pra casa.
O sol está começando a sumir no horizonte quando saio para correr, por ser final de tarde de um domingo, - quero evitar famílias felizes que estão passeando com seus cães – pego o carro e vou até a universidade. A pista está vazia e alguns postes de iluminação já dão sinal de vida, encosto numa arvore para me alongar, deixo minha garrafa d'água ali, ligo a playlist e começo a corrida.
"Money rains from the sky above
But keep the change cuz I've got enough
A little time and some tenderness
You'll never buy my love" This girl – Kungs & Cookin' on 3 Burners
Quando saio da pista de corrida, já anoiteceu. As luzes que iluminam o caminho da pista até o estacionamento estão falhando, mas consigo ver mais carros agora – os alunos dos dormitórios devem estar chegando.
Há duas vagas de onde estacionei, um grupo de garotos está eufórico, - provavelmente são veteranos comemorando alguma coisa - tento entrar rapidamente no carro antes que me notem, mas a chave escorrega da minha mão e cai embaixo do carro – Droga!
- Algum problema com o carro? Precisa de ajuda? – um deles pergunta enquanto me enfio em baixo do carro.
- Só deixei a chave cair, está tudo bem obrigada. – digo sem graça, me espremendo cada vez mais
- Deixa que eu pego pra você – diz ajoelhando ao meu lado.
Tomo um susto tão grande que bato com a cabeça no carro e caio.
- Aí! Mas que merda – reclamo – pode me dar licença por favor, acho que você já ajudou demais – peço.
Um dos outros rapazes me ajuda a levantar e então vejo Will.
- Que merda Carter, dá o fora daqui. Você sempre tem que bancar o príncipe encantado com as donzelas em perigo – diz e se abaixa para pegar as chaves da mão dele.
Assim que o reconheci virei de costas e comecei uma conversa estranha com os outros caras a fim de certifica-los que estava que o imbecil do tal Carter só tinha me assustado.
- As chaves estão aqui – coloca a mão no meu ombro – se você está bem, vamos embora – diz.
Assim que me viro sua expressão muda, consigo ver o olhar chocado e a cara de espanto.
- Spencer! Caramba, não imaginava que era você. Esses são meus amigos, incluindo o Carter – risos.
Rapidamente um a um me cumprimenta e nos deixam a sós.
- Veio correr? – ele pergunta passando a mão pelo pescoço.
- É, precisava de um pouco de ar puro e pensei em evitar as famílias felizes na pista publica – falo enquanto jogo as coisas no banco do carro.
Como se fosse a deixa perfeita os amigos dele encostam o carro do nosso lado e o chama.
- Bom, se você não precisa de mim, vou indo nessa – alguma coisa na sua voz, transmite desconforto.
- Claro, pode ir. Vou comprar comida e depois vou pra casa – digo entrando no carro.
- Por que não vem comer com a gente? Deixamos você escolher o lugar – convida.
- Melhor deixar pra outro dia, não estou em condições de jantar no momento – faço um gesto indicando minha roupa – Não seria uma boa imagem a se passar – rio.
- Com certeza eles não ligam, mas de qualquer forma não vou deixar que você jante sozinha hoje – ele encosta no carro – podemos esperar você ir na sua casa se arrumar, enquanto isso aproveitamos e ensinamos bons modos ao Carter, para que ele se comporte no jantar – ambos rimos.
- Não sei, não me parece uma boa ideia – jantar com Will, mesmo que seja na companhia de seus amigos não faz parte do meu plano de agente secreto – vocês já tinham seus planos, não quero atrapalhar.
- Você nunca atrapalharia – diz Carter e Will imediatamente o fuzila.
- Carter, por que não espera a gente lá no Ragazzo, enquanto convenço Spencer a se arrumar e jantar com a gente? – diz Will.
Minutos depois vemos o Corolla sair do estacionamento.
- E então, o que vai ser?- pergunta.
- Will, estou cansada! Não tenho animo para encarar um noite de pizza dos garotos, talvez um outro dia. – entro no carro fecho a porta, abro o vidro e dou partida.
- Sabia que é deprimente terminar um domingo tão produtivo quanto o seu, comendo comida processada em frente a televisão? – pergunta.
- Escolhe um outro lugar então, topo até te acompanhar num hambúrguer cheio de bacon só para manter o foco na dieta – ele me olha esperançoso e sou obrigada a rir.
- Enquanto eu não disser que sim você não vai desistir não é? – pergunto
- É isso ai! Então temos um acordo? Aonde vamos? – pergunta.
- Temos um acordo, hambúrguer e você escolhe o lugar, me liga daqui uma hora me passando o endereço. – coloco o carro em movimento e saio do estacionamento.
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Metamorphosis - Em revisão
Storie d'amoreNossa vida é um conjunto de escolhas, expectativas e apostas de grande risco. Tudo começa quando somos apenas um feto, a grande expectativa se seremos menina ou menino. A sociedade impõe várias etapas e rótulos que devem ser seguidos desde nossa inf...