Opposite Sides Of The Same Coin

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Eu não me lembrava de ter ido a uma festa daquelas antes.

Tudo era incrível. As luzes, o lugar, as roupas, as bebidas, a decoração e os convidados. Me sentia nas festas que via com os filmes que costumava assistir com minha mãe todo domingo à tarde. A beleza vinculada ao poder e à influência.

– Não se deixe animar. – Harriet me avisou. – Isso é uma cesta cheia de cobras venenosas pronta pra dar o bote.

A festa da Versalle era realizada em um dos maiores centros de eventos de Sydney. O local tinha mais de seiscentos metros quadrados, com uma piscina tão grande que parecia ser olímpica. A água refletia as luzes neon da passarela em que o desfile aconteceria, e uma multidão já procurava seus lugares para ter uma bela visão da apresentação.

Do outro lado da piscina, vi Denise Sparks, a apresentadora do Gossip Show, arrumar os cabelos de uma garota loira, que tinha um andar e um rebolado tão exagerados que tinha certeza que se a conhecesse, não iria gostar nada dela.

– Aquela é Kimberly Sparks, filha de Denise Sparks. Ela é uma chata que só pensa em si mesma, quer dizer, isso se ela pensa. A mãe dela você já deve conhecer, e não, também não sei ela pensa. Deve pagar alguém pra fazer isso por ela. – Harriet me contou, e nós duas demos uma risada baixa. – Vem, enquanto o desfile não começa, vou te mostrar quem são as pessoas que sou obrigada a conviver todos os dias.

Ela me puxou pela mão, antes de roubar um coquetel de uma das mesas. Provavelmente já tinha um dono, mas Harriet parecia pouco se importar.

– Aquele ali. – Harriet apontou discretamente para um senhor elegante com um relógio que suspeitava ser de ouro puro. – Ferdinand Sparks, esposo de Denise e dono da emissora águas cristalinas, a maior aqui de Sydney. Eles são praticamente os donos da cidade, e os Turner beijam o chão que os Sparks pisam.

– Jura? Eles parecem ser tão antipáticos. – Harriet girou os olhos, parecendo irritada só de falar sobre eles.

– Ah, e são, essa família come ovo e arrota caviar, como diz minha tia Bárbara. – Eu dei uma risada.

– Preciso realmente conhecer sua tia Bárbara.

Passava das onze horas quando o desfile realmente começou. Por querer evitar atenção, eu e Harriet optamos por locais mais afastados, longe do enxame de empresários ricos e patricinhas fervorosas por um dos modelos. Quando eu digo modelos, estou querendo dizer as roupas, gente, calma.

Faltando menos de um minuto para apresentarem o desfile, um homem muito bonito, que aparentava uns 29 para 30 anos, chegou discretamente e ocupou um dos bancos da frente, afastando o paletó para não se sentar por cima. Não pude deixar de perceber o distintivo preso em seu cinto. Ao perceber que eu o fitava, ele deu um sorriso sedutor e disse:

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