Murderer

02. Madeline Stayne

"Que cada homem reconheça os outros como seus iguais por natureza. A falta a este preceito chama-se orgulho. " — O Leviatã, Thomas Hobbes.

Localização: Universidade de Sheffield — Dormitório de Madeline Stayne.
Data: Segunda-feira, 15 de abril.
Dias Restantes: 34.

Madeline Stayne estava furiosa. Havia passado o primeiro dia de aula pensando em seus supostos amigos e em como estes haviam conspirado contra ela. Poderia estar exagerando quando pensava em conspiração, mas o que mais poderia ser?

Se tinha uma coisa com a qual se orgulhava em dizer era: "sou uma boa pessoa". Crescera cercada de pessoas ruins e egoístas e desde cedo aprendera com sua mãe a importância de ser legal com os outros.

E agora as pessoas estavam sofrendo por causa dela. Isso não fazia a porra de sentido nenhum, afinal sua opinião no assunto moda era superficial, sua mão poderia ser uma estilista famosa, contudo isso não significava que Madeline era como ela. Além do mais, quem era ela para julgar as roupas dos outros?

Todavia esse não era o problema persistente em não deixar sua mente, na verdade o mais incômodo era pensar em como fora enganada pelos amigos. Decerto as pessoas só eram simpáticas com ela para serem elogiadas, não por gostarem dela.

— Tudo bem, Madeline — murmurou para si mesmo enquanto andava em círculos —, primeira coisa a se fazer: elaborar um plano. Não tenho provas das mentiras, então vou atrás das provas, porque elas estão, obviamente, mentindo. — Suspirou e prendeu o cabelo —, ou você está louca.

Estava em seu dormitório desde quando sua última aula acabou, não havia saído nem mesmo para jantar, não estava com fome, além do mais, não queria encarar suas amigas, não agora.

Decidiu colocar o plano em ação no dia seguinte, perguntaria para o máximo de pessoas se algo dito por ela havia influenciado sua vida. E depois, iria atrás de suas "amigas".

Localização: Universidade de Sheffield.
Data: Terça-feira, 16 de abril.
Dias Restantes: 33.

Os pequenos saltos da bota de Madeline estalavam enquanto andava apressadamente atrás de uma garota, aparentemente uma de suas primeiras "vítimas", não conseguia lembrar-se do nome da loira de roupas sem-graça, mesmo se esforçando muito.

Parou subitamente depois de pensar isso, não havia pensado por mal, simplesmente veio. Madeline se sentiu culpada. Tentava culpar seus amigos, mas os comentários vieram dela, mesmo não sendo sua intenção, suas palavras foram usadas contra outras pessoas.

Balançou a cabeça em negação, aquilo não era sua culpa, respirou fundo e apertou o passo finalmente alcançando sua suposta vítima. Estava sentada, lendo, os cabelos loiros caindo em cima do rosto.

— Oi — cumprimentou Madeline nervosamente.

— Oi — respondeu enquanto fechava o livro, ainda sem levantar o rosto —, tudo bem? — Forçou um sorriso quando viu quem falava com ela.

— Preciso perguntar uma coisa — disse Madeline ignorando a pergunta, a loira assentiu — nós entramos na faculdade no mesmo ano, certo? Precisa me dizer se algo dito por mim ofendeu você — recebeu em resposta um olhar paralisado entre choque e surpresa —, poderia me dizer? — A garota sentada olhou para os lados nervosamente, como se estivesse certificando-se de ninguém ouviria — por favor?

— Sim — disse por fim fazendo contato visual com Madeline —, não deveria estar falando sobre isso, mas você perguntou e já estou sem paciência para essa palhaçada. — O olhar preocupado deu lugar a raiva.