20. Nicholas Bebris

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"Do nascimento ao túmulo, sabemos que nosso dia vai chegar. Nossa tragédia é que esquecemos que o dia de outra pessoa pode chegar primeiro. " — Alma Negra, Holly Black.

Localização: Praça do Castelo.
Data: Domingo, 19 de maio.
Dias Restantes: 0.

            Quando Nicholas deixa a delegacia, está amanhecendo. Ele caminha cabisbaixo em direção a uma praça ali em frente, tentando manter sua mente focada em quantos passos ele está dando, ao invés de pensar em Jaxson.

            Ele perde a conta e começa novamente repetidamente, observando seus tênis e o chão embaixo deles. Nicholas faz isso até encontrar um banco solitário no meio da praça.

            Após sentar-se, Nicholas observa o nascer do sol, pensando em como é incrivelmente lento, o sol parece que nunca vai aparecer, apenas aquela luz fraca, sem de fato aquecer o mundo. Nicholas nunca foi de observar o sol nascer, ele nunca ficou acordado até tarde. Bom, talvez ele tenha, vez e outra, mas sempre com as persianas fechadas.

            De qualquer forma, ele sente que não está perdendo nada. O nascer do sol é sem-graça e, particularmente, ele prefere o entardecer, quando o sol vai sumindo lentamente no horizonte e o céu fica tingido das mais diversas cores.

            Nicholas sente-se perdido, não sabendo ao certo o que sentir. Há poucas horas atrás ele estava descobrindo que tinha um irmão e abraçando-o, agora este está morto e Nicholas nem ao menos sabe se está autorizado a chorar.

            Não que ele queira, na verdade, nenhuma lágrima chega até seus olhos. Então ele apenas observa o nascer do sol, pensando sobre Jaxson, sobre como ele era inteligente sem fazer esforço. Sobre seus esforços para melhorar e como isso não adiantou de nada, pois no final ele acabou morto.

            Ele sabe que todos vão morrer um dia, mas é injusto aquilo ter acontecido com Jaxson tão cedo, e quanto a redenção? Quanto ao perdão? Eles não valem de nada? Nicholas quer encontrar com esse James e gritar com ele pedindo respostas, ele quer bater nele até toda a dor sumir.

            Nicholas sufoca um soluço. Por que as coisas tiveram que acontecer desse jeito? Ele levanta-se rapidamente e caminha para fora da praça, sua mente criando um milhão de cenários para a morte de Jaxson, uma pior que a outra. Ele recomeça a contagem.

            Faz poucas horas que ele ganhou e perdeu um irmão, mas o peso em seu coração é como se ele tivesse conhecido Jaxson a sua vida inteira. Nicholas havia pensado que foi uma benção descobrir a verdade antes, agora ele pensa que foi uma maldição.

            Nicholas limpa as lágrimas e caminha de volta para a delegacia, ele precisa de uma carona e ouviu alguns policiais oferecendo aos seus colegas. Ele entra relutante na delegacia, envergonhado de ter que pedir para ser lavado de volta a Uni. Se Nicholas tivesse dinheiro para o taxi isso não aconteceria.

            Ele concentra-se nesse problema, tentando lidar com o mais simples, antes que não consiga lidar com mais nada.

Localização: Delegacia de Sheffield.
Data: Domingo 19 de maio.
Dias Restantes: 0.

            Martin precisa colocar suas ideias em ordem, todos foram liberados e agora ele precisa juntar as peças. Logo vão descobrir de qual arma foi dado o disparo que matou Jaxson, podendo ajudar significativamente na resolução daquele crime.

            — Muito bem, pessoal — começa ele. — Precisamos investigar a propriedade onde o crime ocorreu, principalmente o bosque. Câmeras de segurança são importantes, talvez tenhamos a chance de encontrar alguma pista nelas. — Todos assentem, prestando atenção nas instruções. — Precisamos saber quem tem James no nome, por enquanto esse é o nome do assassino.

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