12. A Polícia

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"Mas se tem uma coisa que eu sei é que em algum momento todos somos pegos. " — Luva Vermelha, Holly Black

Localização: Sheffield — Casa de Campo de Anna Azuos — Exterior.
Data: domingo, 19 de maio.
Dias Restantes: 0.

A princípio, Martin pensou que tudo aquilo não se passava de um trote. Adolescente assassinado em uma casa de campo no bairro mais chique de Sheffield? Besteira.

Ainda mais quando ele estava supervisionando justamente a delegacia mais próxima. Aquilo provavelmente era um trote de seus dois melhores amigos, Cassel e Ferris, mas os dois estiveram o tempo todo jogando cartas com Martin. Não poderiam ter arquitetado aquilo.

Ele demora apenas um segundo entre receber a notícia do crime, pensar na possibilidade de trote, descartar essa ideia e acionar todas as unidades daquela delegacia.

É muito azar de Martin ter que lidar com aquilo no seu primeiro dia como "supervisor", como o delegado Jonson gosta de chamar. Ele sabe o quanto Martin quer o cargo de delegado e foi gentil de sua parte deixa-lo no comando.

Mas Martin vê tudo como muito azar, porque devem ter umas duzentas pessoas na festa. E cada uma tem quer ser interrogada. E provavelmente o garoto é rico, o que significa que pessoas influentes estarão envolvidas, e isso nunca é um bom sinal.

— Acho que vou desistir disso tudo — diz Martin aos seus colegas enquanto olha a multidão de pessoas em frente à casa. — Arrumar um emprego em um supermercado. Não é tão ruim.

— Pare de ser um bundão, Coates — responde Ferris. — Tudo bem que a maioria deve estar drogada demais ou bêbados demais para responder qualquer coisa, mas não é tão ruim.

— Exatamente! — Concorda Cassel. — Provavelmente fui algum assaltante, deve ter fugido pelo bosque e deixado pistas, podemos usar uns cachorros para encontrá-lo.

— Eles são treinados para achar drogas. — Rebate Martin. Pensando em como foi um pouco idiota treinar os cães apenas para isso. O delegado Jonson alegava que os policiais é quem deveriam encontrar os suspeitos e as pistas, como se tudo aquilo fosse um grande jogo.

— Isso é só um detalhe, achar um ser humano deve ser muito mais fácil. — Argumenta Cassel fitando os adolescentes espalhados pela propriedade. — Nós vamos conseguir resolver esse assassinato num piscar de olhos. E você vai conseguir se tornar delegado em alguns anos. — Garante ele colocando uma mão no ombro de Martin.

— Vocês sabem que se eu falhar eu nunca vou conseguir, certo? — Disse Martin olhando hesitante para seus colegas policiais. — Porque isso não parece ser algo muito complexo e vou ter que lidar com coisas muito piores. — Acrescenta com um olhar sombrio.

— Claro, cara — responde Ferris, ignorando a parte do final do que Martin dissera —, nós vamos achar o assassino, nem que precisamos interrogar toda essa gente, é o nosso trabalho afinal. — Continua sorrindo fraco.

— Certo. — Diz Coates olhando para o que podem ser tornar suspeitos, ou seja, todos. — Isolem a área! — Grita para os policias chamando a atenção deles e fazendo com que estes se reúnam a sua volta, aguardando instruções.

— Preciso de um grupo de busca e um grupo para reunir todas as pessoas que estavam na festa. — Continua abaixando o tom de voz.  — Se o suspeito fugiu pelo bosque, vamos encontra-lo, mas caso ele ainda esteja aqui — Martin olha para todos a sua volta —, vamos encontra-lo também — continua dizendo aos policiais, os quais assentem e se espalham rapidamente pelo perímetro.

Martin está quase se juntando ao grupo de policias que vão reunir as pessoas, quando um choro angustiante chama sua atenção. Ele se vira na direção do som e não consegue não ficar triste pela garota em prantos há alguns metros da onde está.

MurdererOnde histórias criam vida. Descubra agora