O que se faz quando se tem 24 anos?
Justamente. Procura emprego. Terminar os estudos foi moleza, apesar de me tornar um nada e de repente alvo das piadas dos populares. Eu não tenho mais contato com eles. Aliás, acho que nem lembro mais seus nomes. Eu estou bem com isso. Ainda moro na mesma casa, saí dela por um tempo, mas quando minha mãe faleceu, eu a herdei. Claro, o filho único dela sou eu. Foi muito difícil a sua perda... Foi bem pior do que a perda do... Ah, acho melhor não lembrar dele ou vou acabar chorando.
Aliás, eu me lembro dele com uma certa frequência. 8 anos sem notícias, sem saber nem se está vivo ou morto, ou se seus pais mentiram pra mim e o mantinham encarceirado num porão subterrâneo. Decidi não remexer mais nesse assunto ou eu perderia minha vida. Foquei no que mais me importa no momento: minha sobrevivência no subúrbio de Ohio. Qualquer emprego seria válido. Eu moro sozinho com a companhia do meu gato, Spike, mas ele já está tão velho quanto minhas memórias do Andy.
Olha ele aparecendo no meu discurso outra vez. É importante dizer que... Mesmo longe e depois desse tempo todo, ainda resta um pingo de esperança de que ele volte, e um minúsculo respingo, de que ele ainda me veja como melhor amigo. Eu sinto que ele está cada vez mais perto de mim... E não sei porquê.
Passei por um hotel a qual precisavam de recepcionistas, depois de esperar 14 dias, finalmente fui efetivado. Naquele dia, tinha uma multidão de garotas desesperadas segurando cartazes e gritando muito. Talvez algum ídolo das febres adolescentes. "Black Veil...", a garota tampava a outra parte. Fiquei com aquele nome na cabeça. Eu deveria ter ouvido em algum lugar. Será que é da rádio? Essa maldita banda está em todos os lugares. Não me importei muito com aquela cambada de meninas loucas, fui pro meu posto no balcão. Eu não estava preparado, não ancioso, e muito menos animado, mas era um trabalho e me dava condições de almoçar todos os dias.
ㅡ Bom dia, sr. Em que posso ajudar? ㅡ Atendi um cliente, um cara de terno, parecia ser um agente de algo.
ㅡ Me arruma um quarto, suíte.
ㅡ Para quantas pessoas, sr? ㅡ Eu perguntei fazendo meu serviço.
ㅡ 5... ㅡ Ele respondeu.
ㅡ Caramba, tem muita gente lá fora! ㅡ Um maluco todo de preto e cheio de assessórios pulou em seus ombros... Em dois segundos me lembrei de Andy.
ㅡ Aí, Jake, olha isso... ㅡ Outro também, estava na porta. Quando fechava, ouvia-se silêncio, quando abria uma porção de gritos ensurdecedores.
ㅡ Temos essa aqui, sr. ㅡ Eu ainda estava concentrado no meu trabalho, mais góticos entraram, os supostos "clientes".
ㅡ Não vamos passar as férias nesse hotel, né? ㅡ Um disse subindo as escadas, eu ainda estava efetuando o contrato do sr.
ㅡ Não, amanhã nós vamos pra casa. ㅡ O outro disse segurando uma jaqueta. ㅡ Essas loucas não vão deixar a gente descansar.
ㅡ Nem acredito que estamos em Ohio de novo!! - Um disse se jogando no sofá.
ㅡ Hey, a gente podia fazer um show dos velhos tempos, na garagem de casa!! ㅡ O tal Jake disse. ㅡ O que você acha, Jinxx?
ㅡ Legal. ㅡ Ele respondeu entediado. Todo mundo riu, eu olhei específicamente pro que estava na escada... Aquele sorriso, eu parecia conhecer...
ㅡ Aqui está sua chave, srs. Aproveitem a estadia e muito obrigada por confiarem em nossos serviços.
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Blue Neighbourhood
FanfictionTroye Sivan cometeu um grande erro, ao dispensar o amor do até então melhor amigo e vizinho, Andy Biersack, pensando que se sentiria melhor ao lado dos populares da escola. Ele só não esperava que Andy se tornasse uma estrela do rock, super famosa...