Adeus tranquilidade

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O Japão era é um lugar muito bonito naquela época do ano. As flores começavam a desabrochar e a primavera anunciava o fim de mais um rigoroso inverno no país. O ano fiscal no país, assim como o ano letivo começa em abril e termina em março do ano seguinte, época condizente ao início da primavera e com o florescimento das tão esperadas "sakuras" (as flores de cerejeira) que como sabemos tem um grande significado para o povo japonês. Esta diferença nas datas relacionadas ao ano letivo, traz alguns transtornos para estudantes transferidos ou japoneses que desejam estudar em outro país. Veja o caso de Miguel, as aulas no Brasil já haviam começado a dois meses, enquanto eles estavam terminando o "ano anterior" ainda.

O exaustivo voo de em média 24 horas foi tranquilo embora as escalas necessárias o irritavam mais do que o avião em pleno voo, segundo ele, ter de parar seu jogo para trocar de avião era inaceitável. Miguel tinha ficado no lado direito ao lado da janela, o que era divertido, poder ver a nascente do sol, tê-lo o incomodando pela manhã era ótimo, pois o ar condicionado do avião deixava tudo muito frio. A primeira classe era interessante, poucas pessoas, mas bem luxuosa, eles davam comida de verdade no lugar de petiscos e as cadeiras podiam ficar totalmente reclinadas sem incomodar a pessoa no banco de trás, mas Miguel não se importava com isso; para ele bastava que o avião tivesse Wifi. Uma jovem com mais ou menos a idade dele tinha se sentado ao seu lado, enquanto sua mãe babava no banco atrás dele. A moça era bonita, era dona de lábios bem carnudos, olhos verdes, cabelos enrolados castanhos-quase-preto e um tom de pele dourado impecável. Pela sua apreensão, era difícil dizer se ela tinha medo de altura ou se nunca tinha feito um voo internacional antes.

Miguel, tentando ser cortês ofereceu-lhe um par de fones de ouvidos e seu travesseiro de pescoço para viajem. Após uma rápida explicação de que a poltrona do avião tinha entrada para rádio ele tentou voltar para seu jogo, sem sucesso.

- Obrigada! – Dizia a moça com o mais branco dos sorrisos – Não gosto muito de viajar de avião, e tendo medo de altura sempre fico imaginando o pior. Meu nome é Isabelly, meu pai é africano e minha mãe japonesa, mas sempre fui criada no Brasil, agora estou indo para lá pelo trabalho do meu pai, e você?

Ele ficou sem palavras por um tempo. A garota estava usando um vestido tomara que caia bege da coleção de primavera que a star tinha acabado de lançar. Será que ela comprava pela moda ou por que gostava da marca?

- Muito prazer, meu nome é Miguel Harper, estou me transferindo para uma escola lá devido ao trabalho da minha mãe.

A garota era dona de uma beleza estonteante, e acima de tudo muito simpática, ele jurava que já tinha visto aquele rosto antes.

- Você parece um cara legal, te desejo sorte na sua grande aventura.

A garota colocou o fone e o travesseiro de pescoço, ao invés de dormir ela tirou uma revista de dentro de sua bolsa de couro preta e começou a ler. Era uma revista de moda, onde mostrava as últimas tendências da estação. Naquele momento ele se recordou da garota. Era Isabelly Scott, uma modelo que já tinha sido contratada inúmeras vezes para fazer propaganda das roupas da star, faz sentido que ela esteja viajando para lá, provavelmente D. Gaby tinha contratado os serviços da sua família para fazer a propaganda no novo país de vendas.

Após o voo que demorara uma eternidade acabar a garota devolve seus itens e cada um segue seu caminho. Ele até se sente arrependido por não ter mais tentado puxar assunto com Isabelly, mas após um segundo de remorso o sentimento passa e ele volta ao típico jeito que sempre fora.

Miguel era um poliglota nato, sabia falar seis idiomas diferentes (Bom, isso graças ao ensinamento de seus pais, que sempre queriam que ele aprendesse um idioma novo) era um hobby divertido aprender novas línguas, pois segundo ele, poderia conversar com mais pessoas assim.

Missões cruzadas (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora