Soldado ferido

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As coisas só iam de mal a pior, pelo menos, era o que Miguel pensava.

Estava tentando ao máximo se dar bem com Laura, tinha se esforçado para isso, mudado seus conceitos, se esforçado para agrada-la, e mesmo tendo feito aquele gesto para ajudar, no final acabou por ofende-la.

Seus olhos estavam inchados e o travesseiro molhado, porém suas lágrimas já haviam secado, a muito tempo.

Infelizmente, ele não sabia como continuar. As férias estavam quase aí, mesmo tendo sido um ano lento, pelo menos, saberia que teria um bom tempo de descanso para descobrir como agir.

Aquele quarto de dormitório nunca tinha parecido tão vazio e triste daquele jeito. Lembrava ele sempre ter alguém para conversar, e tirando as horas de dormir, um de seus amigos sempre estava ali para dar pelo menos um oi, no entanto, nada podia se ouvir do que a amarga sinfonia do silêncio.

Um barulho, quebrando todo aquele clima. Parecia uma mensagem.

Seu celular tinha acabado de vibrar em cima da bancada do notebook.

"Leonardo

Por empatia, vou dormir fora hoje, anime-se, aquilo não é o fim do mundo".

Mesmo recebendo um texto motivador daqueles, Miguel não conseguia ficar contente, ou de alguma forma, não colocar pelo menos parte da culpa nele.

Provavelmente sabia o que a Laura iria fazer, provavelmente teria uma parte bem ativa naquela tomada de decisão, afinal, ao que tudo indicava, era dele que ela gostava.

"Enquanto duas pessoas não começarem a namorar, todo mundo ainda tem chance de ser o par".

Lembrar das palavras que tinha dito contra seu rival não adiantava mais. E pensar que em um dia, apenas um breve intervalo de 24 horas toda a chance que pensou ter seria jogada fora, se desfazendo em limbo, e deixando uma sensação enorme de frustração.

Miguel arremessou seu celular do outro lado do quarto, batendo fortemente na parede ao lado do beliche e errando por pouco a janela.

Levou as mãos a cabeça, e tapando sua boca...

Gritou.

Gritou tão alto que o suave som dos cantares dos pássaros lá fora parou, e tão forte a parecer que sua garganta se racharia, no entanto, ninguém ouviu, ele não permitiu que o som se propagasse além de seu quarto quando tapou a boca com a mão.

Aquele... seria o momento perfeito para se afogar em alguma bebida, e tentar relaxar ante a nicotina.

Esse pensamento era certo? Miguel começou a se indagar, nunca antes achou que aquilo teria um fim sem ser recreativo, porém, depois, a vontade acabou invadindo seu corpo.

Se a ideia era aproveitar o efeito para esquecer o que aconteceu talvez funcionasse, pelo menos, se a bebida pudesse afastar esses pensamentos para o dia seguinte, julgava ele que estaria preparado para suportar toda dor e tristeza...

Ou não.



O campus realmente estava vazio, sinal de que para a maioria as férias já haviam começado.

Seu intuito era passar no quarto de Tess e ver se sobrou alguma coisa antes dela viajar, e depois, passar o resto do tempo no observatório, e quem sabe dormir à luz das estrelas.

O único problema era que o quarto não era só daquela garota, e sim da sua melhor amiga.

Seria uma visita rápida, abriria o cofre, sairia e iria embora, simples assim.

Missões cruzadas (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora