Meninas

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Laura acordou cedo. Mesmo que raro, tinha tido uma ótima noite de sono.

Sexta feira, último dia de aula da semana, mas Laura não pensava assim, pensava que era um como qualquer outro, pois havia dois dias de estudos livres ainda vindo a frente.

Não era sempre assim, escolas japonesas tem o péssimo costume de ter certos sábados no mês como dias letivos, mas não era esse o caso dessa vez.

Laura se espreguiçou como uma atriz de comercial faria para acordar, então sim, aparentemente existia pessoas assim na vida real. Bateu no seu travesseiro rosa e estendeu os lençóis. Para ela isso era um sagrado ritual, pois mesmo que não fosse ligado muito com seus pais, aquilo lhe dava uma certa sensação de conexão.

Tess não estava ali. Onde será que a reclusa e estourada garota tinha dormido aquela noite?

Laura não pode evitar, um pensamento totalmente malicioso veio em sua mente, e um riso que só era visto quando alguém travava outros com segundas intenções veio ao seu ser.

De qualquer forma, era melhor seguir seu rumo. Ainda era cedo, o sol tinha acabado de iluminar as frestas do arco em madeira que fechava as janelas marrons do quarto por fora.

Seu despertador tocou e com um golpe rápido e preciso, a menina o desativou.

- Melhor do nunca minha cara - Disse a si mesmo, ela se sentia recompensada por acordar antes do despertador sair gritando pelo quarto, literalmente. Ela tinha um despertador com rodinhas, se seu alarme não fosse desativado corretamente quando tocasse, depois de cinco minutos ele sairia correndo e batendo em tudo. Era um dos seus investimentos mais bizarros, e funcionava muito bem, pois ele servia a seu propósito, incomodar e acordar.

Hora da caminhada matinal, mas primeiro, necessidades humanas básicas.

Ela tratou de comer uma barrinha de carboidratos logo depois de tomar banho. O café era servido na cantina 8 AM para que todos os estudantes já entrem na escola com as barrigas devidamente alimentadas, mas para aqueles que a rotina começava uma, duas ou até três horas mais cedo precisavam procurar uma outra alternativa.

Laura foi ao banheiro, estava na hora de tomar alguns comprimidos.

Esse era o único assunto que Laura evitava de falar com todas as suas forças, até para sua melhor amiga. A questão não era medo ou aquele típico sentimento de não precisar dos outros, mas sim a dependência. Laura queria viver sua vida sem precisar incomodar os outros, levando cada dia ao seu máximo e dependendo apenas dela para procurar sua felicidade. Laura não negava ajuda, muito menos lutava contra o que lhe era ofertado, mas havia alguns sentimentos que a incomodavam quando necessitava de terceiros para fazer algo para ela nessa questão.

Depois do coquetel, a menina estava pronta para sua rotina diária.

Abriu as janelas e sem nem ao menos hesitar gritou com toda força de seu pulmão um tremendo "bom dia" para todos aqueles que tivessem ouvidos para escuta-la.

Alguns passarinhos voaram ao fundo, e depois de ver isso, ela voltou para dentro.

Quando foi abrir a porta do quarto, ela ouviu um barulho de impacto, como se algo tivesse caído naquele mesmo instante.

"Ah".

Dá onde quer que veio o som? Era de uma pessoa, ou melhor, da pequena pessoa que tinha acabado de cair nas pernas de Laura.

- Tess? O que está fazendo aí?

A moça coçava os olhos. Algumas meninas que estavam passando no corredor as cumprimentava, enquanto depois de alguns passos riam da menina caída no chão.

Missões cruzadas (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora