Decisões

35 12 129
                                    


De manhã, após aquela noite mal dormida Miguel foi o primeiro a acordar. Laura tinha pego no sono, e estava ali, deitada em sua frente finalmente com uma expressão corporal calma e serena. Seus olhos estavam um tanto vermelhos assim como o nariz evidenciando tudo que chorou até aquele momento.

O menino se levanta da cadeira ao lado do leito, e antes de sair pela porta deu-lhe um beijo na bochecha. A menina mesmo dormindo sorriu quando seus lábios encostaram nela, e logo após se encaixou melhor no travesseiro, no ápice de seu sono.

O jovem saiu calmamente pela porta e mais uma vez se encontrou naqueles imensos corredores. Pensava conversar com os funcionários para saber que tipo de alimentação seria recomendado a ela naquele momento, também queria dar um fim melhor aquele maço de cigarro que eles tinham consumido durante a noite, e finalmente, queria ver se conseguia descolar alguma coisa para si próprio matar aquela fome.

Naquele andar algumas janelas iam e vinham em toda aquela extensão dando claridade ao lugar. Havia vários vasos com plantas, além de uma coloração cinza esverdeada ao toque da luz.

O corredor parecia mais inquieto de manhã do que a noite, a maioria das portas estavam abertas e podia se perceber que além de medicação, muitos pacientes estavam recebendo visitas.

Os enfermeiros passavam por ali com carrinhos repletos de comida e bebida, mas também em cima daqueles carrinhos haviam diversas caixinhas de remédios, seringas, cateteres, gases e afins.

Miguel não queria se demorar muito tempo ali, não estava doente, então a ideia de permanecer ali por muito tempo não lhe agradava muito. A curiosidade dele, porém era bem grande, passava nos leitos abertos e observava os quartos sempre que podia.

Ia de crianças internadas a adultos e idosos, sem distinção nenhuma, mas todos aqueles dentro dos quartos sorriam, talvez para esconder a tristeza, ou apenas por que seus entes queridos faziam a sua companhia.

Menos uma.

Havia duas pessoas naquele quarto, uma totalmente incubada em cima da cama, e a outra estava ali, sentada ao seu lado com um olhar calmo, porém podia-se ver tristeza em seus olhos.

Ainda mais, conhecendo a pessoa sentada, ele podia ter certeza que aquele olhar que emanava tristeza realmente não era de seu feitio.

Leonardo.

- Então é aqui que você tem passado suas noites? - Ele bate na porta assim como se estivesse chamando o dono da propriedade.

O quarto era exatamente igual aos outros do corredor, sem tirar nem por. O menino estava sentado em uma cadeira de madeira ali e antes de ser interrompido, lia um livro bem baixinho, querendo apenas que a pessoa deitada ali escutasse.

- Como você descobriu? - Leo mudou seu semblante de triste para irritado, mas mais do que isso, sentia como se a sua privacidade tivesse acabado de ser exposta, para a única pessoa que não queria que isso acontecesse.

- Pura coincidência, estava passado no corredor e pensei ter visto um rosto familiar – Miguel se escora na porta e cruza os braços. – Então, quem é ela?

Leo o olha fixamente de cima a baixo e depois de baixo para cima, respira fundo, conta até 10 mentalmente e depois se prontifica a falar.

- Ela é minha irmã gêmea, Carla. Está assim a quase um ano, se não fosse por isso, provavelmente estaria na nossa sala na escola.

- Você seria linda se fosse mulher – Diz ele, os dois eram muito parecidos, provavelmente entravam na classificação de gêmeos idênticos, com as diferenças no que diz respeito ao sexo. A menina também tinha um ar mais delicado corporalmente falando, cabelos longos, bochechas rosadas e pele um pouco mais clara que seu irmão, mas tirando isso, a menina era uma cópia feminina de seu irmão.

Missões cruzadas (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora