Saúde

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Na escola, com os corredores vazios e apenas um falhado barulho de caneta riscando em quadros negros, Miguel e Laura passam olhando as janelinhas das salas. Cheias, aliás, como deve ser, os alunos não perdiam o foco e rabiscavam seus cadernos e fichários com uma agilidade impressionante.

Era muito contraditório estar no prédio escolar naquele momento, dava uma sensação de descolado, principalmente pelo fato de ter faltado as aulas, estar ali dentro enquanto tudo estava ocorrendo e não estar lá no intuito de cabular ou entrar na sala no próximo sinal.

Não precisou de muita andança até chegaram na enfermaria, que por sua vez a enfermeira não precisou muito para dar a prescrição de enfermagem em cima da paciente.

- Vamos ter de levar ela para o hospital, não consigo trata-la aqui. – Diz a enfermeira – Laura, como foi que deixou sua saúde cair tanto assim?

No pouco tempo que passaram ali dentro, Mitsuri, a enfermeira da escola fazia uma cara de preocupada que chegava a ser tenebrosa, como se duvidasse daquilo que estava vendo, igualzinho quando alguém pega seu parceiro lhe traindo. Analisando um pouco melhor, chegava até ser irônico aquele semblante, mas mesmo assim trazia uma carga de preocupação muito grande.

Segundo a prescrição médica de emergência que Mitsuri tinha a respeito de Laura, não demorou nada para que a menina recebesse um pouco de soro na veia e um remédio para dores em geral.

O semblante e a postura da menina mudaram quase que instantaneamente, mas não exatamente para melhor, os efeitos rápidos daquelas drogas tinham feito com que ela ficasse tonta e ainda mais anestesiada do que já estava.

- Eu não quero mais... estou bem...

Mitsuri nem prestava mais atenção no que a garota estava falando, ao invés disso apenas rabiscava em um prontuário tudo que estava fazendo em relação a garota.

- Seu quadro é grave garota, você sabe muito bem que não pode ficar sem tomar sem os seus remédios.

- Mas...

- Quer cair morta por acaso? – Mitsuri a olhou de um jeito que quase fez com que a garota chorasse. Era preciso, mas era bem doido de doutrinar daquele jeito uma garota que ela gostava tanto. – Vou deixar você descansando um pouco, mas assim que o soro acabar vá ao médico, ou eu mesma chamo uma ambulância.

Laura expira com força, parecia uma criança mimada quando recebe uma má notícia, mas não tinha muito o que fazer, depois daquela bronca toda, era melhor ir até o hospital mais próximo, se sua vida corresse algum perigo, mesmo que estivesse sendo tudo uma droga no momento, ela ainda queria viver, para ver tudo melhorar.

A enfermeira explica para ele que Laura vive frequentando a enfermaria da escola, as vezes por que esqueceu de tomar uma certa medicação, as vezes por que precisa da recomendação dela para passar em algum médico específico, as vezes para descansar quando tem algum tipo de recaída, e conta ela, que aquilo era muito frequente, tanto que Mitsuri já tinha alguns prognósticos médicos apenas esperando para serem administrados quando ela chegasse com algum problema.

Miguel não estava conseguindo aguentar todo aquele silêncio. Era difícil ver a pessoa que gostava com um sorriso falso para ele e fazendo um "v" com a mão, tentando simbolizar que daria tudo certo.

Qual era a doença dela? Aliás... será que a fonte dos problemas que a menina estava apresentando agora era ele? Pelo que Miguel sabia (e bem, nesse ponto era pouco) Laura passou perfeitamente bem o primeiro semestre sem ir parar na enfermaria, e também era uma pessoa extremamente dedicada, que odiava faltar e sempre era a primeira da sala em tudo, nos esportes, nas matérias, nas aulas da tarde, e ainda se esforçava em diversos trabalhos para conseguir realizar seu sonho.

Missões cruzadas (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora