Caindo na Real [Completo]

Capítulo 12

LINDA

"Ou você morre herói ou vive o

bastante para se tornar vilão!"

- Batman: O Cavaleiro das Trevas

Depois da saída intempestiva de Luke, a dinâmica em meu pequeno grupo de amigos voltou ao normal; Kelly mais animada que uma criança no primeiro dia de férias, Andrew relaxado e nada chato, e eu, resmungona por fora e feliz por ter vindo por dentro.

Mesmo que eu não diga isso com a frequência que deveria, sinto falta de passar mais tempo com eles. Mesmo quando acabo escolhendo fazer outra coisa.

– Obrigada pela noite pessoal – agradeci, quando chegamos à porta da minha casa. Meu pequeno apartamento fica exatamente no meio do caminho para a casa de Kelly e Andrew. Então, quando saímos juntos, eles sempre me trazem em casa.

– Nós deveríamos fazer isso mais vezes – Andrew sugeriu, segurando a minha mão por mais tempo do que eu gostaria. – Por que não vamos ao Prospect Park no fim de semana? Poderíamos aproveitar para devorar todas as delícias do Smorgasburg!

Ah, Smorgasburg! A promessa sedutora de comidas maravilhosas de alguns dos melhores Food Trucks da cidade em um dos parques mais bonitos do Brooklyn. Eu consigo me imaginar sentada em um dos bancos de madeira, devorando um Ramem Burguer e tomando a melhor Pink Lemonade de Nova York. Olhei para Kelly, praticamente implorando para que ela aceitasse o convite, mas ela já havia tomado sua decisão.

– Desculpe, mas eu tenho uma festa de arrasar na Off the Brigde... – ela começou, citando o que provavelmente seria uma longa lista de eventos. Kelly sempre tem alguma coisa programada para o fim de semana. – Então sem chance de eu sair da cama antes das seis da tarde no domingo. Desculpe pessoal.

– Tudo bem por mim, o que acha de irmos só nós dois então? – Andrew insistiu, olhando de modo sugestivo para mim. – Aí nos podemos conversar...

Toda vez que isto acontece eu me amaldiçoo internamente por não ter podado esse tipo de comportamento antes. Andrew sempre mostrou uma leve predileção por mim. No começo eu achei que era bobagem da minha cabeça, apenas uma consequência por termos tantos gostos em comum.

Por isso fiquei quieta. Ninguém quer ser acusada de se comportar como a garota paranoica que pensa que todos estão apaixonados por ela. Escolhi esperar e observar. Mas o que antes eram apenas comportamentos subjetivos se tornaram sinais de perseguição. E agora, eu não faço ideia de como me livrar do Andrew stalker sem perder o Andrew amigo.

– Me dá um tempinho para pensar, tudo bem? – Pedi, batendo a porta atrás de mim. 

Escorreguei até o chão com as costas e o ouvido encostados na porta, respirei fundo três vezes, fechando os olhos com força, na esperança de que aquilo fosse ajudar o mundo a entrar em órbita. Eu não sou o tipo de garota que é assediada por amigos que querem "algo mais", tão pouco do tipo de pessoa bem relacionada que tem o número pessoal de celebridades. Eu sou a garota dos livros, a garota que assiste a filmes do Richard Gere com a avó e cozinha aos domingos. Que gosta de ir a museus, feirinhas de usados e fazer viagens com destinos inesperados.

E, ainda assim, o número de Luke Showalzer está registrado no meu celular (obra de Kelly), e meus amigos discutiam a minha vida amorosa, aos sussurros, do lado de fora da minha casa.

– Você devia dar um refresco para ela sabia? A garota precisa de um espaço para respirar! – O tom raivoso de Kelly me pegou de surpresa. Por mais que nós sempre conversássemos sobre o quanto Andrew me sufoca, ela sempre evita escolher lados, oferecendo comentários neutros e sem graça.