Capítulo 41

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LINDA

"Odeio pontos finais, por isso tenho medo de

dizer certas coisas a você, então eu prefiro

que o ponto final fique apenas nesta frase."

– 10 Coisas que eu Odeio em Você


Enquanto Luke tomava banho em sua suíte, eu observei o estado de caos que havia tomado conta do quarto. Roupas sujas jogadas pelo chão, pontas de cigarro haviam queimado o tapete, garrafas com o conteúdo pela metade e a TV com a tela rachada eram apenas alguns sinais do que Luke passou enquanto esteve trancado aqui.

- Quanto tempo se passou desde o acidente? – Luke perguntou, quando saiu do banheiro enrolado em seu robe. Ele parecia elétrico e seus olhos ainda pareciam distantes, apesar de ele estar mais próximo da superfície agora.

- Quatro dias... Luke, você precisa se acalmar. Não vai ajudar Serena em nada se você aparecer no hospital nesse estado. Sente-se na cama e acalme-se.

Luke obedeceu. Sentou-se, contou até dez em voz alta, como a minha avó faz sempre faz quando eu apronto algo muito grave. Quando terminou ele me encarou e então falou:

- Foi culpa do maldito fotógrafo. Ele estava seguindo Joe, armou para nós no strip club, então se jogou na frente do carro – Luke apertou os joelhos até os nós dos dedos ficarem brancos. – Não sei se quero essa vida para mim, Linda.

- Ora, não diga bobagens. Esse sempre foi o seu sonho. – Peguei uma das mãos de Luke e colocando-a entre as minhas.

- Atuar, ter prestígio pelo meu talento, sim, esses eram os sonhos. Ser perseguido, sabotado e desacreditado? – disse, com o olhar ferido. – Nunca pedi por isso.

- Você não pode deixar que eles ganhem, você não pode desistir. Assim só vai dar a eles o que querem.

- Talvez eu não me importe mais. – Ele se recostou em mim e começou a enrolar uma mexa de meus cabelos em seus dedos.

- Você realmente acha que vale a pena abrir mão de todas as coisas pelas quais você lutou por causa de um bando de esnobes que acham que sabem quem você é?

– Eu não me importava com isso, não até as pessoas que me cercavam serem afetadas por isso.

É óbvio que Luke não está falando apenas do que aconteceu com o Joe. Eu sabia que cedo ou tarde algo parecido com isso surgiria e nós teríamos "a conversa". Esperava que não fosse tão rápido, mas estou preparada.

– Nem sempre vai ser culpa da imprensa, às vezes as pessoas vão ter que confiar em você. Nem todas vão ser idiotas o suficiente para ignorar o resto e acreditar em uma informação que certamente é mentirosa. Coisas ruins acontecem com pessoas boas, independente da profissão que elas escolhem. Não deixe que isso te derrube, ok? – Apertei a perna de Luke com força. - Agora vamos , você tem um lugar onde precisa estar.

Sem precisar de um segundo chamado, ele se pôs de pé e marchou para fora do quarto. Seguindo sempre a alguns passos na minha frente até chegarmos na sala. Quando o grupo de médicos e advogados reunidos por Carson viu que ele saiu do quarto, todos se levantaram e fecharam um círculo a seu redor.

Graças aos céus Jessie entrou no meio e empurrou todos, dando espaço para Luke respirar;

- Saiam todos daqui, imediatamente! – Ela os espantou com facilidade. - Vamos querido. Eu levo vocês para o hospital.

- Er... Jessie, alguma chance de eu ganhar uma carona até o aeroporto depois? – perguntei, sob o olhar curioso de Luke.

– Claro. 

Permanecemos em silêncio durante todo o trajeto até o UCLA Medical Center. Assim que o carro desacelerou, deixei que Luke saísse, então dei um breve aceno, indicando que dali eu seguiria para o aeroporto. Em um último impulso, saí do carro e agarrei Luke pelo ombro.

– Espere.

Guiei ele até um canto menos movimentado, para que pudéssemos conversar longe dos olhos de curiosos. Se é que esse tipo de lugar ainda existe. Com calma, abri minha bolsa de viagem e entreguei uma pasta preta a ele.

– Eu não posso ficar porque estou no meio da semana de exames, nem acho que seja a coisa certa a se fazer agora. Então prometa que você vai ler isso. – Coloquei a pasta na mão de Luke, torcendo pra que ele não percebesse o quanto eu tremia. – Só vou embora se você me disser que consegue ler isso em duas semanas.

É impossível saber se ele ainda se lembra, mas a peça dos meninos do orfanato é daqui a duas semanas. E, se as minhas expectativas estiverem corretas, Luke voltará à Nova York para ver Tim. E se eu tiver um pouco de sorte nós podemos encontrar um tempo para conversar sobre tudo, mas principalmente, para conversar sobre nós dois.

– Sem pegadinhas? Realmente posso ler?

– Cem por cento seguro. Só seja rápido e... mande notícias. – Então me rendi ao impulso de abraçá-lo. Puxei o corpo de Luke com tanta ímpeto que era como se fôssemos um só. – Queria que nada disso tivesse acontecido para que nós pudéssemos conversar melhor.

  – Eu também... –  ele disse baixinho.

– Duas semanas –  repeti quando finalmente me afastei.

–  Duas semanas. 

Caindo na Real [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora